quinta-feira, 20 de fevereiro
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As boas notícias do evangelho

A maldição e o resgate

“Muitos podem pregar o Evangelho melhor do que eu; mas ninguém pode pregar um Evangelho melhor do que o meu.” — Charles H. Spurgeon

O Evangelho são as boas novas trazidas por Cristo. Apesar de se chamar “Boas Novas”, o verdadeiro Evangelho começa com péssimas novas, isto é, péssimas notícias. As novas do Evangelho só podem ser consideradas efetivamente boas porque nos concedem um escape do que acontecerá caso permaneçamos distantes de Deus, fugindo para os ídolos de nosso coração.

Entre esses ídolos estão o dinheiro, a pornografia, a mentira, a ganância, os vícios etc. — tudo aquilo que, a despeito de Deus, nos traz paz, alegria e satisfação passageiras. Cristo, porém, nos dá aquela paz que excede todo entendimento e que guarda nosso coração e mente nos momentos de desespero (Fp 4.6-7), quando, em geral, tendemos a buscar refúgio em nossos ídolos.

Péssimas notícias

O Evangelho começa com a notícia de que todos somos condenados. Todos quebramos a Lei de Deus, como já estudamos anteriormente, e isso nos torna culpados (Rm 3.10-12, 23). Toda culpa gera uma pena a ser paga — e a nossa é eterna, pois pecamos contra o Eterno. A condenação eterna se chama inferno (ou lago de fogo). É para lá que iríamos, caso Cristo não tivesse sido enviado (Ap 20.14-15; Ap 21.8).

Assim, o Evangelho começa com essa péssima notícia, à qual, porém, se segue a boa notícia de que Deus está disposto a nos tirar de nosso caminho de perdição e condenação.

Em vista de nossa impossibilidade de nos salvarmos do inferno por conta própria e de pagarmos, nesta vida, o que devemos ao eterno Deus, ele mesmo criou um meio de nos salvar e de cumprir nossa pena eterna. É aqui que entra a cruz (Lc 18.26-27).

Uma maldição

Outra informação que você precisa saber sobre o Evangelho é que ele é destinado a pessoas que estavam sob maldição. Todo condenado é visto na Bíblia como maldito. Trata-se de uma pessoa sobre quem repousam condenação e maldição eternas (Gl 3.10-13).

Para que o homem, maldito e condenado como é, seja transformado em alguém liberto, salvo e bendito (abençoado), é necessário que outro leve a culpa em seu lugar. Visto que Deus é justo, não há como um pecado ficar sem juízo e punição. Todo pecado será condenado.

Essa é a outra péssima notícia contida nas Boas Novas. Mais uma vez, por que, então, o Evangelho são boas novas?

São boas porque revelam a preocupação que quem as anuncia tem para conosco, avisando-nos do perigo que corremos e do desejo que Deus tem de nos tirar dessa situação (2Pe 3.9).

O resgate

Para dar fim à nossa maldição e condenação, Jesus de Nazaré assumiu o que pesava sobre nós. Isso foi previsto por vários profetas, como Isaías:

Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca…

Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu. (Is 53.4-7,10-12)

Sobretudo nas primeiras palavras, vemos claramente que “ele [Jesus] tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si”. Essas são figuras espirituais que descrevem o estado de nossa alma — uma alma doente, agonizante, condenada ao sofrimento eterno. Contudo, “ele tomou sobre si as nossas enfermidades”. Isso mudou a nossa história! Aleluia! Já que Jesus tomou sobre si a nossa condenação, ficamos livres dela. O texto de Isaías é tão especial que chega a afirmar que “ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar”. Não só o Senhor Jesus se deu voluntariamente por nós (Hb 5.7), por amor a nós, como ao próprio Deus Pai foi agradável tornar seu Filho maldito sobre a cruz e fazê-lo assumir toda a ira divina pelos nossos pecados. Veja como o Filho de Deus,

Jesus Cristo, também quis o mesmo que o Pai:

Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer. ( Jo 15.13-15)

Voltando a Isaías, o texto afirma que Jesus daria “a sua alma como oferta pelo pecado”, bem como que o Pai lhe daria “muitos como a sua parte” — ou seja, aqueles por quem ele morreu seriam seus servos, uma vez que ele “levou sobre si o pecado de muitos” (veja Mc 10.45).

Esse texto não poderia ser mais fantástico do que é. Deus é claríssimo em mostrar seu amor por seres humanos que nem haviam nascido e que, quando nascessem, correriam prontamente para o pecado. Ainda assim, ele nos amou primeiro, a fim de que, hoje, pudéssemos amá-lo (Rm 5.8).

Dando sua vida por nós, Jesus nos resgatou das trevas, da condenação, do sofrimento eterno, do vazio na alma e no coração. Morrendo na cruz por nós, ele é erguido, a fim de mostrar-nos o caminho para o céu. Seus braços abertos apontam a extensão de seu resgate — vidas de todos os cantos, do extremo leste ao extremo oeste, vidas que, sem culpa alguma, seriam abraçadas e recebidas na família de Deus, pois Jesus levou a culpa de todas elas durante seus momentos de angústia sobre a cruz (Cl 2.13-15).

As últimas palavras que Jesus proferiu antes de morrer são nossa maior segurança:

Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito. (Jo 19.30)

Está consumado! Ele fez tudo, pagou por tudo, a fim de que todos que se rendessem a ele, arrependidos sinceramente de seus pecados e crendo que Jesus levou suas culpas sobre si na cruz, fossem totalmente perdoados e desfrutassem de paz com Deus.

Este artigo é um trecho retirado e adaptado com permissão do livro Um guia para a nova vida: doutrinas básicas para o discipulado cristão, de Wilson Porte Jr., Editora Fiel.

CLIQUE AQUI para ler outros artigos que são trechos deste livro.


Autor: Wilson Porte

É bacharel em Teologia pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida e mestre em Teologia-histórica pelo Centro de Pós Graduação Andrew Jumper. É pastor da Igreja Batista Liberdade (SP) e professor no Seminário Martin Bucer e na Sociedade de Estudos Bíblicos Interdisciplinares. Wilson Porte é casado com Rosana e pai de Natan e Ana.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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