domingo, 17 de novembro
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5 maneiras de ministrar a mulheres em crise

Um diagnóstico de câncer. Um cônjuge infiel. O assombro do aborto. O pecado sexual exposto. Um bebê que nasce morto. Estas experiências trágicas são ocorrências comuns num mundo decaído. Conhecemos mulheres que estão nestas situações agora mesmo, e temos de cuidar delas em seu trauma.

Mas como? Muitas vezes não sei por onde começar a ajudar irmãs em tais situações. Não conheço a Bíblia o suficiente ou não tenho sabedoria suficiente. A situação pode estar muito além de qualquer coisa que eu tenha experimentado pessoalmente. Escuto, tentando parecer calma, mas por dentro estou em pânico, temendo não ter nada a oferecer a esta irmã.

A má notícia é que somos insuficientes. A boa notícia, porém, é que Cristo é mais do que suficiente para lidar com qualquer situação traumática. E é a Ele que devemos direcionar nossa irmã em lutas.

Aqui sugiro cinco maneiras de como podemos fazer isto.

1. Crer por elas 

Talvez o aspecto mais difícil de ministrar à mulheres em crise seja ajudá-las a crer. Às vezes, elas não crêem que as coisas possam melhorar, que Deus seja bom no sofrimento delas, que sua alegria vai voltar ou que Deus as perdoará de seus pecados. Mas a dor perde a sua força. Como Davi proclamou: “O choro pode durar uma noite; pela manhã, porém, vem o cântico de júbilo” (Salmo 30.5).

Quando uma amiga está sem esperança, frequentemente temos de crer por ela em coisas que ela [ainda] não está pronta a acreditar por si mesma. Queremos que ela acredite que Deus é bom e compassivo e que responde às nossas orações. Mas será que acreditamos mesmo nisto? Confesso que houve momentos em que olhei para uma situação e pensei: Isto vai acabar mal; isto está além do solucionável. Mas nós servimos a um Deus que ressuscita a homens e mulheres mortos! Há alguma coisa difícil demais para Ele? A resposta é um sonoro não. Às vezes, temos de crer nisso por nossas amigas, até que elas possam crer por si mesmas.

Não se trata de uma teologia “declare e receba”. Deus pode fazer qualquer coisa que O agrade, portanto, nos aproximamos dEle com ousadia humilde. Jesus desejava que, se fosse possível, Deus passasse dEle o cálice. Mas Seu maior desejo era que a vontade de Deus fosse feita. Em nossa luta contra o pecado, devemos olhar para Jesus, que “pelo gozo que lhe está proposto, suportou a cruz,” (Hebreus 12.2). Ele não apenas tristemente se conformou à vontade de Deus; Ele teve prazer em cumpri-la.

2. Estar disponível

Muitas vezes exibimos uma mentalidade de busca de soluções rápidas em nosso desejo de ver uma irmã sair da crise. Pensamos que se combinarmos versículos certos, com orações certas e coisas certas a serem feitas, então todos seus problemas desaparecer?o. Mas não resolveremos os problemas conjugais de nossa amiga em apenas uma conversa. Precisamos estar disponíveis para nossas irmãs no trajeto todo, embora saibamos que todo o sofrimento, pecado e morte são momentâneos. Quer se trate de um dia, algumas semanas ou 50 anos, tendo em conta o eterno peso de glória que nos espera, isto ainda será momentâneo.

Recentemente, ouvi alguém mencionar a dor de Martinho Lutero, quando perdeu sua filha. Lutero escreveu:

“Creio que o relatório, de que minha querida filha Magdalena renasceu no reino eterno de Cristo, tenha chegado até você. Eu e minha esposa deveríamos apenas dar graças alegremente por sua partida oportuna e um final abençoado… contudo, a força do [nosso] amor natural é muito grande e não podemos fazer isso sem choro e luto em [nossos] corações, ou mesmo sem experimentar a morte nós mesmos… Portanto, por favor, agradeça a Deus em nosso lugar!”.

Em sua dor, Lutero não estava pronto ou era capaz de “em tudo dar graças”. Mas seu amigo estava disponível para apoiá-lo, agradecendo por ele. Da mesma forma, confortamos outros com o consolo que recebemos de Cristo. Podemos não ter experimentado as mesmas dores, mas sabemos que o Senhor é o “Pai de misericórdias e Deus de toda consolação” (2Coríntios 1.3).

3. Estar na Palavra

Nosso meio mais eficaz de estimular a crença é a Palavra de Deus. Ela nos mostra como Ele é, o que Ele tem feito em favor de Seu povo e o que Ele prometeu a ele nesta vida e na que há de vir. Reforçamos nossa crença, nutrindo o conhecimento sobre Deus. Lembra da experiência traumática de Moisés no deserto, quando o povo se rebelou com o bezerro de ouro? O que fez com que ele perseverasse? Deus revelou-se a Moisés, e Moisés, ao invés de desfazer-se em desânimo, curvou-se em adoração (Êxodo 34.6-7).

É tentador garimpar as Escrituras, procurando por versículos que pareçam se relacionar diretamente a uma situação específica (o que, muitas vezes, é uma boa coisa a se fazer). Mas abrir a Palavra de Deus para ver como Ele é e como Ele tem agido em favor de Seu povo, será benéfico para além desta atual crise, e vai ajudar a colocar nosso foco mais plenamente nEle. Estar na Palavra de Deus regularmente, diariamente, em tempos em que não há crise, é a melhor preparação para qualquer crise, pois podemos trazer à tona a verdade de Deus escondida em nossos coraçoões, e assim, estarmos prontos a seguir em frente.

E ao ler, ore. Ore a Palavra de Deus para si mesma e por sua irmã que está sofrendo. Seu Salvador ouve e reponderá.

4. Estar conectada

É vital estarmos conectadas a uma igreja local para que possamos saber como, onde e quando obter ajuda adicional para uma mulher em crise. Algumas mulheres precisam de mais disponibilidade do que podemos dar. Também podemos perceber que lidar com determinada situação está além de nossas habilidades. Não enfrente isto sozinha. Chame um pastor ou um presbítero para ajudá-la a amar e apoiar sua irmã. Chegue-se a alguém de sua igreja que possa dar aconselhamento ou ajuda prática, ou que possa direcioná-la a pessoas especializadas.

É também vital ser vinculada a uma igreja local para o nosso próprio benefício espiritual. Auxiliar mulheres em crise edifica nossa fé, à medida em que vemos a obra do Senhor. Isto produz alegria, ao aproveitarmos as oportunidades para apontar evidências da graça de Deus em meio à dor, o pecado e à perda. Mas isso também é difícil! Não nos atrevamos a fazer isso longe da completude do corpo de Cristo.

Integrar o ministério de mulheres na vida da igreja ajuda a equilibrar estas tensões e a multiplicar estes benefícios. Nossa conexão com a igreja local nos oferece o tipo de apoio que precisamos para sermos eficazes em auxiliar uma irmã em crise. E sua ligação com o corpo de Cristo beneficia sua própria alma, à medida em que ela se fundamenta na Palavra de Deus, está nas orações dos irmãos, é encorajada, amada e exortada por todo o corpo (e não apenas por você!). O capítulo de Cindy Cochrum em “Ministério de Mulheres: Amando e Servindo a Igreja Por Meio da Palavra”, pode ajudar neste ponto.

5. Regozijar-se

Quando existe uma luta profunda com o pecado ou um diagnóstico devastador, o que pode levar-nos à alegria? Bem, se estamos tentando direcionar nossa irmã a Cristo, devemos incentivá-la a alegrar-se no que alegra a Ele. Em Provérbios 8.22-31, vemos a sabedoria revelada a nós como o próprio Cristo. A sabedoria sempre se alegrou diante do Pai (vv. 30-31), fundamentando esta alegria em três coisas específicas, que alegram o próprio Cristo: a presença de Deus, Sua criação, e Sua família.

Podemos encorajar uma mulher em crise a alegrar-se na presença de Deus. Ao crer em Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou por ela, ela tem o Seu Espírito. Ele nunca a abandonará. Ele a está sustentando por Sua graça.

Também podemos incentivá-la a se alegrar em Sua criação. Fazer uma caminhada. Deter-se examinando pequenas coisas: formigas, caracóis, folhas. Visitar um pomar ou um jardim zoológico. Leve sua amiga com você. Que melhor maneira de desviar os olhos dos cuidados do mundo, do que contemplar a beleza das obras das mãos do Senhor, e regozijar-se na forma como elas declaram Sua glória?

E podemos incentivá-la a se alegrar com a família de Deus, recordando-se de graças específicas, orando pelos interesses de outros e dedicando tempo para a comunhão. Incentive-a a ir à igreja, a participar de um pequeno grupo e mostre hospitalidade.

Finalmente, podemos nos alegrar com o fato de que a maior necessidade que podemos ter nesta vida já foi satisfeita por Cristo na cruz. No meio da crise, lembramos à nossa irmã que está sofrendo, de que o Senhor nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado; em quem temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados (Colossenses 1.13-14). Isto é digno de nosso maior regozijo!

 

Nota do Editor: Este artigo faz parte de uma série que aborda questões específicas relacionadas com o ministério entre as mulheres através da igreja local. Temos uma equipe de mulheres animada para responder a um seleto número de perguntas. Por favor, envie todas as perguntas sobre ministério de mulheres para nossa coordenadora de Iniciativas para Mulheres, Mallie Taylor (mallie.taylor [@] thegospelcoalition.org).

Em seguida, faça questão de obter uma cópia do livro “Ministério de Mulheres: Amando e Servindo a Igreja por meio da Palavra” (Editora Fiel). Este livro apresenta uma visão para o ministério entre as mulheres que é fundamentada na Palavra de Deus, cresce no contexto do corpo de Cristo e tem como objetivo a glória do Filho de Deus.  Você também pode participar de uma das Conferências para Mulheres do The Gospel Coalition.

Anteriormente nesta série:

Por que ministério de mulheres? (Kathleen Nielson)

 

Tradução: Camila Rebeca Teixeira
Original: Cinco Maneiras de Ministrar a Mulheres em Crise


Autor: Kristie Anyabwile

Kristie Anyabwile é esposa de pastor e mãe de Afiya, Eden e Titus. Há 24 anos ela alegremente auxilia seu marido, Thabiti, que pastoreia a igreja Anacostia River Church, no sudeste de Washington, DC. Kristie gosta de passar tempo com a família, de cozinhar e de discipular mulheres, bem como falar e escrever sobre casamento, maternidade e ministério. Você pode ler o seu blog e segui-la no Twitter.

Parceiro: The Gospel Coalition

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