domingo, 13 de outubro
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Segurança nas redes sociais e na tecnologia

Expectativas e supervisão

Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. (Pv 3.5-7)

Uma das muitas dificuldades da adolescência é que a maioria dos adolescentes é “sábio aos seus próprios olhos”. Eles acreditam saber o que é melhor para sua vida e que as coisas não são tão ruins ou erradas quanto seus pais podem pensar. Então, deixam de se desviar do mal e embarcam tolamente, muitas vezes completamente inconscientes das consequências que podem se seguir.

Ricardo era um garoto de 13 anos que foi pego colando em uma tarefa escolar. Quando ele chegou em casa, seus pais o estavam esperando, armados com um sermão e castigos para aplicar. Irritado e chateado, Ricardo correu para seu quarto, foi até sua conta em uma rede social e deixou escapar uma postagem que dizia: “Odeio minha vida — eu só quero morrer”. Trinta minutos depois, Ricardo estava fazendo a lição de casa quando alguém bateu à porta da casa. Sua mãe foi abrir, e lá estavam dois policiais e uma ambulância. Eles estavam respondendo a uma chamada urgente feita pelos pais de um dos colegas de Ricardo que viu a postagem online e, como era de esperar, ficou preocupado com ele.

Em um momento impulsivo de raiva, Ricardo desabafou seus sentimentos em público, alheio às repercussões de suas ações. Um momento de emoção irracional se transformou em horas e dias de intervenção para crises, avaliação contra suicídio e aconselhamento obrigatório.

Riscos e repercursões das redes sociais

Conheço muitas famílias que tiveram uma experiência semelhante com a polícia aparecendo à sua porta, em reação a postagens feitas nas redes sociais por adolescentes. Às vezes, as postagens são irritadas, cheias de palavras ameaçadoras em relação a outra pessoa, e outras vezes são um grito de desespero que parece (e pode ser) uma tentativa de suicídio. Momentos de angústia, frustração e desespero na adolescência não são novidade. No entanto, a capacidade de anunciar isso em um fórum público e se espalhar como fogo é um fenômeno novo. Reações excessivas momentâneas podem causar consequências desnecessárias a longo prazo que são difíceis de desfazer.

A capacidade de desabafar pensamentos e sentimentos não filtrados por trás da segurança de uma tela, a aparente privacidade para procurar pornografia ou enviar e receber fotos de nudez, a capacidade de criar e recriar sua persona online, e a disposição de dizer ou fazer coisas que você nunca consideraria fazer na presença de alguém, tudo isso abre a porta do risco e de sérias repercussões para os jovens.

As redes sociais também afetam a estabilidade emocional dos jovens. Em um comunicado de 2021, o almirante Vivek Murthy relata uma tendência perturbadora. As evidências mostram um “aumento alarmante” nos problemas de saúde mental dos adolescentes, sendo que um em cada três estudantes do ensino médio e metade das estudantes do sexo feminino relatam sentimentos persistentes de desesperança ou tristeza. As mídias sociais são indicadas como um dos principais contribuintes, com 81% dos jovens de 14 a 22 anos relatando que usavam as mídias sociais “diariamente” ou “quase constantemente”. Viver na realidade artificial altamente manipulada do Instagram, TikTok, Snapchat e outras plataformas de mídia social expõe os jovens a uma enorme lista de riscos: vergonha corporal e distúrbios alimentares, isolamento social, bullying, exposição a conteúdo sexualmente explícito, aliciamento por pedófilos e muito mais.

Esse estudo não é uma anomalia. Se você pesquisar online o tópico de crianças e redes sociais, encontrará uma infinidade de relatórios do Centro de Controle de Doenças, do Atlantic Monthly, da Biblioteca Nacional de Medicina, da Common Sense Media e de muitas outras organizações detalhando o impacto negativo das redes sociais e do uso constante da tecnologia em crianças e adolescentes.

Qual é a lição para os pais? Se inúmeras pesquisas demonstram preocupação com nossos filhos, estamos, como pais, prestando atenção? Estamos aceitando a crença de que crianças adquirirem aparelhos eletrônicos pessoais e terem redes sociais é um rito de passagem automático? Tememos a acusação de sermos os “únicos pais” que não permitem que seus pré-adolescentes tenham um telefone, que usam os controles parentais ou exigem uma política de aparelho aberto? Deixamos que o que outros pais e outras famílias fazem determine o que escolhemos aceitar como normal? Devemos considerar cuidadosamente como tomar decisões sábias sobre o que permitimos que nossos filhos acessem. Devemos estar dispostos a ficar na brecha e tomar algumas decisões difíceis sobre a melhor maneira de proteger o coração e a mente de nossos filhos; eles podem ser facilmente prejudicados ou corrompidos pelas coisas deste mundo.

Estabelecendo diretrizes, expectativas e supervisão de redes sociais e outras tecnologias

Independentemente de quando e como seus filhos começarem a usar a tecnologia, converse com eles sobre o que esperar com o uso das redes sociais e por quê. Diga-lhes que você sabe que coisas como sexting e cyberbullying acontecem com os adolescentes, e, se eles sentirem que isso está acontecendo com eles, você quer saber e os apoiará. As crianças precisam ouvir repetidamente que seus pais não ficarão zangados nem irão puni-las se tiverem cometido alguns erros online, mas estarão ao lado de seus filhos e os apoiarão enquanto descobrem como se desembaraçar das coisas difíceis que estão acontecendo.

Se você optar por permitir que seus filhos estejam online, faça sua pesquisa e defina bons parâmetros para eles. Você pode considerar algumas destas formas de estabelecer proteções saudáveis para a presença de seu filho na internet:

• Estabeleça desde cedo os princípios de boa administração e responsabilidade. Sua intenção é que sua família aprenda a administrar bem a própria vida. Tudo o que eles têm, incluindo acesso à tecnologia e a aparelhos eletrônicos, é um privilégio e uma responsabilidade. Com essa responsabilidade vem a prestação de contas e a expectativa de uma disposição de serem transparentes e capazes de responder pelo modo como gerenciam o que lhes é dado.

• Como mencionado anteriormente, tenha sempre controles parentais nos aparelhos familiares. Independentemente das regras que você estabelecer para sua casa, é importante ter proteções acionadas para seus filhos. O controle parental dá às famílias a capacidade de filtrar conteúdo explícito ou indesejado, permite gerenciar o tempo gasto pelas crianças nos diversos sites, jogos ou compras e desligar quando os limites de tempo forem atingidos. Os controles parentais ajudam a fornecer uma responsabilidade natural e lições de boa administração sem que você precise policiar ou brigar para obter acesso aos seus aparelhos.

• Certifique-se de adicioná-los como contatos em todos os sites nos quais estão. Isso ajudará você a responsabilizá-los pelo que publicam, além de alertar você sobre o que outros amigos ou colegas podem estar postando nas contas do seu filho.

• Considere por que você permite que as crianças tenham contas em certas redes sociais, plataformas ou acesso à internet. Elas realmente precisam disso? É uma maneira necessária de se comunicarem com clubes, escolas ou grupos de jovens? Quais são os prós e contras, perigos e benefícios?

• Considere quais padrões de estilo de vida saudáveis você deseja ajudar os jovens a estabelecer. Seja proativo em impedir que as crianças usem aparelhos durante toda a noite, criando hábitos para uma boa noite de sono e estabelecendo regras que mantenham os aparelhos fora dos quartos, sendo usados em áreas comuns, em que todos possam passar e ver o que está sendo feito. Certifique-se de que eles não levam os aparelhos a locais em que fiquem sem a sua supervisão, especialmente ao banheiro.

• O que é necessário pode variar de uma criança para outra. É importante estabelecer princípios e regras básicos para sua casa, bem como saber quando adaptar as regras por causa das necessidades de alguém ou por certo tempo. Por exemplo, um filho pode precisar de um aplicativo para acompanhar o que acontece em seu grupo de teatro, mas outro filho não. Talvez um adolescente precise baiXar um aplicativo para uma viagem da escola, ou uma temporada esportiva, para depois desinstalá-lo.

• Ao ajudar os jovens a decidir como lidar com os aparelhos, treine-os para evitar colocar informações pessoais online. Descreva quais informações podem ser seguras para postar (primeiro nome, idade, série) e o que é imprudente postar (sobrenome, endereço, números de telefone, nome da escola etc.). Ajudá-los a entender como essas informações podem ser mal utilizadas será bom para eles discernirem se o que estão prestes a dizer é sábio ou não. Eles devem dizer se estão sozinhos em casa? É prudente anunciar que vocês sairão de férias (e a casa estará vazia)?

• EXplique que expressar ou desabafar seus sentimentos online não é apenas imprudente, mas pode ter consequências graves. Em um momento de raiva, coisas duras podem ser ditas e, depois, causarem uma reação em cadeia. Ensine-lhes que, se eles não deveriam dizer algo diante de uma sala cheia de alunos e professores, eles também não deveriam dizer isso online.

Há perigos flagrantes e ocultos no mundo; devemos aprender que não podemos nos apoiar exclusivamente em nosso próprio entendimento ao lidar com o cenário perigoso da tecnologia. É muito mais fácil para os jovens entendidos de tecnologia acreditarem erroneamente que sabem como navegar com segurança pelo mundo digital, justamente porque muitas vezes têm mais conhecimento das tendências tecnológicas do que seus pais.

As crianças que recebem as habilidades de distinguir o bem e o mal e que são criadas para pensar, avaliar e responder sabiamente aos problemas não se apoiarão em seu próprio entendimento. Quando enfrentarem coisas difíceis, como redes sociais e outras questões da internet, podemos confiar que nossos filhos saberão reconhecer o Senhor em tudo o que fazem, e isso os levará por caminhos retos.

Este artigo é um trecho adaptado e retirado com permissão do livro: Prepare seus filhos contra os perigos do mundo, de Julie Lowe, Editora Fiel (em breve).


Autor: Julie Lowe

Julie Lowe, MA, é membro do corpo docente do CCEF e conselheira profissional licenciada com quase duas décadas de experiência em aconselhamento. Julie também é ludoterapeuta registrada e desenvolveu um consultório nessa área no CCEF para melhor atender famílias, adolescentes e crianças. Julie é autora de vários livros na área de aconselhamento.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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