domingo, 17 de novembro
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3 distorções que podem destruir seu ministério

Há certas coisas que você pode ter certeza que irão acontecer. Por exemplo, Rocky 1 sempre será um filme ótimo e Paul McCartney sempre será um grande compositor de músicas.

E, se você é um pastor (ou planeja ser um), você irá pecar e pecarão contra você. Citando Bruce Hornsby: “é bem assim que é”. Jogue um tanto de pecadores junto numa igreja, nomeie alguém para liderá-los, e tão certo quanto os impostos e a morte, o pecado acontece.

Então, aí é que está: se você quer ser frutífero ou efetivo no ministério pastoral, você deve aprender a arte bíblica do perdão. Ser incapaz de perdoar irá aleijar seriamente você no ministério.

Porque o perdão é um aspecto tão crucial do ministério pastoral, Satanás e a sua natureza pecaminosa conspirarão juntos para afastar você dele. Especificamente, eles se valerão de três distorções, num esforço de conduzir você para fora do caminho do perdão e para dentro do pântano da amargura.

Distorção #1 – Eu não sou um pecador, sou uma vítima

Em Mateus 18.28, um servo que acabara de ter sido perdoado de uma dívida imensa (10 mil talentos) encontrou alguém que lhe devia uma quantia pequena de dinheiro. Quando ele viu aquele servo, um interruptor foi acionado na cabeça dele, e aí ele virou o jogo para com esse servo:

“Mas quando aquele mesmo servo saiu, ele encontrou um de seus conservos, o qual devia a ele 100 denários, e o segurando, começou a segurá-lo pela garanta dizendo: ‘pague o que me deve’.”

O primeiro servo foi perdoado de uma grande dívida, mas ele esqueceu de tudo aquilo quando viu o segundo servo, o qual devia a ele uma quantia relativamente pequena. O primeiro pensamento dele foi: “ele me machucou, defraudou-me e me vitimou. Portanto, ele me deve!”. Ele pegou seu status de ofendido, sacou a carta de vítima e saiu de si numa fúria descontrolada.

Como um aspirante a pastor, você deve sempre lembrar: o status que nós conferimos a nós mesmos deve começar com o evangelho e não com nossas experiências, nossa dor, nossa história ou com as ações ou as omissões dos outros. Essa é uma realidade difícil porque, temos que reconhecer, o pecado pode ser horrível! Vivemos em um mundo de abusos, molestações, estupros e assassinatos. Talvez você tenha sido tocado por uma dessas tragédias, e se eu ouvisse sua história, choraria com você. Essas tragédias são reais, dolorosas e significativas.

Mas, na Escritura, “pecar contra você” não é o status primeiro e primário do cristão. Ao invés disso, nosso status primário é primeiro e principalmente: “amados por Deus, ainda que pecadores”. É importante afirmar esse status porque nos define na relação com Deus. Esse status nos traz, particularmente, face a face com uma realidade teológica que oferece perspectiva enquanto consideramos como pecaram contra nós. Nós pecamos contra Deus muito mais do que qualquer pessoa tenha pecado contra nós. Leia isso de novo, mais devagar dessa vez. Isso significa que nosso problema mais profundo não é que os outros pecaram contra nós, mas que nós pecamos primeiro contra Deus.

Você já percebeu que quando pensamos em nossas histórias, estamos sempre de pé no centro do palco, sem termos cometido pecado? Outras pessoas se juntam ao nosso drama entrando em nossa história e cometendo pecados ou omitindo coisas que deveriam ter feito. Mas, e quanto a nós? Nós somos apenas pessoas que têm boas intenções, que abençoam outros e espalham alegria. Nós somos boas pessoas, e parece que sempre acontecem coisas ruins conosco. Vivemos como se pecassem contra nós para sempre!

Mas a Escritura não nos descreve primariamente como pessoas contra as quais os outros pecam. Em 1Timóteo 1.15, Paulo diz o seguinte sobre ele mesmo: “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”.

Apesar de muitas pessoas terem pecado contra Paulo (inclusive o apedrejando quase até a morte, e o agredirem com varas!), ele não se via primariamente como uma vítima. Ao invés disso, ele se identificava como um pecador que havia sido salvo por Cristo.

Se você se vê primariamente como uma vítima e não como um pecador salvo pela graça, você nunca aprenderá como ajudar pessoas enraizadas na amargura ou presas pelos seus próprios sensos de vitimização. O evangelho não fluirá através de você até que ele seja aplicado primeiramente em você.

Distorção #2 – Claro que sou um pecador, mas os seus pecados são piores que os meus

No coração do ressentimento, está um status que determinamos a nós mesmos (pecaram contra mim!) e uma dívida que negamos (claro que pequei contra Deus, mas você viu como pecaram contra mim?). Essa distorção faz com que os pecados das outras pessoas pareçam grandes e os seus, pequenos. Mais significativamente, isso rega as sementes da autojustificação em nossa alma.

O homem que se autojustifica diz: “Claro que sou um pecador, mas sou melhor que você. De fato, minha superioridade moral providencia um ponto de vantagem para diagnosticar e avaliar o seu coração autoritativamente”. Na verdade, pode ficar muito feio. Autojustificação converte cristãos em fariseus. Ou, a autojustificação se infiltra na arena do discernimento. Essa é a área na qual eu mais frequentemente sou culpado. Minha autojustificação pecaminosa faz com que eu eleve minha própria interpretação de uma situação e dispense a opinião de outra pessoa.

Autojustificação cria uma troca na qual nós nos tornamos os juízes, ao invés de Deus. Nossas opiniões se transformam de caridosas em um padrão “objetivo” pelo qual outras pessoas são medidas.

É o patrão que só verá um empregado como preguiçoso porque o empregado se atrasou uma vez, e o patrão nunca se atrasa. É a mãe que acredita que todos os filhos dela deveriam concordar com as opiniões dela, e se não o fizerem, sentem a sua desaprovação. É o homem que se recusa a perdoar alguém mesmo depois que a pessoa confessou o pecado dela porque a confissão não lhe pareceu “sincera o suficiente”.

Autojustificação distorce nossa perspectiva. Ao invés de vivermos como “eu fui perdoado de uma grande dívida”, nós vivemos como “claro que pequei, mas olhe para você!”. Poucas coisas afundarão um pastor mais rápido do que autojustificação. Se você está querendo ser frutífero no ministério pastoral, deve aprender a ver as pessoas mais através da graça de Deus do que através dos pecados dela. E você deve aprender a concordar com Paulo: “que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1Timóteo 1.15).

Distorção #3 – Não sou um pecador, sou um cumpridor da lei

No coração da falta de perdão está a suposição que nós temos o direito de conferir falta e então exigir uma penalidade. Assumimos que nosso status de ofendidos nos dá o direito de exigir vingança. É exatamente o que o servo que não perdoou fez em Mateus 18.28. O referido servo acabara de ser perdoado de uma enorme dívida, mas quando encontrou um conservo que devia a ele uma quantia menor, exigiu a penalidade para a menor dívida. O servo que não perdoou assumiu que ele tinha o direito de se vingar.

O que devemos entender é que a cruz nos alivia de nossa escravidão de exigir punição para dívidas pequenas. Como ela faz isso? Nivelando o campo de jogo. A cruz nos lembra que Deus nos perdoou de um débito incompreensível. Por causa do seu amor espantoso, Deus agora nos envia para passar adiante a mesma bênção, não a punição, que recebemos.

Nós não somos árbitros de penalidades, mas devedores que foram perdoados de uma grande dívida. É por sermos pecadores perdoados que perdoamos.

A única forma de afastar as distorções de nossas vidas é pelo poder purificador do evangelho. Ser lembrado constantemente de que você foi perdoado da maior dívida irá libertar você de se sentir como se tivesse que exigir vingança pelos pecados que foram cometidos contra você.

No coração do evangelho está uma grande injustiça. Aquele que verdadeiramente era o cumpridor da lei escolheu não exigir a pena pelos nossos pecados, mas ao invés disso escolheu suportá-los, penalizando a ele mesmo na cruz. 2Coríntios 5.21 coloca dessa forma:

Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.

Afastando as distorções

A cruz não ignora ou nega o pecado. Ao contrário, ela encara corajosamente nossos piores momentos e diz: “sua história não acaba aqui”. Para seguir adiante das distorções que podem afligir seu ministério, você deve vir a enfrentá-las com a grande dívida que você tinha, a qual Deus perdoou.

Se você entrar no ministério pastoral, as pessoas pecarão contra você, mas aqueles momentos não precisam definir você. Por quê? Porque eles são parte da obra de Deus em sua alma e recorrem à sua vida. Pecadores perdoados perdoam o pecado. E pastores perdoados os amam e os ajudam, enquanto eles fazem isso.

 

Tradução: João Pedro Cavani
Revisão: Yago Martins


Autor: Dave Harvey

Dave Harvey é pastor na Convenant Fellowship Church, Pennsylvania (EUA), que faz parte da família de igrejas do ministério Sovereign Grace. Dave Harvey é um dos líderes desse ministério, cujo objetivo é estabelecer e apoiar igrejas. Dave também dirige o envolvimento do Sovereign Grace na Europa, África e Ásia. Em 2001, concluiu o doutorado em Cuidado Pastoral, pelo Westminster Theological Seminary.

Parceiro: Am I Called?

Am I Called?
O ministério Am I Called? visa ajudar homens a encontrarem seu chamado ao ministério e ajudar igrejas a encontrarem homens chamados.

Ministério: Ministério Fiel

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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