sábado, 2 de novembro
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Adolescentes precisam de relacionamentos genuínos com Deus e seus pais

Construindo relacionamentos e influência

O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino. (Pv 1.7)

Talvez a maior técnica de segurança que podemos oferecer aos nossos jovens seja a disposição de buscar a verdade. Este é o ponto de partida da sabedoria, porque os direciona para um relacionamento com o Deus que os criou e os ama. Vivemos numa época em que os jovens acreditam possuir o direito de viver a vida à sua maneira, seguir a sua própria verdade e criar e recriar sua identidade. Nossos adolescentes precisam ver que existe um Deus amoroso e soberano que é o autor de sua história e define a verdade e o erro, o bem e o mal. Ele está escrevendo o roteiro de suas vidas, e é uma história muito melhor do que eles poderiam escrever para si mesmos. Ele é soberano, fiel, bondoso e digno de nossa confiança e lealdade. Precisamos atrair nossos filhos adolescentes para seu amoroso Pai celestial, em vez de reduzir a igreja e o cristianismo a uma lista moral do que se pode ou não fazer. Nossos filhos precisam de um relacionamento real com alguém que entre em suas experiências e tenha algo a lhes dizer. Eles precisam saber que Deus os ama e estabelece seus caminhos para ajudá-los a prosperar.

Efésios 5.15-16 diz: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus”. Numa fase de desenvolvimento em que todo o bom senso parece voar janela afora, é crucial ajudarmos nossos adolescentes a desenvolverem os músculos da sabedoria e do discernimento para lidar com as muitas provações que enfrentarão.

Muitas vezes, ao ensinarmos habilidades de segurança, criamos regras e fórmulas para tentar proteger nossos filhos de todos os males. Em vez de abordar nossos filhos adolescentes e jovens dessa maneira, devemos incentivá-los a adotarem os princípios bíblicos relacionados ao discernimento, sabedoria e relacionamentos. Esses princípios são fundamentados no relacionamento deles com o Deus vivo — é seu Pai celestial que os guiará em meio a qualquer dificuldade que possa surgir. Aprender os princípios bíblicos torna-se o pano de fundo para os jovens descobrirem a vida, avaliarem o comportamento, reconhecerem defeitos de caráter, detectarem enganos e perigos, e buscarem amigos e mentores maduros. Quanto mais incutirmos essas coisas em nossos filhos, mais elas se tornarão parte deles, e mais preparados estarão para viver com sabedoria à medida que se tornarem independentes.

Adolescentes precisam de relacionamentos com seus pais

Para muitos pais, a adolescência pode ser libertadora conforme seus adolescentes se tornam mais independentes e, simultaneamente, uma fonte de ansiedade, pois os adolescentes também estão lidando com novas provações e tentações. Embora muitos pais lidem com a adolescência com apreensão, esses anos podem ser uma oportunidade sem precedentes para os adolescentes crescerem em seu relacionamento com Deus e com seus pais. Você pode pensar que os adolescentes precisam menos de você à medida que envelhecem, mas não se engane: eles continuam a precisar de você, porém de maneiras diferentes de quando eram mais jovens.

Deus coloca a autoridade amorosa nas mãos dos pais. É nossa responsabilidade liderar, supervisionar e dirigir nosso lar de maneira sábia, piedosa e em oração. Uma autoridade amorosa e graciosa é confiável, sensata e benevolente, e também entende a necessidade de dirigir, instruir e estabelecer regras. Ela serve de exemplo de influência cristã e direciona as crianças para um Deus em quem podem confiar e seguir.

Mas os adolescentes muitas vezes se rebelam, rejeitando a autoridade dos pais. Às vezes, isso se deve a uma tendência desafiadora dentro do próprio jovem. Outras vezes, pode ser devido à influência de seus colegas ou pode refletir a forte aversão à autoridade encontrada em nossa cultura. Quando os adolescentes reagem de forma rebelde e desafiadora, muitas vezes tentamos restabelecer nossos direitos parentais citando as Escrituras e exigindo que as crianças obedeçam. Porém, quando os pais fazem isso, a maioria dos adolescentes não abaiXam a cabeça e humildemente se arrependem de seus caminhos. Em vez disso, respondem com disposição para lutar pelo controle e independência.

Acredito que a responsabilidade por grande parte disso é nossa, como pais. Muitas vezes, na forma como estruturamos nossa vida, costumamos, ainda que de forma inadvertida, abrir mão de nosso papel de pais e o entregar a outros. Grande parte do nosso tempo é gasto ocupando nossos filhos e reagindo a eles, em vez de envolvê-los em um relacionamento. Nossos filhos estão na escola o dia todo e depois muitas vezes se ocupam com esportes, aulas de música, ginástica ou até mesmo atividades da igreja. Quando as crianças estão em casa, elas estão fazendo a lição de casa, estão ocupadas com seus telefones ou estão jogando. Resumindo, nos tornamos irrelevantes para grande parte de sua experiência diária. Dada a nossa ausência de uma boa porção de sua vida — e o aumento da influência de colegas e da cultura —, por que nossos filhos continuariam a aceitar nossa autoridade?

Atividades e agendas lotadas limitam nossas oportunidades de influenciar nossos filhos. Um estilo de vida ativo não é errado, mas devemos estar cientes de quanto tempo dedicamos a envolver nossos filhos em relacionamentos significativos em vez de mantê-los ocupados. Um cultiva a intimidade, o outro cultiva o desapego passivo. Não se engane: as crianças buscam orientação e autoridade e, quando precisarem, provavelmente recorrerão à influência que capturou sua admiração e confiança, que muitas vezes é o seu grupo de colegas.

Construindo relacionamentos e influência à medida que os filhos crescem

A impotência dos pais é difícil de enfrentar. Às vezes, tentamos minimizar e justificar, mas não podemos simplesmente aceitá-la como inevitável ou atribuí-la a “atitudes adolescentes” ou às “crianças de hoje em dia”. Embora nosso papel e influência mudem à medida que nossos filhos crescem, ainda precisamos ser uma voz em suas vidas. Mas não se recupera esse impacto por meio de coerção, suborno ou ameaças. Isso vem através do relacionamento e do tempo que passamos juntos.

Para cumprir integralmente nossas responsabilidades parentais, precisamos priorizar a construção de um relacionamento com nossos adolescentes que demonstre cuidado, doação sacrificial, compaiXão genuína e estar presente para eles. Quanto mais graciosa e piedosa for nossa autoridade, mais nossos filhos desejarão segui-la e se submeter a ela.

Um relacionamento forte e piedoso serve aos nossos filhos adolescentes e jovens de muitas maneiras. Aqui estão algumas:

  • Cria uma atmosfera de respeito, admiração e cooperação.
  • Evoca segurança e conexão com as crianças.
  • Promove uma dependência saudável dos pais para nutrição espiritual e emocional.
  • Demonstra dependência de conselhos sábios para além de nós mesmos e, em última análise, dependência do Senhor.
  • Demonstra respeito adequado pela liderança e governança.
  • Constrói confiança ao encorajarmos certas respostas ou desencorajarmos escolhas específicas.

Promover essas qualidades em nossos filhos transmite integridade à vida diária e os prepara para prosperar no mundo onde viverão. Quando conquistamos confiança e influência na vida de nossos adolescentes, podemos nos sentir mais confiantes de que, se e quando eles enfrentarem situações perigosas ou preocupantes, teremos voz.

A autoridade dos pais não tem a ver com força, poder ou domínio. Tem a ver com confiança e influência sábia. Tem a ver com relacionamento e liderança cristã que valoriza o bem e a segurança daqueles que estão sendo liderados. Em vez de se tornar mais autoritário com seus filhos, invista em seu relacionamento com eles. Mostre-lhes que se importa e está comprometido com o bem deles. Isso pode não ser bem recebido no início e pode levar tempo. Você pode precisar limitar o número de atividades extracurriculares, o tempo com seus colegas e as tantas situações que afastam vocês uns dos outros, mas os resultados valem o esforço. Um relacionamento amoroso entre pais e filhos adolescentes é uma das maiores habilidades de segurança que você pode dar a eles. E isso lhes demonstrará o amor de seu Pai celestial.

Se você não sabe por onde começar, simplesmente comece fazendo perguntas sobre sua vida e seu mundo. Descubra o que eles gostam de fazer, quais atividades ou passatempos interessam a eles e por quê. Faça boas perguntas abertas (que eles não possam responder com um simples “sim” ou “não”). Peça-lhes para compartilhar sobre seu dia, ou sua opinião sobre coisas triviais (o último filme que saiu ou a pizza que você pediu para o jantar) e coisas relevantes (a legalização da maconha ou um colega que está fazendo escolhas ruins). Todas as tentativas de sua parte, quer eles respondam inicialmente ou não, demonstram seu desejo de conhecê-los.

Pode parecer cansativo e pouco produtivo, mas prossigamos e “não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gl 6.9).

Este artigo é um trecho adaptado e retirado com permissão do livro: Prepare seus filhos contra os perigos do mundo, de Julie Lowe, Editora Fiel.


Autor: Julie Lowe

Julie Lowe, MA, é membro do corpo docente do CCEF e conselheira profissional licenciada com quase duas décadas de experiência em aconselhamento. Julie também é ludoterapeuta registrada e desenvolveu um consultório nessa área no CCEF para melhor atender famílias, adolescentes e crianças. Julie é autora de vários livros na área de aconselhamento.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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