domingo, 24 de novembro
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A justificação ainda é importante?

Há muito tempo, o nome evangélico identificava aqueles que eram comprometidos não somente com o cristianismo histórico, mas também com a doutrina da justificação somente pela graça por meio da fé somente em Cristo. Em nossos dias, porém, isso pode não ser verdade. Cada vez mais, a erudição evangélica é desafiada por tendências nos estudos bíblicos (em especial, a Nova Perspectiva sobre Paulo) para abandonarem o entendimento da justificação sustentado pela Reforma. Reconciliações recentes (como a Declaração Conjunta de Luteranos e Católicos Romanos e “Evangélicos e Católicos Juntos”) têm revisado e relativizado esta doutrina fundamental. 1

Admiravelmente, em um novo livro que contém ensaios sobre a justificação escritos por protestantes de igrejas históricas (luteranos e reformados) e por católicos romanos, os protestantes rejeitam a doutrina da Reforma (por apelarem à Nova Perspectiva sobre Paulo), ao passo que Joseph Fitzmeyer, proeminente erudito católico romano de Novo Testamento, demonstra a exatidão técnica da exegese da Reforma quanto às passagens importantes. Mark Noll, o grande erudito evangélico, em seu livro Is The Reformation Over? (A Reforma Acabou?) parece falar em nome de muitos protestantes conservadores quando responde sim.

O criticismo franco da doutrina da justificação conforme definida em nossas confissões e catecismos reformados se tornou comum até em igrejas conservadoras. Embora as cortes eclesiásticas destas denominações irmãs tenham exibido solidariedade estimulante em sustentar a posição confessional e instaurar processo contra os ministros que se opõem a ela, é trágico que controvérsias sobre esta doutrina cardeal surjam em nossos círculos.

A maioria das pessoas nas igrejas não estão familiarizadas com a doutrina da justificação. Frequentemente, ela não é uma parte da dieta de pregação e da vida da igreja, nem um tema predominante na subcultura cristã. Ou com rigor austero, ou com boas sugestões para o viver melhor, “fundamentalistas” e “progressistas” sufocam, igualmente, o evangelho em moralismo, por meio de exortações constantes à transformação social e/ou pessoal que mantém as ovelhas olhando para si mesmas e não para fora de si mesmas, para Cristo. Mesmo em muitas igrejas formalmente comprometidas com o ensino da Reforma, pessoas podem achar a doutrina da justificação na parte de trás de seu hinário (na seção de confissões), mas ela é levada realmente a sério no ensino, na pregação, na adoração e na vida da congregação? Em média, o artigo de destaque mais publicado em revistas ou em best-sellers cristãos diz respeito a “boas obras” – tendências em espiritualidade, ativismo social, crescimento de igreja e discipulado. No entanto, é muitíssimo claro que a justificação permanece fora de cogitação. Quando a justificação não é abertamente rejeitada, ela é frequentemente ignorada. Talvez o perdão de pecados e a justificação são apropriados para “ser salvo”, mas depois vem a essência do negócio – o viver cristão, como se pudesse haver qualquer santidade de vida genuína que não resulte de uma confiança perpétua em que “agora… nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).

É impossível especificarmos todas as razões para tal atitude em relação a esta doutrina que constitui o âmago do próprio evangelho. No entanto, neste artigo comentarei duas das principais fontes.

Cultura Cristã como Moralismo de Autoajuda

Embora os reformadores tenham dito isso de maneiras diferentes, foi o teólogo reformado J. H. Alsted que, no início do século XVII, identificou a doutrina da justificação como o “artigo pelo qual a igreja se mantém de pé ou cai”. Contudo, no século seguinte, denominações protestantes que haviam selado esta confissão com o sangue de mártires foram sujeitando-a, gradualmente, a várias formas de moralismo que predominavam na época do Iluminismo – e, em muitos casos, piores do que as distorções que haviam provocado a Reforma. Até nos círculos pietistas, onde a fé vital em Cristo era preservada, a balança se inclinou cada vez mais em favor de obediência e piedade subjetivas, e, assim, a justificação foi subordinada à santificação.

Quando o arminianismo ganhou forças, um novo legalismo (identificado pelos círculos reformados como “neo-nomianismo”) entrou nas igrejas comprometido formalmente com a doutrina evangélica e produziu uma suspeita da pregação de eleição e justificação como motivações para o “antinomianismo”. Depois de ler a obra A Serious Call to a Devout and Holy Life (Uma Chamada Solene a uma Vida Piedosa e Santa), de William Law, John Wesley se convenceu de que o calvinismo remanescente na Igreja da Inglaterra impedia um avivamento genuíno da piedade interior e o discipulado comprometido. Embora Wesley viesse, por fim, a abraçar a doutrina da justificação, ele ficou preocupado com que a justificação levaria à licenciosidade, se não fosse subordinada à santificação.

Nas colônias americanas, o Grande Despertamento, sob a liderança de Jonathan Edwards e George Whitefield, proclamaram as boas novas da graça justificadora de Deus em Cristo. Entretanto, na época do Segundo Grande Despertamento, uma teologia contrária se tornou a teologia operante de muitos grupos protestantes na nova república. A igreja é uma sociedade de reformadores morais, disse o seu principal evangelista, Charles Finney. Se o calvinismo era verdade, como poderia haver qualquer transformação genuína da sociedade?

Os críticos de Finney o acusaram de pelagianismo – a antiga heresia que ensinava, em essência, que não nascemos inerentemente pecaminosos e que somos salvos por seguir o exemplo moral de Cristo. Indo além dos erros da Igreja de Roma, a Teologia Sistemática de Finney negava explicitamente o pecado original e insistia em que o poder da regeneração está nas mãos do próprio pecador, rejeitava qualquer noção de uma expiação vicária, em favor da influência moral e de teorias de governo morais, e considerava a doutrina da justificação pela justiça imputada como “impossível e absurda”. 2

No que diz respeito ao complexo de doutrinas que ele associava com o calvinismo (incluindo o pecado original, a expiação vicária, a justificação e o caráter sobrenatural do novo nascimento), Finney concluiu: “Nenhuma doutrina é mais perigosa do que esta para a prosperidade da igreja, e nada é mais absurdo”. “Um avivamento não é um milagre”, ele declarou. De fato, “Não há nada na religião que esteja além dos poderes comuns da natureza”. 3 Ache os métodos mais proveitosos (“estímulos”, ele os chamou), e haverá conversão. “Um avivamento declinará e cessará”, Finney alertou, “se os cristãos não forem frequentemente reconvertidos“. 4 No final de seu ministério, quando Finney considerou a situação de muitos que haviam experimentado seus avivamentos, ele temia que a fome interminável por experiências cada vez maiores pudesse levar à exaustão espiritual. 5 De fato, suas preocupações eram justificáveis. A região em que predominaram os avivamentos de Finney é agora referida pelo historiadores como o “distrito queimado”, um canteiro tanto de desilusão como de proliferação de várias seitas. 6 Desde então, o evangelicalismo tem se caracterizado por uma sucessão de movimentos entusiastas aclamados como “avivamentos”, que se extinguem tão rapidamente quanto se espalham. Paulo poderia dizer hoje sobre o protestantismo americano o que ele disse sobre os seus irmãos segundo a carne:

Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus. Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê (Rm 10.3-4).

Há duas religiões, disse Paulo: “a justiça decorrente das obras” e “a justiça decorrente da fé”. Enquanto a primeira segue fervorosamente seus esquemas de autossalvação, como que tentando trazer Cristo para baixo ou levantando-o dentre os mortos, a segunda apenas recebe a palavra de Cristo e descansa somente nela (vv. 5-8). “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?… E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (vv. 14, 17).

Não parece incorreto considerar as alegações teológicas de Finney como pelagianas. E sua influência permanece conosco hoje, tanto no protestantismo ecumênico como no evangélico. Dietrich Bonhoeffer viu isto claramente em sua visita aos Estados Unidos, ao descrever o cristianismo americano como “protestantismo sem a Reforma”. 7 Em vez da influência de um testemunho verdadeiramente evangélico, foi a propagação rápida do avivalismo arminiano, especialmente no próspero Oeste, que se mostrou mais eficaz em produzir “resultados”. A doutrina em geral, e o calvinismo em específico, impediu o surgimento de uma América cristã. “Obras e não credos” têm uma linhagem extensa na história do movimento.

Em geral, os americanos são o tipo de pessoas “prospere por seus próprios esforços”. Isto é o que, em parte, justifica a enorme validade dos negócios e da indústria americana. Mas também se tornou uma religião. Aqueles que saíram da miséria para a riqueza dificilmente aceitarão o fato de que, pelo menos diante de Deus, eram pecadores desamparados que precisavam ser resgatados.

No contexto contemporâneo, o protestantismo americano, da esquerda ou da direita, está comprometido com o legado de Finney, quer saiba, quer não. Isso pode ser reconhecido no “evangelho social” da esquerda e nas lamentações moralistas da direita; no pragmatismo de “como” do movimento de crescimento de igreja e na vasta literatura e pregação de autoajuda que se tornou a dieta da subcultura cristã; e na obsessão terapêutica por espiritualidade interior e ativismo social que pode ser vista no movimento Igreja Emergente. Mesmo quando o evangelho é formalmente afirmado, ele se torna um instrumento para motivar a vida pessoal e pública (salvação por obras), e não um anúncio de que a ira justa de Deus foi satisfeita e de que seu favor imerecido foi dado gratuitamente em Jesus Cristo.

Digo tudo isto com profunda tristeza por ter de dizê-lo, porque é a pior coisa que pode ser dita sobre uma igreja. Paulo falou severamente com os coríntios por causa de sua imoralidade, mas nunca questionou se eles eram realmente uma igreja. Mas, quando a igreja da Galácia estava confundindo o evangelho da justificação gratuita de Deus por meio da fé, Paulo os advertiu de que estavam em risco de serem excluídos – excomungados, “anátemas”.

E a preocupação que expressei não se limita a alguns poucos calvinistas e luteranos petulantes. De acordo com o bispo William Willimon, da Igreja Metodista Unida, “a autossalvação é o alvo de muito da nossa pregação”. 8 Willimon percebe que muito da pregação contemporânea presume que a conversão é algo que nós produzimos por meio de nossas próprias palavras e ordenanças. “Neste respeito, somos herdeiros de Charles G. Finney”, o qual pensávamos que a conversão não é um milagre, e sim um “resultado puramente filosófico [ou seja, científico] do uso correto dos meios constituídos”.

Esquecemos que houve um tempo em que os evangelistas eram obrigados a defender suas “novas medidas” de avivamentos, que houve um tempo em que os pregadores tinham de defender sua preocupação com a reação dos ouvintes aos seus detratores calvinistas, os quais pensavam que o evangelho era mais importante do que seus ouvintes. Estou aqui argumentando que avivamentos são miraculosos, que o evangelho é tão estranho, tão contrário às nossas inclinações naturais e às enfatuações de nossa cultura, que nada menos do que um milagre é exigido a fim de que haja um verdadeiro ouvir. Minha posição é, portanto, mais próxima da posição do calvinista Jonathan Edwards do que da posição de Finney. 9

Apesar disso, “o futuro homilético, infelizmente, está com Finney e não com Edwards”, levando ao guru de marketing evangélico George Barna, que escreve:

Jesus Cristo era um especialista em comunicação. Ele comunicou sua mensagem em diversas maneiras e com resultados que seria um crédito para as agências modernas de marketing e propaganda. Ele promoveu seu produto da maneira mais eficiente possível: por comunicá-lo com as “melhores perspectivas”… Ele entendia completamente o seu produto, desenvolveu um incomparável sistema de distribuição, fomentou um método de promoção que penetrou cada continente e ofereceu seu produto a um preço que está ao alcance de todo consumidor (sem tornar o produto tão acessível a ponto de perder seu valor). 10

A pergunta que surge naturalmente diante de tais observações é esta: É possível dizer que Jesus fez alguma coisa nova? “Infelizmente”, diz Willimon, “a maioria da pregação evangelística que conheço é um esforço para aprofundar pessoas cada vez mais em sua subjetividade, e não uma tentativa de resgatá-las de tal subjetividade”. 11 Nossa verdadeira necessidade, sintamos ou não, é que distorcemos sistematicamente e ignoramos a verdade. Esta é a razão por que precisamos de “uma palavra externa”. 12 “Portanto, em um sentido, não descobrimos o evangelho; ele nos descobre. ‘Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros’ (Jo 15.16).” 13 “A história é euangelion, boas novas, porque ela é a respeito da graça. Mas é também novas porque não é conhecimento comum, não é o que nove entre dez americanos já sabem. O evangelho não vem naturalmente. Ele vem como Jesus.” 14

A fé e a prática evangélica proclamadas nas Escrituras é sempre não natural para nós. Nascidos em pecado, corrompidos em nós mesmos, supomos instintivamente que somos pessoas boas que poderiam ser melhores, se tivéssemos um bom plano, ambiente e exemplos. Quando visitamos pessoas em seu leito de morte, ficamos desconcertados quando encontramos velhos membros de igrejas de confissão reformada expressando sua esperança de terem sido suficientemente bons para que Deus os aceite. Nascemos pelagianos, confiando em nós mesmos e não em Deus; e esta é a nossa condição padrão mesmo como cristãos. Essa é a razão por que nunca admitimos o evangelho; ele tem de ser a dieta principal não somente para o começo da peregrinação cristã, mas também para o meio e para o fim. Quando as coisas se deterioram em nossa fé pessoal ou coletiva, a direção é sempre a mesma: caímos de novo na justiça de obras.

Períodos de vitalidade e saúde genuínas são sempre a consequência de redescobrirmos o evangelho da graça; épocas de declínio estão sempre associados com o eclipse do evangelho de um resgate totalmente divino, na pessoa e obra de Jesus Cristo. Visto que Satanás perdeu a guerra no Gólgota e no sepulcro, ele tem voltado os seus ataques para a fé dos crentes no evangelho e para o progresso do evangelho até aos confins da terra. Ele conhece o nosso ponto fraco e o explora. Se não pode destruir a igreja por perseguição, Satanás a enfraquecerá por meio de heresia. E o “pelagianismo” – a autossalvação em todas as suas formas – é seu melhor best-seller.

Depois de realizar, com sua equipe, inúmeros estudos nos últimos anos, o sociólogo Christian Smith, da Universidade da Carolina do Norte, concluiu que a religião da juventude americana pode ser caracterizada como “deísmo moralista e terapêutico”. Quando o entrevistamos recentemente para o ministério White Horse Inn e para a revista Modern Reformation, ele disse que não há nenhuma diferença entre os que não frequentam a igreja e os jovens criados em igrejas evangélicas hoje.

Quem Precisa da Justificação?

Deus justifica o ímpio. Isso é muito radical. É mais radical do que a afirmação de que Deus cura o moralmente enfermo e dá graça àqueles que estão dispostos a cooperar para isso ou que ele recompensa aqueles que tentam fazer o seu melhor. Nem precisamos negar abertamente a justificação. Ela é relevante apenas quando paramos de fazer a pergunta mais importante. Você tem problemas no casamento e com os filhos? Com certeza. Não vive de acordo com suas expectativas? Todos não vivem assim também? Não está conseguindo o máximo da vida e precisa de algum conselho legal? Sou todo ouvidos. Mas não nos importamos com o fato de que somos “pecadores nas mãos de um Deus irado”, se nunca nos deparamos com um Deus santo. E, se não sentimos uma grande necessidade, não clamamos por um grande Salvador.

Os católicos romanos e os protestantes costumavam debater sobre como os nascidos em pecado original são salvos pela graça. No entanto, essas categorias teológicas estão sendo substituídas, entre os divisores católico/protestante e liberal/evangélico, por categorias terapêuticas, pragmáticas e consumistas que parecem tornar irrelevante o próprio discurso sobre o evangelho. A pergunta “Como posso ser aceito por um Deus santo?” é substituída por uma busca por autorrealização, autorrespeito, autoestima e esforço próprio. E há abundância de pregadores que fomentarão o nosso narcisismo, tratando de nossa ferida como se não fosse tão grave e dizendo-nos como podemos ter nossa melhor vida agora mesmo.

A justificação se torna um símbolo vazio quando Deus não é mais um problema para a humanidade, e sim um ícone controlável ou de uma transcendência irrelevante ou de uma fonte imanente e proveitosa de bem-estar terapêutico e causas morais. Não sendo mais perdidos, agora somos mais semelhantes a vítimas disfuncionais, mas bem intencionadas, que apenas precisam de “capacitação” e melhores instruções. Nossa experiência é remota daquela dos israelitas reunidos ao pé do monte Sinai, quando ouviram a terrível voz de Deus e imploraram por um mediador.

Quando a santidade de Deus é obscurecida, a condição pecaminosa do homem é ajustada, primeiramente, ao nível de pecados – ou seja, a atos ou hábitos específicos que exigem repreensão e melhora. Cansados de intimidações que realmente trivializam a condição pecaminosa, a próxima geração adota uma abordagem mais positiva, oferecendo “dicas para viver” que tornarão a vida mais feliz, mais saudável e mais realizadora. Por fim, a dimensão vertical é quase perdida. O que torna o pecado pecaminoso é o fato de que ele é, antes de tudo, uma ofensa contra Deus (Sl 51.3-5). Todavia, o resultado dessa mentalidade que obscurece a santidade de Deus, é que não é mais concebível que Deus tenha se tornado carne para sofrer a sua própria ira. O propósito da cruz é levar-nos ao arrependimento por mostrar-nos quanto Deus nos ama (a teoria de influência moral da expiação), para demonstrar a justiça de Deus (a teoria de governo moral) ou para libertar os oprimidos de estruturas sociais injustas (Christus Victor). Mas uma coisa que a cruz não pode ser é o meio pelo qual somos “justificados por seu [de Cristo] sangue”, “somos por ele salvos da ira” (Rm 5.9).

De fato, o teólogo luterano George Lindbeck explorou recentemente a relação inseparável entre a justificação e a expiação, concluindo que, mesmo onde aquela é formalmente afirmada, a ampla falta de interesse em nossa rejeição franca da linguagem tradicional da expiação deixa-a sem especificidade suficiente. Pelo menos na prática, a visão de salvação de Abelardo, a salvação por seguir o exemplo de Cristo (e a cruz como a demonstração do amor de Deus que motiva o arrependimento) agora parece ter uma distinção clara em relação à teoria de satisfação de Anselmo sobre a expiação. “A expiação não está no topo das agendas contemporâneas de católicos ou de protestantes”, Lindbeck conjectura. “Mais especificamente, as versões penal e vicária da teoria de satisfação de Anselmo que predominaram entre o povo durante centenas de anos estão desaparecendo. 15 Isso é tão verdadeiro para os protestantes evangélicos quanto para os protestantes liberais. 16

Aqueles que continuaram a usar a linguagem sola fide presumiam estar em concordância com os reformadores, não importando quanto; mas, sob a influência do pietismo e do avivalismo norteado por conversões, eles transformaram a fé que salva em uma boa obra meritória do livre-arbítrio, uma decisão voluntária de crer que Cristo sofreu a punição do pecado na cruz em meu favor, em favor de cada pessoa individualmente. Embora pareça muito improvável, devido à metáfora usada na Bíblia (e à passagem joanina da qual ela vem), todos são, portanto, capazes de “nascer de novo”, se apenas tentarem o máximo que puderem. Assim, com a perda do entendimento da Reforma quanto à fé que justifica como um dom do próprio Deus, a teoria de expiação sustentada por Anselmo se tornou culturalmente associada com uma justiça própria que era tanto moral quanto religiosa e, por conseguinte, era mais ofensiva, seus críticos pensavam, do que a justiça própria basicamente moral dos liberais abelardianos. Avançando em nossa história: os liberais cessaram progressivamente de ser abelardianos. 17

“Nossa cultura terapêutica de sentir-nos cada vez melhor é contrária à pregação da cruz” e nossa “sociedade consumista” fez da doutrina um pária. 18 “Uma característica mais desconcertante deste desenvolvimento, que tem afetado igrejas professamente confessionais, é o silêncio a seu respeito. Tem havido poucos protestos audíveis.” 19 Até teologias mais contemporâneas a respeito da cruz promovem o padrão de Jesus como Modelo, mas a própria justificação é raramente descrita em harmonia com o padrão da Reforma, mesmo por evangélicos conservadores, Lindbeck sugere. A maioria deles, como já indicamos, são conversionistas apegados a versões arminianas da ordo salutis, que estão muito mais distantes da teologia da Reforma do que esteve o Concílio de Trento. 20 “Onde a cruz estava, agora há um vácuo.” 21 Hoje, o evangelicalismo parece mais com Erasmo do que com Lutero.

A Justificação Promove a Paixão pela Renovação Genuína

Hoje, um número cada vez maior de teólogos e líderes evangélicos repetem a acusação de Pelágio contra Agostinho, de Roma contra os reformadores e do liberalismo protestante contra o evangelicalismo, ou seja, nas palavras de Albert Schweitzer: “Não há lugar para ética na doutrina da justificação sustentada pela Reforma”. Seguindo teólogos evangélicos como Stanley Grenz, Brian McLaren e outros líderes da “Igreja Emergente” desafiam explicitamente sola fide como um obstáculo ao principal ponto do cristianismo: seguir o exemplo de Jesus. Embora o viver autêntico traga valor ao evangelho, o seguir o exemplo de Jesus está se tornando cada vez mais o evangelho.

A observação de G. C. Berkouwer ainda é relevante em nossos próprios dias, quando ele escreveu que “o problema da renovação de vida é atrair a atenção dos moralistas”.

Entre inúmeras forças caóticas e desmoralizantes, está ressoando, como pela última vez, o clamor por ajuda e ensino, pela reorganização de um mundo desordenado. A terapia prescrita talvez varie, a chamada por rearmamento moral e espiritual é uniformemente insistente… Estas são as questões que temos de responder. Pois, implícita nelas, está a intenção de destruir a conexão entre a justificação e a santificação, bem como o vínculo entre a fé e a santificação. 22

Paulo relaciona tudo, inclusive a santificação, os problemas de ética e harmonia eclesiástica, à cruz e à ressurreição de Cristo.

Outro dia, um pastor me contou que alguns de seus colegas expressaram a preocupação de que pregar muito a graça, especialmente a justificação, era perigoso – se não fosse logo acompanhada por advertências à obediência. Conhecendo bem este pastor, fiquei surpreso com o fato de que estivessem apontando para ele esta preocupação. Afinal de contas, ele é correto em sua teologia. Afirma e prega o terceiro uso da lei (como um guia para a obediência cristã). Às vezes, esquecemos que Paulo foi acusado de ser antinomiano – ou seja, de convidar as pessoas a pecar para que a graça fosse mais abundante. Mas, em vez de evitar a doutrina da justificação (Rm 3-5) que ele sabia haveria de provocar essa questão de novo, o apóstolo explicou como o evangelho é a resposta para a tirania do pecado, bem como da sua condenação (Rm 6). O evangelho da justificação gratuita é a fonte de santificação genuína e não seu inimigo. No entanto, isso é contrário ao que o nosso senso comum sugeriria. É a lógica do evangelho e não a lógica de justiça de obras.

Como uma cultura nativa, o evangelicalismo americano é ativista. Somos acostumados a ser produtores e consumidores, mas não recebedores – pelo menos, pecadores desamparados e ímpios que têm de reconhecer que sua salvação é um dom gratuito, independente de sua decisão e esforço (Rm 9.16). Obcecados com o que acontece conosco, a espiritualidade evangélica tem por muito tempo – pelo menos na prática – obscurecido as boas novas daquilo que aconteceu de uma vez por todas fora de nós. A justificação pode ser relevante para evitar a ira de Deus (pelo menos onde ela ainda é afirmada), mas ela é realmente tão importante para a vida cristã? Não seria mais proveitoso e prático aprender passos que conduzem à vitória sobre o pecado em nossa vida e nossa cultura?

No livro Revisioning Evangelical Theology (Revisando a Teologia Evangélica), Stanley Grenz argumenta que o evangelicalismo é mais uma “espiritualidade” do que uma “teologia”, mais interessado na piedade individual do que em credos, confissões e liturgias. 23 A experiência dá origem a – na verdade, ele diz, “determina” – doutrina, e não vice-versa. 24 O principal ponto da Bíblia é como as histórias podem ser usadas no viver diário – por isso, a ênfase em devoções diárias. “Embora alguns evangélicos pertençam a tradições eclesiásticas que entendem, em algum sentido, a igreja como um despenseiro de graça, em geral vemos nossas congregações principalmente como uma comunhão crentes.” 25Compartilhamos nossas jornadas (nosso “testemunho”) de transformação pessoal. 26 Portanto, “uma mudança fundamental de autoconsciência pode estar em andamento” no evangelicalismo, “uma mudança de identidade baseada em credo para uma identidade baseada em espiritualidade” que é mais semelhante ao misticismo medieval do que à ortodoxia protestante. 27 Consequentemente, a espiritualidade é interior e quietista”, 28 preocupada com combater “a natureza inferior e o mundo”, 29 por meio de “um compromisso pessoal que se torna o foco crucial das afeições do crente”. 30 Portanto, a origem da fé não é atribuída a um evangelho externo, mas surge de uma experiência interior. “Visto que a espiritualidade é gerada a partir do interior do indivíduo, motivação interior é crucial” – mais importante, de fato, do que “grandes afirmações teológicas”. 31

A vida espiritual é, antes de tudo, a imitação de Cristo… Em geral, evitamos rituais religiosos. Rejeitamos a aderência servil a ritos, mas o fazer o que Jesus faria é o nosso conceito de verdadeiro discipulado. Consequentemente, a maioria dos evangélicos não aceitam o sacramentalismo de muitas igrejas tradicionais, nem se unem aos quacres que eliminam completamente os sacramentos. Praticamos o batismo e a Ceia do Senhor, mas entendemos o significado destes ritos de maneira prudente. 32

Ele diz que estes ritos são praticados como estímulos para a experiência pessoal e não por obediência à ordem divina. 33

Prossiga no dever; coloque sua vida em ordem, para que, pela uso dos meios de ajuda, você cresça e veja se não amadurece espiritualmente”, nós exortamos. De fato, se um crente chega ao ponto em que sente que a estagnação se estabeleceu, o conselho evangélico é redobrar os seus esforços no dever de praticar as disciplinas. “Examine a si mesmo”, o conselheiro espiritual evangélico admoesta. 34

Vamos à igreja, ele diz, mas não para recebermos “os meios de graça”, e sim para que tenhamos comunhão, recebamos “instrução e encorajamento”. 35 A ênfase no crente individual é evidente, ele diz, na expectativa de “achar um ministério” na comunhão local. 36 Tudo isso é contrário a uma ênfase em doutrina e, Grenz acrescenta, uma ênfase em “um princípio material e formal” – em outras palavras, solo Christo e solo Scriptura. 37

Quando a transformação pessoal e social se torna o principal ponto de fé e prática, não devemos admirar que a linha distintiva entre catolicismo romano e evangelicalismo se obscurece. Para Roma, é claro, a justificação é simplesmente santificação: a transformação moral do crente. A graça é oferecida, mas temos de cooperar com ela, se temos finalmente de ser aceitos e renovados. De fato, com sua história mais longa e mais sofisticada de influência cultural, a superioridade de Roma na arena de transformação do mundo é aparente. De fato, uma vez que nosso interesse em melhorarmos a nós mesmos e ao mundo tenha tornado irrelevante (ou mesmo problemática) a justificação somente pela fé, por que os mórmons e os evangélicos devem continuar divididos? Não mais divididos por doutrina, a “cultura de protestantismo” da América ameaça submergir totalmente o evangelicalismo, como o fez nas principais denominações ecumênicas. As únicas denominações que ficarão com alguma identidade serão, talvez, os partidos Republicano e Democrata.

De acordo com o que já consideramos, a justificação não é o primeiro estágio da vida cristã, e sim a fonte permanente de santificação e boas obras. Lutero resume: “‘Porque você crê em mim’, diz Deus, ‘e sua fé se apropria de Cristo, que eu lhe dei gratuitamente como Justificador e Salvador, portanto, seja justo’. Assim, Deus aceita você e o considera justo tão somente por causa de Cristo, em quem você crê”. 38 Não importando qualquer outra boa nova (concernente ao novo nascimento, à vitória de Cristo sobre a tirania do pecado e à promessa de nos renovar durante toda a nossa vida, à ressurreição de nosso corpo e ao livramento da presença do pecado) ou quaisquer exortações úteis que possamos oferecer, o anúncio que Lutero resume nestas palavras cria sozinho e sustenta a fé que não somente justifica, mas também santifica.

As boas obras podem ser realizadas agora livremente para Deus e o nosso próximo sem qualquer temor de punição ou de agonia quanto aos motivos confusos de cada ato. Por causa da justificação em Cristo, até as nossas boas obras podem ser “salvas”, para aprimorar não a parte de Deus, nem mesmo a nossa, e sim a do nosso próximo. Como Calvino explica,

Mas se, libertos desta exigência severa da lei ou, melhor, de todo o rigor da lei, eles ouvem a si mesmos sendo chamados com cordialidade paternal por Deus, eles responderão com alegria e grande ardor e seguirão esta orientação. Resumindo: aqueles que estão presos ao jugo da lei são, igualmente, servos que recebem certas tarefas de seus senhores, cada dia. Estes servos pensam que não fizeram nada e não ousam comparecer diante de seus senhores, se não cumprirem a medida exata de seus deveres. Mas filhos, que são tratados mais generosa e brandamente por seus pais, não hesitam em oferecer-lhes obras incompletas, feitas pela metade e até deficientes, crendo que sua obediência e prontidão de mente será aceita por seus pais, embora não tenham realizado o que seus pais tencionavam. Devemos ser esse tipo de filho, crendo firmemente que nossos serviços serão aprovados por nosso Pai muitíssimo misericordioso, ainda que esses serviços sejam insignificantes, rudes e imperfeitos… E precisamos desta segurança em grau profundo, pois, sem ela, tentaremos fazer tudo em vão. 39

“Por causa da justificação”, acrescenta Ames, “a corrupção das boas obras não impede que elas sejam aceitas e recompensadas por Deus”. 40

Este ponto de vista não somente fundamenta as boas obras na fé, mas também liberta os crentes para amarem e servirem seu próximo sem o motivo de obterem alguma coisa ou o temor de perderem o favor divino. Ele nos libera para um ativismo que abrange o mundo e é profundamente consciente de que, embora nosso amor e serviço nada contribuam para Deus e sua avaliação de nossa pessoa, eles são, apesar de realizados com fragilidade, indiferença e imperfeição, meios pelos quais Deus cuida da criação.

Mesmo com a terminologia medieval, a teologia reformada pode manter o seguinte:

A renovação não é um mero suplemento, um acréscimo, à salvação dado na justificação. O âmago da santificação é a vida que se desenvolve da justificação. Não há contraste entre a justificação como o ato de Deus e a santificação como o ato do homem. O fato de que Cristo é a nossa santificação não é exclusivo, e sim inclusivo, de uma fé que se apega tão somente a ele em toda a vida. A fé é o eixo sobre o qual tudo gira. Embora a própria fé não crie a santificação, ela nos preserva de autossantificação e de moralismo. 41

A questão real, disse Berkouwer, é se a justificação é suficiente para fundamentar toda as bênçãos comunicadas em nossa união com Cristo. “O mesmo catecismo [Heidelberg, Dia do Senhor, pergunta 24] que nos nega até uma justiça parcial de nós mesmos menciona o propósito solene com o qual os crentes começam a viver” de acordo com todos os mandamentos.

É o começo que tem sua base unicamente na justificação pela fé… Não é verdade que a santificação apenas sucede a justificação. O Dia do Senhor, pergunta 31, que discute as chaves do reino, ensina que o reino é aberto e fechado pela proclamação “aos crentes, um e todos, de que, quando eles recebem a promessa do evangelho por meio da fé verdadeira, todos os seus pecados lhes são realmente perdoados”. Este “quando” ilustra a relevância permanente da correlação entre a fé e a justificação… O propósito da pregação dos Dez Mandamentos é que os crentes possam “tornar-se mais fervorosos em buscar a remissão dos pecados e a justiça em Cristo” [Catecismo de Heidelberg, Pergunta 115]… Por conseguinte, nunca há progresso no caminho da salvação onde a justificação é tirada de vista. 42

“A santificação genuína – seja repetido – permanece firme ou decai com esta orientação permanente direcionada para a justificação e a remissão dos pecados.” 43 Quando falamos sobre santificação, não deixamos a justificação para trás. “Não estamos aqui preocupados com a transição da teoria para a prática; como se devêssemos proceder de uma fé na justificação para as realidades da santificação, porque podemos, da mesma maneira, falar sobre a realidade da justificação e da nossa fé na santificação.” 44 Paulo ensina que os crentes são “santificados em Cristo Jesus” (1 Co 1.2, 30; 6.11; 6.11; 1 Ts 5.23; cf. At 20.32; 26.18). Como Bavinck o diz: “Muitos reconhecem, de fato, que somos justificados pela justiça de Cristo, mas parecem pensar que – pelo menos, agem como se pensassem – têm de ser santificados por uma santidade que eles mesmos adquiriram”. 45

“O apóstolo Paulo”, Berkouwer escreve, “prega santidade com repetido fervor, mas de maneira nenhuma ele compromete sua declaração inequívoca: ‘Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado’ (1 Co 2.2)”.

Nem por um momento ele afrontaria as implicações dessa confissão. Por conseguinte, em cada exortação ele devia estar relacionando seu ensino à cruz de Cristo. Deste centro, todos os raios brilham em direção ao exterior – atingindo a vida de cidades e vilas, de homens e mulheres, de judeus e gentios; atingindo famílias, jovens e idosos, conflitos e desafetos, imoralidade e bebedeira.

Se queremos manter em perspectiva este centro, bem como os raios mais suaves e mais intensos que fluem dele, temos de ser plenamente cientes de que, em mudarmos da justificação para a santificação, não estamos nos retirando da esfera da fé. Não estamos aqui preocupados com a transição da teoria para a prática; como se devêssemos proceder de uma fé na justificação para as realidades da santificação, porque podemos, da mesma maneira, falar sobre a realidade da justificação e da nossa fé na santificação .46

Isso significa que Berkouwer achava “incompreensível” que o ponto de vista da Reforma tenha sido criticado como algo que não exercia qualquer influência na santificação ou na vida de santidade. Ela tem tudo a ver com a santificação, porque ela leva tudo de volta à fé em Cristo. 47

Portanto, a santificação não é um projeto humano que suplementa o projeto divino de justificação, nem um processo de negociar as relações causais entre o livre-arbítrio e a graça infundida; é, antes, o impacto da Palavra justificadora de Deus em cada aspecto da vida humana. É tempo de colocarmos os bois na frente do carro novamente, para que, primeiramente, a igreja seja, outra vez, um lugar onde a obra salvadora de Deus será conhecida e experimentada e, também, para que aquela genuína renovação pessoal e coletiva possa surgir a partir da contínua maravilha do evangelho: a justificação gratuita de Deus para os ímpios – até mesmos cristãos.

Notas:

1 – Ver Michael Horton, “What’s All the Fuss About?: The Status of the Justification Debate”, Modern Reformation 11, no. 2 (March/April 2002), pp. 17-21.
2 – Charles G. Finney, Systematic Theology (Minneapolis: Bethany, 1976), p. 320.
3 – Charles G. Finney, Revivals of Religion (Old Tappan, NJ: Revell, n. d.), pp. 4-5.
4 – Finney, Revivals of Religion, p. 321. Ênfase no original.
5 – Ver Keith J. Hardman, Charles Grandison Finney: Revivalist and Reformer (Grand Rapids: baker, 1990) pp. 380, 394.
6 – Ver, por exemplo, Whitney R. Cross, The Burned Over District: The Social and Intellectual History of Enthusiastic Religion in Western New York, 1800-1850 (Ithaca, N.Y.: Cornell University Press, 1982).
7 – Dietrich Bonhoeffer, “Protestantism without the Reformation, em No Rusty Swords: Letters, Lectures and Notes, 1928-1936, ed. Edwin H. Robertson, trans. Edwin H. Robertson e John Bowden (London: Collins, 1965), pp. 92-118.
8 – William H. Willimon, The Intrusive Word: Preaching to the Unbaptized (Eugene, Ore.: Wipf & Stock, 2002), p. 53.
9 – Willimon, p. 20.
10 – Willimon, p. 21, citando George Barna, Marketing the Church: What They Never Taught You about Church Growth (Colorado Springs, NavPress, 1988), p. 50.
11 – Willimon, p. 38.
12 – Willimon, p. 38.
13 – Willimon, p. 43.
14 – Willimon, p. 52.
15 – George Lindbeck. “Justification and Atonement: An Ecumenical Trajectory”, em Joseph A. Burgess e Marc Kolden, eds., By Faith Alone: Essays on Justification in Honor of Gerhard O. Forde (Grand Rapids: Eerdmans, 2004), p. 205
16 – Lindbeck, pp. 205, 206.
17 – Lindbeck, pp. 207.
18 – Lindbeck, pp. 207.
19 – Lindbeck, pp. 208.
20 – Lindbeck, pp. 209.
21 – Lindbeck, pp. 211.
22 – G. C. Berkouwer, Studies in Dogmatics: Faith and Sanctification (Grand Rapids: Eerdmans, 1952), pp. 11-12.
23 – Stanley Grenz, Revisioning Evangelical Theology: A Fresh Agenda for the 21st Century (Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 1993), pp. 17, 31 e em todo o volume.
24 – Grenz, pp. 30, 34.
25 – Grenz, p. 32.
26 – Grenz, p. 33.
27 – Grenz, pp. 38, 41.
28 – Grenz, pp. 41-42.
29 – Grenz, p. 44.
30 – Grenz, p. 45.
31 – Grenz, p. 46.
32 – Grenz, p. 48.
33 – Grenz, p. 48.
34 – Grenz, p. 52.
35 – Grenz, p. 54.
36 – Grenz, p. 55.
37 – Grenz, p. 62.
38 – Martin Luther, Lectures on Galatians 1535, vol. 26, Luther’s Works, eds. Jaroslav Pelikan e Walter A. Hansen (St. Louis: Concordia Publishing House, 1963), p. 132.
39 – John Calvin, Institutes of Christian Religion, 3.19.5.
40 – William Ames, Marrow of Theology (Grand Rapids: Baker Academic, 1997), p. 171.
41 – Berkouwer, p. 93.
42 – Berkouwer, p. 77.
43 – Berkouwer, p. 78.
44 – Berkouwer, p. 20.
45 – Citado em Berkouwer, p. 22.
46 – Berkouwer, p. 20.
47 – Berkouwer, p. 20.


Autor: Michael Horton

Michael Horton é professor de Apologética e Teologia Sistemática na Westminster Seminary California (EUA). É formado pela Biola University, mestre pelo Westminster Seminary California e obteve seu pós-doutorado pela Universidade de Coventry e Wycliffe Hall, em Oxford. Horton é autor de vários livros, incluindo O Cristão e a Cultura e Face a Face com Deus (CEP).

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