domingo, 17 de novembro
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4 razões do porque todo pastor precisa de silêncio

Eu passei a maior parte da minha vida adulta odiando o silêncio – mas não sabia disso. Foi um grande ponto cego. Eu desconsiderei meu desejo constante de estar com as pessoas simplesmente sendo extrovertido. Atribuí minha natureza faladora aos meus instintos relacionais intensos. Essas qualidades pareciam ajudar em minhas interações pastorais com as pessoas, então eu não pensava nisso. Não até que comecei minha própria jornada – através de aconselhamento – durante uma crise pessoal onde fui confrontado com essa decepção de longa data.

Meu conselheiro observou um comportamento em minha vida que passou despercebido pela maioria, mas tornou-se um sinal de preocupação para ele. Eu fugia de estar sozinho. Eu ficava desconfortável com o silêncio. Muitas vezes dominava as conversas. Isso expôs minhas terríveis habilidades de ouvir, a qual o conselheiro foi sábio o suficiente para conectar com as questões do silêncio. Ele me pressionou nessa área e foi difícil. Isso levou a uma implosão da minha alma, mas começou um processo desesperadamente necessário de cura.

Através dessa descoberta pessoal, o Senhor me ensinou quatro lições sobre o valor do silêncio.

1. O silêncio expõe a alma
Se as emoções são a porta de entrada para a alma, o silêncio expõe a alma. Eu não estava pronto para enfrentar as coisas feias que haviam sido expostas. Mas Deus, em sua graça, me encontrou de uma maneira poderosa, e minha jornada trouxe paz recém-descoberta à minha alma. Foi através do silêncio em um lugar quieto, meditando sobre a verdade, e em oração pedindo a ajuda de Deus, que eu experimentei este nível mais profundo de sua graça e presença.

Se um pastor quer ter um longo ministério, ele deve aprender a buscar esse tipo de silêncio. Tal silêncio não é alguma forma de meditação secular, mas o silêncio bíblico e a solitude. Don Whitney a considera uma significativa disciplina espiritual da vida cristã. É uma quietude que nos permite crescer mais conscientes da atividade de nossa alma, como o Espírito Santo vive e trabalha em nós. É uma disciplina pela qual nós comungamos com Jesus, nos tornando mais conscientes de sua verdade e presença, e mais receptivos à sua infinita graça. O estudioso puritano e pastor de longa data Joel Beeke articula bem o tipo de meditação que promove essa experiência:

A meditação puritana envolve a mente com a verdade revelada de Deus para inflamar o coração com afeição para com Deus e transformar a vida em obediência. Thomas Hooker definiu assim: “A meditação é uma intenção séria da mente, através da qual chegamos a procurar a verdade e estabelecê-la efetivamente no coração.” A direção de nossas mentes revela o verdadeiro amor de nossos corações e, assim, Hooker disse que aquele que ama a Palavra de Deus medita sobre ela regularmente (Sl 119. 97). Portanto, a meditação Puritana não está repetindo um som, esvaziando a mente, ou imaginando visões físicas e sensações, mas um exercício concentrado de pensamento e fé sobre a Palavra de Deus.

2. Silêncio confronta as vozes
Essas vozes são as mensagens que ouvimos sobre nós mesmos. Elas são vozes daqueles que atravessam o espaço da nossa vida e falam mensagens que o inimigo ama sussurrar de novo e de novo em nossos ouvidos. São as mensagens interpretativas daqueles atualmente em nossa vida. Quando essas vozes são duras, abusivas e mentem sobre nosso valor e identidade em Cristo, elas são desagradáveis e corremos delas.

Essas vozes me atormentavam. Vozes abusivas do meu passado, mentiras do inimigo, e palavras dolorosas de crítica criaram essas mensagens de fracasso e autoaversão. Elas eram especialmente altas quando eu estava sozinho. Então, para escapar das vozes, fugia do silêncio. Mas eu precisava de silêncio para confrontar essas vozes, para contrapor as mentiras nas quais eu acreditava há muito tempo com a verdade do evangelho. Martyn Lloyd-Jones abordou de forma notável essas vozes no contexto da depressão:
O problema principal em toda essa questão da depressão espiritual é, em certo sentido, que permitimos que o nosso eu nos fale ao invés de conversar com o nosso eu. Estou apenas tentando ser deliberadamente paradoxal? Longe disso. Essa é a essência da sabedoria nesse assunto. Você já percebeu que a maior parte de sua infelicidade na vida se deve ao fato de estar ouvindo a si mesmo em vez de falar consigo mesmo?

O silêncio nos permite confrontar a realidade de que, quando ouvimos a nós mesmos, em vez de falarmos para nós mesmos, ouvimos com frequência palavras duras que esmagam nossa alma.

3. O silêncio nos ensina a ouvir
Fiquei profundamente perturbado ao descobrir que tinha sido pastor por tanto tempo e ainda assim permanecia um ouvinte ruim. Claro, eu escutava, mas era principalmente para preparar uma resposta. Eu precisava aprender a ouvir sem precisar responder – apenas para ouvir e ter empatia.

Ao abraçar o silêncio, percebi que estava aprendendo a ouvir. Eu ouvi sons ao meu redor que eu nunca havia notado antes. Eu me senti mais receptivo à Palavra de Deus. É incrível o que acontece quando você não está preocupado em tentar descobrir o que dizer ou fazer logo em seguida.

4. O silêncio testa nossa necessidade de ruído
Eu não tinha ideia de que “precisava” de barulho sempre que minha alma era atormentada em silêncio. O silêncio expõe a alma e testa o quanto dependemos do ruído para bloquear nossa dor. Esta é uma das muitas razões pelas quais todos nós precisamos de períodos de tempo longe do nosso telefone, e-mail, mídia social e todos os dispositivos eletrônicos que criam a fonte constante de ruído.

Os pastores não precisam fazer muito esforço para encontrar barulho e distração, mas o silêncio é outro assunto. Nós devemos lutar por isso. O silêncio nos desafia a enfrentar nossa dor e permitir que o evangelho penetre profundamente em nossas almas, onde encontramos a cura.

Abrace o silêncio
Enquanto estava em um retiro de silêncio, encontrei essas palavras (abrace o silêncio) em uma sala dedicada ao silêncio e à solitude:

A regra do silêncio foi considerada importante aqui, como um meio de garantir que não se desperdice essa preciosidade, mas exigindo um tempo de refrigério através da desaceleração e poucas conversas. As comunidades que respeitam o crescimento humano provavelmente precisam prever explicitamente a solitude, caso contrário, uma fonte potencial de enriquecimento é perdida.

Eu odiava o silêncio, mas aos poucos percebi que precisava fazer “provisão explícita para a solitude” em prol da minha alma.

Jesus nos libertou do poder do pecado, da vergonha e da morte e nos resgatou da ira de Deus que merecemos. É tudo pela graça. Nossa identidade está agora em Cristo e somos eternamente filhos adotados de Deus. Temos o Espírito Santo habitando em cada um de nós pela fé, tornando-nos mais parecidos com Jesus todos os dias. E, no entanto, muitos cristãos não conseguem sentir profundamente o poder da graça de Deus no evangelho.

Isso inclui pastores e foi assim comigo na maior parte do meu ministério.

O silêncio é uma ferramenta maravilhosa e um presente de Deus para trazer essa consciência. Abrace o silêncio como aquele bálsamo calmo e curador para a sua alma barulhenta e inquieta.

Tradução: Paulo Reiss Junior.

Revisão: Filipe Castelo Branco.

Fonte: Pastors in Silence: A Lost Spiritual Discipline.


Autor: Brian Croft

Brian Croft é o pastor efetivo da Auburndale Baptist Church em Louisville, Kentucky. Ele também é autor de "Visit the Sick: Ministering God’s Grace in Times of Illness”, (Prefácio de Mark Dever) e "Test, Train, Affirm, and Send Into Ministry: Recovering the Local Church’s Responsibility to the External Call", (Prefácio de R. Albert Mohler Jr). Brian escreve regularmente no blog Practical Shepherding.

Parceiro: Practical Shepherding

Practical Shepherding
O ministério Practical Shepherding visa equipar pastores e líderes de igrejas nas questões práticas do ministério.

Ministério: Ministério Fiel

Ministério Fiel
Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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