sexta-feira, 22 de novembro
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A glória e a Palavra nos unem a Deus

O que une o Pai ao Filho e também nos une a Eles

Neste artigo, veja como a relação entre o Pai, o Filho e seus discípulos é feita por meio de sua graça manifesta em sua glória e em sua Palavra. Este artigo é um trecho adaptado de nosso novo livro À mesa com Jesus, de Sinclair Ferguson.

 

Cadeias de graça

Há várias cadeias ou elos que unem o Pai ao Filho, o Filho ao Pai, e os discípulos ao Pai e ao Filho. Por exemplo, o Pai ama o Filho, e o Filho ama os discípulos. O Pai envia o Filho, e o Filho envia os discípulos. Mas há duas cadeias que se destacam na oração de Jesus.

A cadeia da glória

A primeira cadeia é a “cadeia da glória”. O Pai é o Pai de infinita glória. O Filho vem ao mundo a fim de glorificar seu Pai. Por sua vez, o Pai dá glória ao Filho (Jo 17.1-5), e o Filho é glorificado pelos discípulos (v. 10). De fato, a glória que o Pai deu ao Filho, ele a dá a todos os seus discípulos (v. 22). Seu maior desejo é que eles o vejam na glória que o Pai lhe deu antes da fundação do mundo (v. 24). Tudo isso é feito pelo Espírito Santo, o outro Auxiliador que Jesus lhes mandaria da parte do Pai: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade… ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso é que vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (16.13-15).

Mas como o Espírito “anuncia” o que é de Cristo? A resposta é a segunda cadeia — a cadeia da Palavra de Deus.

A cadeia da Palavra

Jesus afirmou que parte do papel dos apóstolos (capacitados pelo Espírito) seria dar à igreja aquilo que chamamos de Novo Testamento, o qual abrange o registro do ensino de Jesus, a interpretação desse ensino e a importância de sua atividade futura. O Espírito os faria lembrar- -se dos ensinamentos de Jesus e os ajudaria a entender suas implicações. Como resultado, eles seriam capacitados a escrever os Evangelhos e os demais livros do Novo Testamento (Jo 14.26). Ao longo dos anos descritos em Atos dos Apóstolos, o Espírito os guiaria à verdade acerca de Cristo, capacitando-os a expor “a verdade em Jesus” nas cartas (Jo 16.13; Ef 4.21). Ele também lhes mostraria o que ainda estava por vir (no livro de Apocalipse e em parte das Cartas).

Agora, em sua oração, Jesus coloca essas verdades num contexto maior:

  • Ele fala sobre: As palavras que o Pai deu ao Filho (17.8)
  • Estas são: As palavras que o Filho deu aos apóstolos (v. 8) 
  • Estas são: A palavra que os apóstolos receberam (v. 8)
  • E, por sua vez, esta é: A palavra que os apóstolos guardaram (v. 6)

Consequentemente, eles vieram a conhecer quem Cristo é, a crer nele como o Filho enviado pelo Pai (v. 8) e a ser odiados pelo mundo (v. 14).

Por isso, Jesus:

  • ora para que: A palavra que eles receberam os santifique (v. 17) 
  • e ora também sobre: A palavra que eles pregarem, a fim de que outros venham a crer (v. 20)

Há um paralelo marcante entre a “cadeia da glória” e a “cadeia da palavra”:

  • A glória pertence ao Pai;
  • A glória é dada ao Filho;
  • A glória é dada pelo Filho aos apóstolos;
  • A glória é vista através do ministério dos apóstolos por todos os discípulos.

E isso acontece porque: 

  • A palavra pertence ao Pai;
  • A palavra é dada ao Filho;
  • A palavra é dada pelo Filho aos apóstolos;
  • A palavra é dada por meio dos apóstolos a todos os discípulos.

Ao discutirmos a autoridade do Novo Testamento, costumamos citar “textos famosos”, como 2 Timóteo 3.16-17. Contudo, de certa forma, o que Jesus diz aqui no cenáculo é ainda mais fundamental do que esses textos: a Palavra que recebemos dos apóstolos lhes foi dada pelo Filho por meio do ministério do Espírito Santo. Por sua vez, as palavras de Cristo vieram do Pai Todo-Poderoso!

É por isso que podemos confiar na Palavra pregada pelos apóstolos. É por meio dessas Escrituras inspiradas, iluminadas e aplicadas pelo Espírito que somos guardados, santificados e, um dia, seremos glorificados. Quando lemos essas Escrituras “com o rosto desvendado, contemplando… a glória do Senhor”, “somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem”. Embora o Senhor Jesus não mencione isso em sua oração, seu ensino nesses capítulos deixa claro que isso vem da parte do “Senhor, o Espírito” (2Co 3.18). É para isso que o Novo Testamento serve e é esse o objetivo maior de nosso estudo de João 13–17: sermos transformados à imagem do Senhor. Então, mergulhemos em sua Palavra a fim de que, quando emergirmos, reflitamos, de forma mais clara e completa, a glória de Deus!


Autor: Sinclair Ferguson

Dr. Sinclair B. Ferguson é professor de teologia sistemática no Seminário Redeemer em Dallas, TX, EUA. É reitor do curso de Doutorado em Ministério na Academia Ligonier, e professor no Ministério Ligonier.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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