domingo, 17 de novembro
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10 versículos-chave da Bíblia sobre Discipulado

Este artigo faz parte da série Versículos-chave

Todas as seções de comentários adaptadas da Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância, Editora Fiel.

 

1. Efésios 5.22–27

Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão e jamais fomos escravos de alguém; como dizes tu: Sereis livres? Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado. O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não está em vós. Eu falo das coisas que vi junto de meu Pai; vós, porém, fazeis o que vistes em vosso pai.

Cristo é a verdade (14.6). Cristo conduz à verdade que liberta uma pessoa da servidão ao pecado. Não se obtém a salvação por mero conhecimento intelectual, como os gnósticos imaginavam, mas pela relação vital com Jesus Cristo e pelo comprometimento com a verdade que ele revelou (18.37).

Embora digam jamais fomos escravos de alguém (8.33), os judeus foram escravizados no Egito e, mais tarde, foram dominados pelos filisteus, assírios, entre outros. Visto que dificilmente podem negar isso, é provável que estivessem dizendo que sempre foram uma nação sujeita a Deus, desde o Êxodo, não importava o que mais lhes acontecesse. Também é possível que estivessem falando do tempo dos romanos, quando desfrutavam certas liberdades, inclusive o reconhecimento oficial como uma religião.

Jesus descreve a gravidade do pecado e a condição da humanidade sob o pecado (8.34). Seus ouvintes não entenderam a liberdade que ele lhes oferecia, assim como não entenderam a escravidão em que viviam.

Se o Filho vos libertar (8.36) serão livres. A regeneração (o novo nascimento) é a obra do Espírito Santo (3.3-8), realizada com base na morte e na ressurreição de Cristo em nosso favor (3.14-16).

Quando Jesus diz: “verdadeiramente sereis livres” não está falando de liberdade política, nem meramente de uma liberdade pela qual somos liberados da escravidão física. A verdadeira liberdade é servir a Deus, cumprir os propósitos daqueles que são especialmente criados à imagem de Deus. O pecado nos priva desse cumprimento, porque anuvia nossas mentes, degrada nossos sentimentos e escraviza nossas vontades. Essa escravidão a pecado é o que os reformadores chamaram “depravação total”; seu único remédio é a graça de Deus no renascimento espiritual (3.3).

Quando Deus diz: “descendência de Abraão” (8.37) está interessado na descendência espiritual, e não na ancestralidade física. Não importa quão bons têm sido os ancestrais de uma pessoa quando ela caminha na vereda da desobediência (Ez 18). Da mesma forma, não importa quão maus têm sido os ancestrais de uma pessoa quando ela é renascida pelo Espírito de Deus e trilha o caminho da fé (Rm 4.9-12; Gl 3.29; 4.21-31).

 

2. Mateus 28.16–20

Seguiram os onze discípulos para a Galileia, para o monte que Jesus lhes designara. E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias raté à consumação do século.

Como as mulheres experimentaram, respectivamente, “medo e grande alegria” quando levaram o anúncio dos anjos de que Jesus havia ressuscitado, alguns dos onze discípulos responderam à sua aparição, inesperada, porém inegável, com dúvida (cf. Lc 24.11, 22, 23, 36-41). A reação inicial de incredulidade (28.17) da parte dos que se tornarão ousadas testemunhas oculares da ressurreição de Jesus mostra que as provas são completamente convincentes (At 1.3), esmagando toda suspeita.

O Filho do Homem compareceu diante do Ancião de Dias e recebeu eterno domínio sobre todos “os povos, nações e… línguas” (Dn 7.13, 14). O último estágio da história já começou, como logo será contemplado e ouvido quando Jesus derramar o Espírito Santo de seu trono celestial (At 2.32, 33; 26.64, nota). Ele não será completado até que Cristo venha outra vez em glória (Ap 1.7) e mostrar que tem “toda a autoridade” (28.18).

A Grande Comissão: “Ide, portanto” (28.19), é dada sob a autoridade mediadora de Cristo. Visto que o domínio de Cristo é universal, o evangelho deve espalhar-se pelo mundo inteiro. Esse mandamento constitui a razão primária para o evangelismo e as missões.
Como indicam os verbos “batizando” e “ensinando”, o processo de fazer discípulos inclui, respectivamente, o evangelismo dos incrédulos — quando são chamados ao arrependimento e à fé, bem como à submissão ao batismo, o sinal de inclusão na nova aliança — e a instrução dos crentes em uma vida conformada aos mandamentos de Jesus, em resposta à sua graça salvífica.

A mesma palavra grega para “nações” costuma ser traduzida por “gentios”. A grande promessa de que, em Abraão, todas as nações serão abençoadas (Gn 12.3) está em processo de se cumprir de se cumprir (Mt 1.1; 11.8).

Os que se tornam discípulos são batizados em (literalmente, “para”) nome do Deus trino. Há um só nome (não “nomes”) e um só batismo: Pai, Filho e Espírito são três pessoas distintas na Deidade, e as três constituem um só Deus. Os discípulos são batizados nesse nome, porque pertencem a Deus, tendo sido introduzidos na nova aliança, que expressa a vontade do Deus trino. Ver nota teológica “Os Sacramentos”.

Os discípulos não são apenas ensinados a crer, mas também a obedecer. Jesus ensinava a santidade prática, como Mateus mostra no Sermão do Monte (caps. 5-7), na instrução sobre os relacionamentos entre os crentes (cap. 18) e em outros lugares.

Em seu nascimento, Jesus foi chamado Emanuel (“Deus conosco”) e, agora, ele promete estar com seus discípulos até a consumação do século “estou convosco todos os dias”, assim como o Senhor prometera sua presença a figuras do AT, tais como Jacó (Gn 28.15) e Josué (Js 1.5-9), e a Israel como um todo (Is 43.5). Ele está com eles especificamente na responsabilidade de ensinar sua vontade ao mundo. até à consumação do século. Como a promessa da presença de Cristo se estende além da vida terrena dos apóstolos, a comissão de fazer discípulos, inicialmente dirigida aos Onze, agora é confiada à igreja, a qual está fundada na confissão dos apóstolos (16.16-18).

 

3. 2 Timóteo 2.1–2

Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos apara instruir a outros.

A afirmação “muitas testemunhas” (2.2) pode referir-se à ordenação de Timóteo por meio da imposição de mãos de Paulo e de um grupo de presbíteros (1.6; 1Tm 1.18; 4.14). Homens fiéis e também idôneos para instruir a outros. Talvez bispos (supervisores), ou seja, presbíteros (1Tm 3.1, nota; 5.17; cf. Tt 1.7, nota).

 

4. Lucas 9.23–24

Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.

Cruz, “tomar a sua cruz” (23-25), não significa meramente a circunstância de uma vida difícil a ser suportada. Os que haviam testemunhado as crucificações romanas sabiam que levar a cruz significava renunciar à ambição egoísta e a todo o direito de controlar o próprio destino. A cruz é morte para toda forma de vida.

 

5. João 13.34–35

Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.

13.34 Um novo mandamento. Não há nada novo sobre o mandamento de amar, visto que Levítico 19.18 ensina o povo de Deus a “amar teu próximo como a ti mesmo”. O elemento novo é a mudança de “próximo” para “uns aos outros” e a mudança de “como a ti mesmo” para “como vos tenho amado”. O amor cristão tem o amor sacrificial de Cristo como modelo, e a comunidade dos crentes, como o lugar primário (ainda que de modo algum exclusivo) no qual é expresso (cf. Mt 25.40; Gl 6.10; Ef 5.25).

 

6. Atos 1.8

Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.

Jesus também descreveu isso como um evento em que eles seriam “revestidos” de poder do alto (Lc 24.49). O poder do Espírito é manifestado não somente nos milagres, mas também na ousadia do crentes para falar sobre o evangelho (At 3.12; 4.7, 33).

O Espírito Santo mostrará sua presença e seu poder na vida dos discípulos: “descer sobre vós o Espírito Santo” com manifestações visíveis e audíveis: o soprar de um vento muito forte, o aparecimento de línguas de fogo e o falar em línguas estrangeiras, numa expansão do dom profético para todo o povo de Deus, conforme predito em Joel 2.28-32 (At 2).

As palavras de Jesus predizem a expansão geográfica da Igreja narrada
no livro de Atos. O testemunho em Jerusalém (cap. 2) apresenta, em miniatura, ministério mundial de Deus: “judeus… de todas as nações” (2.5) e gentios “prosélitos” (2.11) que ouvem e creem levam a mensagem para lugares distantes. No restante do livro de Atos, o evangelho se propaga em toda a Jerusalém (3.1–8.1); depois, na Judeia e Samaria, incluindo Antioquia da Síria (8.1–12.25); e, finalmente, até aos confins da terra (13.28.31). Lembre-se de que Atos 1.8 é um esboço de todo o livro.

 

7. Romanos 10.14–17

Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.

Essa afirmação “aquele que” (10.14) dá a entender que, para Paulo, Cristo mesmo é o verdadeiro pregador do evangelho, cuja voz chama seus eleitos por meio da proclamação do evangelho feita por seus servos (cf. Ef 2.17; Jo 10.16). O ministério de pregar Cristo, portanto, reveste-se de grande honra; por isso, a citação de Isaías 52.7 (2Co 5.18-20).

 

8. João 15.16–17

Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.

Quando Jesus diz “Não fostes vós que me escolhestes… eu vos escolhi “(15.16), Jesus não quer dizer que seus discípulos não exerceram vontade própria; eles decidiram, sim, segui-lo. Antes, ele está declarando que a primeira iniciativa, a escolha original e salvífica, procede dele (Mc 1.17; 2.14). Se ele não os tivesse escolhido, eles não o teriam escolhido. O chamado de Jesus para o serviço na função de apóstolos incluiu até mesmo Judas, o traidor (6.70); aqui, porém, a escolha de que ele fala é a eleição para a salvação (13.18; Ef 1.4, 11), visto que seu resultado é a produção de frutos que permanecem (15.2, nota).

“Vos designei”. Isso enfatiza igualmente a soberana atividade de Deus, exercida sem violação ao ato humano de decisão. O verbo “vades” caracteriza a diretriz do serviço cristão, como em Mateus 28.19 e Atos 1.8. A figura “fruto” refere-se à santificação individual (Gl 5.22, 23) e à eficiência no evangelismo (Mt 13.3-8; Rm 1.13). A característica distintiva do serviço cristão é que os resultados (“e o vosso fruto permaneça”) tenham significação eterna. A oração eficiente “tudo quanto pedirdes… ele vo-lo conceda” é acompanhada por obediência e identificação com a vontade de Deus (v. 7; 14.13, nota; Sl 66.18).

 

9. Colossenses 1.28–29

O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim.

A morte de Cristo na carne significa que a reconciliação que Deus realizou não é meramente uma questão de pacificação universal de poderes hostis e de colocar o universo em ordem, sob a autoridade do ressurreto Filho de Deus (cf Cl 1.22). Ela traz consigo a renovação pessoal e a purificação daqueles que assimilam e abraçam o evangelho (2.13; Rm 5.6-11; Ef 2.4-10).

O padrão que Deus exige de seu povo é seu próprio caráter perfeito (cf. Mt 5.48 “sede perfeitos”). A perfeição de Deus inclui o amor de graça benevolente (v. 45). Embora nesta vida não possamos alcançar tamanha perfeição, esse é o alvo perseguido por todos os que se fazem filhos do Pai (Fp 3.12, 13).

 

10. Hebreus 3.12–14

Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do e Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos.

Em 3.12, 13 o autor se dirige aos leitores para falar da confissão de fé deles (v. 1) chamando-os “irmãos”, mas também reconhece que alguns dentro da comunhão cristã podem ter um “perverso coração de incredulidade” e talvez não sejam verdadeiros cristãos (cf. 12.15-17). Cristo salva completamente aqueles que chegam a Deus por meio dele (7.25), mas os cristãos devem guardar sua própria perseverança e a dos outros através do encorajamento uns dos outros (10.24, 25), como o autor faz em toda essa epístola (13.22).

O coração de incredulidade (3.12), ou seja, um coração semelhante ao de “vossos pais” (v. 9), que os impediu de entrar no descanso de Deus (v. 19).

O pecado, o engano do pecado, promove a ilusão de que a desobediência é mais segura (Êx 17.3) ou prazerosa (11.25-26; Êx 16.3) do que a peregrinação de fé.
O grego pode ser entendido como significando que somos participantes com Cristo, que somos seus companheiros (1.9) que desfrutam vida nova com ele. É também possível traduzir o grego como “compartilhamos de Cristo”, indicando que ele é o benefício do qual desfrutamos por nossa união íntima com ele.

O versículo “guardarmos firme… a confiança” é um discernimento importante sobre a doutrina da perseverança dos santos. O autor afirma que “nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até o fim, a confiança que, desde o “princípio, tivemos”. Em outras palavras, a perseverança é o sinal de que uma pessoa recebeu verdadeiramente Cristo como Salvador e Senhor. Aqueles que não perseveram nunca estiveram verdadeiramente em Cristo. Poderíamos refazer o versículo para atribuir o mesmo significado: “Nunca participamos de Cristo se não guardarmos firme, até o fim, nossa confiança original”.


Autor: Editorial online do Ministério Fiel

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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