Este artigo faz parte da série Versículos-chave
Todas as seções de comentários adaptadas da Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância, Editora Fiel.
1. Efésios 5.22–27
As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio ida lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.
A submissão da esposa cristã é o chamado à aceitação agradecida do cuidado e da liderança de seu marido. (como ao Senhor. Ver v. 24.)
Paulo faz uma referência do marido como cabeça da mulher, assim como Cristo é cabeça da igreja. Em outras passagens sobre o ofício de Cristo como Cabeça, Paulo fala da maneira como Cristo governa o universo e a Igreja (1.22), servindo como a fonte de saúde e crescimento do corpo em direção à maturidade (4.14-16).
É especialmente em seu papel como Salvador que Cristo serve como modelo de esposo (vv. 25-27).
A Igreja como o corpo de Cristo — ele mesmo habita na Igreja (vv. 28-30) e governa-a.
A sujeição da Igreja a Cristo é uma ordem revelada e celestial, e não uma ordem natural. Os discípulos de Cristo eram seus amigos, não apenas servos, e ele morreu por seus amigos (Jo 15.12-15; cf. Lc 22.25-27).
A ênfase na passagem não é a autoridade do marido para governar, mas a sua responsabilidade de amar.
Em nenhuma outra passagem do Novo Testamento o amor abnegado de Cristo é aplicado mais diretamente a um relacionamento específico como padrão a ser imitado (cf. v. 2). Cristo não renunciou à sua autoridade real, nem se tornou sujeito à Igreja quando “a si mesmo se entregou por ela”, mas sua autoridade foi expressa por meio de seu sacrifício, especialmente porque isso realizou a redenção e a vitória sobre Satanás.
Nos versículos 5.26, 27 Paulo resume todo o processo com o qual Cristo se comprometeu em seu relacionamento com a Igreja. Ele a lavou do pecado e está preparando-a para um destino glorioso consigo. Os maridos são chamados, de modo semelhante, a adaptar sua vida às necessidades de sua mulher e prover os meios para o crescimento e o desenvolvimento espiritual dela.
2. Gênesis 2.18
Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.
A dádiva da primeira esposa apresenta o matrimônio antes da Queda e, assim, provê o fundamento para as leis contra o adultério (Êx 20.14; Hb 13.4); um modelo para o matrimônio; a base para o governo no lar e na igreja (1Co 11.3-12; 1Tm 2.12, 13); e um tipo de relacionamento de Cristo com sua Igreja (Ef 5.22-32). O foco em 1.26-27 é sobre suas distinções de gênero como macho e fêmea. Aqui, o foco é sobre seu relacionamento social como esposo e esposa.
O homem necessita de companheirismo sobre a terra: “não é bom que o homem esteja só”. No AT, até mesmo a pessoa mais santa, o sumo sacerdote, se casa (Lv 21.13); e o nazireu, singularmente separado para Deus, não é celibatário (Nm 6.1-4). A abstenção do casamento legítimo nunca é ordenada na Escritura (cf. 1Tm 4.3), embora a alguns seja dado o dom do celibato para o serviço (1Co 7.7).
O homem é formado primeiro, dando-lhe prioridade social, e a mulher lhe é dada depois, como auxiliadora (1Co 11.3-12; 1Tm 2.10). A palavra “auxiliadora” implica a inadequação do homem, e não a inferioridade da mulher, pois o termo é usado, com frequência, para se referir a Deus.
A expressão “que lhe seja idônea” assume uma relação complementar; o que falta a ele, ela supre, e vice-versa. Ambos partilham da imagem de Deus (1.26, 27).
3. Marcos 10.11
E ele lhes disse: Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela.
“Quem repudiar” é um mandamento básico sobre a inviolabilidade do matrimônio. Entretanto, aqui Jesus especifica uma base válida para o divórcio: a infidelidade conjugal (Mt 5.32; 19.9). Paulo dá outras bases (1Co 7.12-16).
4. Colossenses 3.18
Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor.
Jesus dá vida a uma nova comunidade de amor: a Igreja, seu próprio corpo. Seu amor
também define o relacionamento conjugal para seu povo. Paulo ensina que os gêneros são complementares, e que um homem e uma mulher são iguais diante de Deus. Mas, no casamento, Deus chamou o marido para exercer a liderança. Essa liderança não é absoluta, porque o marido não deve ser seguido quando pede à sua mulher que cometa pecado. Entretanto, o papel de liderança do marido lhe dá a iniciativa para guiar sua família no glorificar a Deus, ao que sua mulher responde. O entendimento de Paulo está alicerçado na ordem da Criação (1Co 11.8, 9; 1Tm 2.13), e ele leva em conta os efeitos permanentes da Queda, inclusive entre os cristãos (1Tm 2.14). A redenção em Cristo restaura a intimidade que homens e mulheres foram criados para desfrutar no casamento.
5. 1 Pedro 3.7
porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.
O sofrimento injusto está dentro da providência de Deus, sendo para o bem de seus filhos e para sua própria glória (1.6, 7; 4.19).
6. Hebreus 13.4
Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.
Uma segunda indicação de que a impureza sexual pode tentar os leitores (12.16). O antídoto para a imoralidade não é autonegação ascética, mas uma apreciação correta da honra que Deus outorgou ao relacionamento conjugal (Ef 5.22-33; 1Co 7.3-5).
7. Eclesiastes 4.9–10
Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante.
Esses versículos dão prosseguimento ao tema da comunidade, mas com base na perspectiva dos benefícios que a comunidade oferece.
O companheirismo, em vez do isolamento, é mais benéfico. O companheirismo beneficia aqueles que se encontram necessitados.
8. Genesis 2.23–24
E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.
O primeiro poema do homem, sua única afirmação registrada antes da Queda, celebra sua afinidade e seu companheirismo com ele. Seu duplo ato de dar-lhe nome acarreta autoridade no lar (3.20; cf. Nm 30.6-8). Nos tempos antigos, a autoridade de dar nome costumava implicar autoridade para governar (v. 19; cf. 1.5 e notas).
No matrimônio, as prioridades do homem mudam. As obrigações para com sua esposa assumem precedência.
Essa é a linguagem do compromisso pactual: “e se une”. Os humanos nunca são como o Deus fiel à aliança mais do que quando eles mesmos comprometem-se em aliança um com o outro. O matrimônio retrata a relação de Deus com seu povo (Os 2.14-23; Ef 5.22-32). Uma frase apropriada à profunda solidariedade da relação matrimonial: “uma só carne”. O singular e pleno comprometimento envolvido indica que Deus, desde o princípio, tencionava que o matrimônio fosse monógamo.
9. Isaías 62.5
Porque, como o jovem desposa a donzela, assim teus filhos te desposarão a ti; como o noivo se alegra da noiva, assim de ti se alegrará o teu Deus.
O Senhor não redime seu povo de forma relutante ou sob obrigação. O Senhor se deleita em fazer isso porque se regozija neles (Sf 3.17).
10. 1 Coríntios 7.1–5
Quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não toque em mulher; mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido. O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher. Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência.
Muito possivelmente a afirmação “é bom que o homem não toque em mulher” era usada por um grupo ascético entre os coríntios. Cristãos que não somente condenavam promiscuidade sexual (corretamente), mas que também argumentava (erroneamente) que os cristãos devem evitar o casamento e abster-se de relações sexuais no matrimônio. O apóstolo tinha de ser cuidadoso, para que seu ensino não fosse distorcido numa direção ou noutra. Paulo não se limita a negar o lema; ele também se opõe à imoralidade sexual e reconhece algum valor em permanecer não casado (vv. 7, 8). Ele pode dar razões específicas e válidas que explicam por que um cristão decide permanecer solteiro (vv. 29-35). Mas tem de corrigir aqueles que exigem o celibato em contextos distintos. Paulo fala do casamento apenas em termos positivos (p. ex., Ef 5.22-33; 1Tm 3.2) e condena aqueles que o proíbem (1Tm 4.3).
Os versículos 7.3-5 são notáveis porque revelam pontos de vista que parecem estar muito além de seu tempo: uma percepção saudável da sexualidade da mulher e um entendimento da igualdade completa entre um homem e uma mulher na área mais íntima de seu relacionamento. A Escritura não dá nenhum apoio à noção de que relações sexuais são unicamente direcionadas e para o gozo do marido. O apóstolo permite a abstenção temporária de sexo (de maneira semelhante a jejuar; v. 5), mas não permite a abstenção sexual procrastinada. A união sexual é uma parte esperada do casamento, não somente um deleite, mas também uma dívida para com o marido ou a mulher.
Selecionamos algumas literaturas nas quais você poderá se aprofundar no tema:
Box: Fortalecendo o seu casamento do “Sim” ao “Para Sempre”, de Dave Harvey, Editora Fiel
Quando pecadores dizem sim, de Dave Harvey, Editora Fiel