Este artigo é um recurso selecionado para a Semana da inerrância bíblica do Ministério Fiel e Voltemos ao Evangelho, uma semana onde estamos, juntos com a igreja verdadeira, proclamando a inerrância, suficiência e autoridade da Bíblia, que é a Palavra de Deus. Aqui no blog do Ministério Fiel postaremos uma série de artigos (A inerrância da Escritura Sagrada) acerca da perspectiva histórica da inerrância bíblica, começando pela redação inicial com Moisés até chegar nos tempos modernos em que estamos.
Infalibilidade ou Inerrância das Escrituras?
Com o nascimento da ciência moderna e seu consequente sucesso, tem havido uma confiança cada vez maior no poder da razão humana para explicar todas as coisas naturalmente. Surgiu uma nova cosmovisão, que causou, entre muitos eruditos, suspeita de explicações sobrenaturais em geral e, especificamente, da Bíblia. Por fim, esse ceticismo se propagou pelas igrejas, e a Bíblia começou a ser considerada um livro de origem humana. No século XIX, Charles Briggs, um ministro presbiteriano e professor de seminário, trouxe essa controvérsia para o seio da igrejas reformadas com sua obra The Bible, the Church, and the Reason [A Bíblia, a Igreja e a Razão — 1829]. O desafio de Briggs foi enfrentado vigorosamente pelos defensores da inerrância no Seminário Teológico de Princeton, especialmente por B. B. Warfield, cujos artigos, reunidos posteriormente em The Inspiration and Authority of the Bible [A Inspiração e a Autoridade da Bíblia — 1948], continuam sendo um baluarte para a defesa da inerrância bíblica.
Foi nesse tempo que a palavra inerrância chegou à proeminência. Antes, era mais comum falar em infalibilidade da Bíblia. Por exemplo, a Confissão Belga fala sobre a Escritura como a “regra infalível” (artigo 7), e a Confissão de Westminster fala sobre a “verdade infalível e autoridade divina” da Bíblia (1.5). Ao usarem essa palavra, ambas as confissões querem dizer que é impossível a Bíblia ensinar erros. Mas, durante o século XIX, quando alguns teólogos abandonaram a identificação das palavras da Bíblia com as palavras de Deus, a palavra infalível começou a ser usada com um sentido mais restrito, limitando a infalibilidade da Bíblia a questões de fé e prática religiosa, admitindo que a Bíblia contém erros em história e ciência. Defensores da infalibilidade plena da Bíblia começaram, então, a usar a palavra inerrância para estabelecer distinção entre essa posição e a posição revisionista que surgira.
Ao longo dessa controvérsia, a posição de inerrância começou também a se expressar mais usualmente com a especificação de que a Palavra de Deus inerrante deve ser encontrada no texto dos autógrafos, os manuscritos originais dos livros bíblicos. Variações entre os manuscritos existentes da Bíblia eram conhecidas desde o período da igreja primitiva, e a possibilidade de erro na elaboração de cópias (e posterior publicação) ou na tradução também era reconhecida. A ênfase da Renascença em ad fontes (de volta às fontes) e a ênfase da Reforma Protestante em sola Scriptura (somente a Escritura) resultaram em mais atenção ao texto da Escritura nas línguas originais de hebraico, aramaico e grego do que à tradução Vulgata Latina, feita principalmente por Jerônimo, no final do século IV. A ciência de crítica textual se proliferou, comparando os manuscritos existentes, de maneira sistemática, para determinar o texto dos autógrafos. Em consequência, afirmações de doutrina tecnicamente mais precisas começaram a aparecer, como, por exemplo, na afirmação da Sociedade Teológica Evangélica de 1949: “Somente a Bíblia, e a Bíblia em sua inteireza, é a Palavra de Deus escrita, sendo, portanto, inerrante nos autógrafos”.
Este artigo é uma adaptação de um dos muitos recursos teológicos da Bíblia de Estudo da Fé Reformada, Editora Fiel.
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