As Escrituras insistem em abordar o tema da importância do ensino bíblico. Nesse artigo separamos textos bíblicos com seus comentários para nos recordarmos de transmitir a Verdade com zelo e intencionalidade. Todas as seções de comentários são adaptadas da Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância, Editora Fiel.
2 Timóteo 4.1–4
Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.
Aqui Paulo leva à conclusão o apelo a Timóteo iniciado em 1.6.
Paulo menciona testemunhas – perante Deus – para imprimir em Timóteo a suprema seriedade do encargo, assim como, em outras passagens, ele invoca a Deus como testemunha para enfatizar a veracidade de suas afirmações (Rm 1.9; 9.1; 2Co 1.23; Fp 1.8; 1Ts 2.5).
Quanto a Cristo como juiz de todos, ver v. 8; Mateus 25.31-46; João 5.22, 27; Atos 10.42.
“Sua manifestação” é referente à segunda vinda de Cristo (cf. v. 8; 1Tm 6.14; Tt 2.13).
Toda a Palavra de Deus, com ênfase no evangelho (cf. 2.15).
“Quer seja oportuno, quer não” em cada situação, boa ou má, a Palavra de Deus deve ser proclamada.
Quanto à sã doutrina, ver nota em 1.13.
“Cercar-se-ão” é provavelmente uma referência a alguns associados à igreja.
Algumas pessoas têm fascínio incessante por tudo – coceira nos ouvidos –, exceto pela verdade. Elas procuram e atraem os falsos mestres para si mesmas.
Quanto à fábulas, ver nota em 1 Timóteo 1.4.
Romanos 12.4–8
Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, 6tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo; ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria.
Como em 1 Coríntios 12, Paulo faz uso da analogia do corpo e de suas várias partes para ilustrar a natureza da Igreja. Ele enfatiza a unidade (v. 5) e a diversidade da Igreja (v. 6), bem como a necessidade de reconhecer os dons pessoais e usá-los diligente e adequadamente em serviço dos outros (vv. 6-8).
Gálatas 6.6
Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui.
Embora Paulo nem sempre reforçasse esse direito de receber apoio financeiro daqueles que são instruídos, argumentava que é apropriado que “os que pregam o evangelho (…) vivam do evangelho” (1Co 9.3-14).
Colossenses 3.16
Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.
Porque os crentes estão unidos a Cristo (3.3, nota), não somente a “palavra de Cristo”, mas também o próprio Cristo, vive no coração deles (Gl 2.20; Ef 3.17; cf. Rm 8.9). Com a sabedoria de Deus presente dessa maneira (3.3; cf. 1Co 1.30), as exigências éticas do amor cristão podem ser vivenciadas em cada parte da vida, incluindo as responsabilidades diárias, que são revistas em 3.18–4.6.
A primeira metade deste versículo é uma reminiscência de 1.28.
No ministério dos colossenses uns para os outros, a palavra de Cristo será tão eficiente quanto a presença do próprio apóstolo.
Na Septuaginta, os três substantivos – salmos, e hinos, e cânticos espirituais – usados nesta frase são frequentemente sinônimos. É improvável que, em Colossenses, eles designem três tipos distintos de canção (Ef 5.19). Ver artigo “Adoração”, na p. 2383.
2 Timóteo 2.15
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
“A palavra da verdade” ou seja, todo o conselho de Deus, com ênfase no evangelho (2.8, 9; 4.2).
Tiago 3.1
Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo.
Tiago faz uma advertência solene sobre a responsabilidade dos mestres.
Os mestres exercem influência sobre os alunos crédulos, um relacionamento que torna os discípulos vulneráveis a erros sérios. O mestre é estritamente responsável pelo que ensina. Esse juízo severo deve restringir os mestres de palavras descuidadas. A língua do mestre pode ser um perigo devastador.
A Igreja primitiva considerava muito importante o ofício de mestre (Mt 5.19; 18.6; cf. Rm 14.10-12).
Mateus 28.19–20
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.
A Grande Comissão é dada sob a autoridade mediadora de Cristo. Visto que o domínio de Cristo é universal, o evangelho deve espalhar-se pelo mundo inteiro. Esse mandamento constitui a razão primária para o evangelismo e as missões.
fazei discípulos. Como indicam os verbos “batizando” e “ensinando”, o processo de fazer discípulos inclui, respectivamente, o evangelismo dos incrédulos — quando são chamados ao arrependimento e à fé, bem como à submissão ao batismo, o sinal de inclusão na nova aliança — e a instrução dos crentes em uma vida conformada aos mandamentos de Jesus, em resposta à sua graça salvífica.
A mesma palavra grega usada aqui como nações costuma ser traduzida por “gentios”. A grande promessa de que, em Abraão, todas as nações serão abençoadas (Gn 12.3) está em processo de se cumprir de se cumprir (Mt 1.1; 11.8).
Os que se tornam discípulos são batizados em (literalmente, “para”) nome do Deus trino. Há um só nome (não “nomes”) e um só batismo: Pai, Filho e Espírito são três pessoas distintas na Deidade, e as três constituem um só Deus. Os discípulos são batizados nesse nome, porque pertencem a Deus, tendo sido introduzidos na nova aliança, que expressa a vontade do Deus trino. Ver nota teológica “Os Sacramentos”.
OS discípulos não são apenas ensinados a crer, mas também a obedecer – “ensinando-os a guardar”. Jesus ensinava a santidade prática, como Mateus mostra no Sermão do Monte (caps. 5-7), na instrução sobre os relacionamentos entre os crentes (cap. 18) e em outros lugares.
Em seu nascimento, Jesus foi chamado Emanuel (“Deus conosco”) e, agora, ele promete estar com seus discípulos até a consumação do século, assim como o Senhor prometera sua presença a figuras do AT, tais como Jacó (Gn 28.15) e Josué (Js 1.5-9), e a Israel como um todo (Is 43.5). Ele está com eles especificamente na responsabilidade de ensinar sua vontade ao mundo.
Como a promessa da presença de Cristo se estende além da vida terrena dos apóstolos, a comissão de fazer discípulos, inicialmente dirigida aos Onze, agora é confiada à igreja, a qual está fundada na confissão dos apóstolos (16.16-18).
2 Timóteo 2.1–2
Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.
Referente a “Filho meu” ver nota em 1.2.
A afirmação “muitas testemunhas” pode referir-se à ordenação de Timóteo por meio da imposição de mãos de Paulo e de um grupo de presbíteros (1.6; 1Tm 1.18; 4.14).
Os h’omens fiéis e também idôneos para instruir a outros” talvez bispos (supervisores), ou seja, presbíteros (1Tm 3.1, nota; 5.17; cf. Tt 1.7, nota).
Deuteronômio 6.4–7
Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração.
Com frequência chamado o Shemá – Ouve, Israel –, da palavra hebraica inicial que significa “ouvir”, esse versículo constituía a grande confissão da fé monoteísta de Israel e, até hoje, é recitado pelos judeus pela manhã e à tarde (cf. Mc 12.29). Ver nota em 5.1.
“O Senhor… é o único Senhor” ainda que o hebraico possa ser traduzido de diversas maneiras (ver nota do texto), deve-se entender o versículo como uma afirmação tanto da unicidade como da unidade ou singularidade de Deus — o único Deus é “uno” (Mc 12.29). Todavia, como o AT ensina implicitamente e o NT, explicitamente, há uma diferenciação de pessoas dentro da unidade da Deidade. Ver nota teológica “A Triunidade de Deus”, na p. 1204.
“De toda a tua força” no hebraico expressa totalidade. Por essa razão, algumas vezes o NT traduz como “mente e força” (Mc 12.30). Essa é a linguagem de devoção. Deus não exige mera obediência externa aos seus mandamentos, mas também amor profundo e compromisso pleno da pessoa inteira (Pv 23.26).
Tito 2.1–8
Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. 2Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na constância. Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada. Quanto aos moços, de igual modo, exorta-os para que, em todas as coisas, sejam criteriosos. Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito.
“Servo de Deus” ou “escravo de Deus”, alguém que pertence ou que serve a Deus (Rm 1.1; Fp 1.1).
Um “apóstolo de Jesus Cristo” é um homem enviado como testemunha ocular do Cristo ressurreto e como seu representante oficial (2Co 1.1, nota; 1Tm 1.1, nota).
para promover a fé… piedade. O alvo do apostolado de Paulo é a fé em Cristo, que é fundamentada em conhecimento e leva ao viver piedoso por parte dos eleitos de Deus (ver Rm 1.5). Paulo não quer apenas transmitir informação, mas ver o povo de Deus crescendo em piedade ao receber com fé a verdade que ele proclama. Paulo comenta que a manifestação da graça de Deus em Cristo educa os crentes a renunciarem às paixões más e a viverem em santidade (2.11-12), dedicados às boas obras (3.4-8).
eleitos de Deus. Aqueles que Deus escolheu para crer em Cristo (cf. Jo 15.16; 1 Co 1.26-31; 2Tm 2.10).
1.2 na esperança da vida eterna. As bênçãos garantidas por Cristo que o crente experimenta em parte no presente e em plenitude no retorno de Cristo (1Tm 1.1, 16, nota; 2Tm 1.1).
que não pode mentir. Uma afirmação da plena confiabilidade de Deus (Nm 23.19). Sua Palavra (v. 3) é, portanto, totalmente digna de confiança.
prometeu antes dos tempos eternos. Afirmação da natureza eterna do decreto divino de redenção por meio de Cristo (2Tm 1.9).
1.3 Deus, nosso Salvador. Como autor da aliança de graça, Deus é Salvador (2.10; 3.4; 1Tm 1.1;
2.3; 4.10).
1.4 Tito. Tito era um crente gentio (Gl 2.1-3). Se a Epístola aos Gálatas foi escrita antes do Concílio relatado em Atos 15 (ver Introdução a Gálatas: Data e Circunstâncias), a conversão de Tito foi fruto do ministério de Paulo e Barnabé em Antioquia da Síria (At 11.19-30). Enquanto ministrava em Éfeso, Paulo enviou Tito a Corinto numa missão delicada, levando a carta de repreensão que Paulo escrevera em lágrimas, para buscar reconciliação com aquela igreja (2Co 2.1-4, 13; 7.6-9). Paulo confiou em Tito para coordenar a coleta das igrejas gentílicas para o alívio dos crentes da Judeia (2Co 8.16, 23; 12.18). Embora Paulo dirija essa carta especificamente a Tito, tenciona que seja lida para toda a Igreja (3.15, nota).
verdadeiro filho. Literalmente, “filho legítimo” (1Tm 1.2). Isso provavelmente indica que Tito era um dos convertidos de Paulo.
graça e paz. Ver nota em 1 Timóteo 1.2. Para Paulo, essas duas bênçãos resumem as bênçãos que Cristo garante para seu povo.
Cristo Jesus, nosso Salvador. Como Mediador da aliança de graça, Cristo é Salvador (2.13; 3.6; 2Tm 1.10). Nessa carta, Paulo usa o título “Salvador” de modo intercambiável para se referir a Deus e a Cristo (v. 3, nota), refletindo a crença do apóstolo na deidade de Cristo (2.13).
1.5-9 Paulo avança para o corpo da carta. A intenção de Paulo é instruir Tito sobre como agir na qualidade de representante de Paulo em Creta (Introdução: Data e Circunstâncias). Ele começa por discutir a organização da Igreja.
1.5 te deixei em Creta. Uma ilha no Mediterrâneo Oriental, ao sul do mar Egeu. O navio no qual Paulo foi transportado para Roma (em resposta ao seu apelo ao imperador) entrou brevemente num pequeno porto na costa sulina de Creta, chamado Bons Portos (At 27.7-12). É improvável, porém, que essa parada breve seja o pano de fundo da epístola, por duas razões: (1) a tarefa entregue a Tito, depois da partida de Paulo, pressupõe e segue o ministério evangelístico do apóstolo em Creta; (2) quando Paulo escreve, está livre para viajar e espera passar o inverno em Nicópolis, uma cidade no oeste da Grécia (3.12).
O ministério de Paulo e Tito em Creta aconteceu provavelmente depois de sua libertação da primeira prisão em Roma (ver Introdução: Data e Circunstâncias).
pusesses em ordem as coisas restantes. Como o restante do versículo deixa claro, o que fora deixado inacabado eram os detalhes pertinentes à organização das igrejas recém-estabelecidas.
presbíteros. Um grupo de homens encarregados da supervisão espiritual e da liderança de uma igreja local (At 14.23; 20.17; 1Tm 5.17). Como o v. 7 deixa claro, Paulo usou essa palavra de modo intercambiável com “bispo”. Paulo apresenta as qualificações para bispos em palavras semelhantes, mas com algumas diferenças, em 1 Timóteo 3.2-7. Paulo não tenciona que a lista seja completa; tenciona apenas indicar o tipo de caráter que devem possuir aqueles que são qualificados para servir como líderes de igreja.
1.6 marido de uma só mulher. Talvez uma referência à fidelidade conjugal (1Tm 3.2, nota).
1.7 o bispo. A mudança casual de “presbítero” para “bispo” mostra que Paulo entende os dois termos como referentes ao mesmo ofício: “presbítero” sugerindo o caráter do indivíduo (maturidade espiritual) e “bispo” sugerindo a tarefa (At 20.17, 28).
despenseiro de Deus. Despenseiros eram escravos (ver v. 1) que tinham autoridade para administrar os bens de seus senhores e, por isso, prestavam contas a seus senhores pela preservação e a expansão das propriedades deles (Lc 16.1-3). Aqui, Paulo estende a metáfora que aplicara anteriormente a seu próprio ministério (1Co 4.1-2) à responsabilidade de todos os presbíteros (quanto ao mesmo encargo expresso por uma metáfora de pastoreio, ver At 20.28).
cobiçoso de torpe ganância. Um intenso desejo por obter riqueza não deve ser o motivo que impele um homem à liderança de igreja (v. 11; cf. 1Tm 6.5, 10). Mas isso não quer dizer que os líderes de igreja devam viver na pobreza, pois Paulo requer a remuneração de certos líderes de igreja (1Tm 5.17).
1.8 sóbrio. Ou sensível e sensato. A exigência de autocontrole é a principal ênfase da epístola (2.2, 4-6, 12).
Este artigo faz parte da série Versículos-chave.
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