domingo, 24 de novembro
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As maneiras e os porquês do Todo-Poderoso

“Tocar-se-á a trombeta na cidade, sem que o povo se estremeça? Sucederá algum mal à cidade, sem que o Senhor o tenha feito?” (Am 3.6).

O enorme terremoto de 9.0 na escala Richter que abalou o Japão no dia 11 de março e o tsunami resultante, capturados tão espetacular e terrivelmente nos vídeos, produziu até 19 de março 18.000 mortes, não mencionando o possível desastre nuclear na usina de Fukushima, que poderia causar milhares de outras mortes.

Como devemos ver essas coisas? São meros acidentes? É apenas um terremoto, ou seja, um fenômeno natural explicado apenas em termos científicos? Isso é um julgamento de Deus sobre o Japão, uma nação orgulhosa em que somente 1% dos habitantes são cristãos? Devemos nós, como um budistas pode fazer, apenas aceitar isso como destino, admitindo que ninguém pode controlá-lo, ou devemos simplesmente deixar para lá?

Como em qualquer circunstância da vida, nossa única fonte é a Bíblia. E o que ela diz sobre catástrofes? João Calvino, em um comentário sobre Amós 3.6, diz que o som de uma trombeta recordava a Israel que Deus não fazia nada sem primeiro revelar seus segredos aos seus profetas. Nas palavras de Calvino: “O povo de Israel foi extremamente estúpido em não se arrepender depois de tantos avisos. Permaneceram em sua perversidade, embora tenham sido constrangidos pelos mais poderosos meios”. Calvino prossegue e diz que Amós nos recorda que as calamidades não acontecem por acaso… que o governo deste mundo é realizado por Deus e que nada acontece senão pelo seu poder. A palavra (no hebraico rah) traduzida neste versículo por “mal” significa qualquer coisa adversa a nós. É a mesma palavra hebraica usada em Isaías 45.6-7, onde o profeta diz: “Eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas”. A versão bíblica em português traduz “rah” em ambos os versículos pela palavra “mal”. E faz isso em vários outros versículos: “a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2.9); “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal!” (Is 5.20); “e ficareis consolados do mal que eu fiz vir sobre Jerusalém, sim, de tudo o que fiz vir sobre ela” (Ez 14.22).

Portanto, podemos descartar várias possibilidades quanto ao porquê da terrível devastação ocorrida no Japão. Primeira, isso não for mero acidente. Não foi apenas um terremoto que pode ser explicado em termos científicos. É claro que há uma explicação científica para o que aconteceu. De modo algum, os crentes devem depreciar os meios secundários que Deus designou. Deus opera pela maneira como criou e, agora, sustenta toda a sua criação (At 17.26). E a razão fundamental para catástrofes naturais é a queda no pecado realizada por Adão e Eva. Isso tornou o mundo rendido ao pecado, corrompido e necessitado de redenção, algo que Deus promete repetidas vezes em sua Palavra (Is 66.22-24; Rm 8.20-23; 2 Pe 3.13). Segunda, nós rejeitamos a explicação budista e sua consequente reação estoica. Certamente, devemos lamentar e entristecer-nos pela perda de vidas, bem como devemos orar pelo povo do Japão e pelos que realizam o trabalho de socorro. Devemos contribuir financeiramente para esse trabalho.

No entanto, a catástrofe foi um julgamento de Deus sobre pessoas de coração duro e orgulhosas? É claro de Amós, Isaías, Ezequiel e todos os profetas que Deus trouxe julgamento sobre as nações de seus dias porque elas estavam longe dele, envolvidas em todas as maneiras de comportamento licencioso, ímpio e destrutivo, colocando-se a si mesmos contra Deus. Também sabemos que Paulo declarou que a ira de Deus é revelada (tempo presente, voz passiva, modo indicativo de apokalupto, de onde temos nossa palavra apocalipse) do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade pela injustiça (Rm 1.18). Em outras palavras, Deus está sempre trazendo sua ira ao mundo porque persistimos no viver ímpio. Mas, podemos dizer sem equívocos que Deus está julgando o Japão por causa de rejeição perpétua das ofertas de graça por meio de muitos japoneses crentes e missionários que trabalham diariamente para levar o Japão a Cristo?

Para responder essa pergunta, precisamos primeiramente considerar uma situação semelhante trazida à atenção de Jesus. Em Lucas 13.1-5, falaram a Jesus sobre alguns galileus cujo sangue foi misturado, pelo ímpio Pôncio Pilatos, com os sacrifícios que eles realizavam. E, por uma boa medida, esses indagadores de Jesus queriam o que ele pensava sobre o recente acidente de construção em que dezoito pessoas foram mortas quando uma torre desabou sobre eles. A pergunta era: “Você acha que esses galileus eram maiores pecadores do que todos os outros galileus porque sofreram esse destino? E os que morreram no acidente de construção eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?” Adequando essa pergunta ao nosso contexto moderno, diríamos: a nação japonesa é mais ímpia e merecedora do julgamento de Deus do que somos nos Estados Unidos ou na Inglaterra? Aqueles que morreram no terremoto, no tsunami ou de exposição à radiação eram mais ímpios do que nós o somos? A maneira como Jesus respondeu essas perguntas nos dá a resposta que precisamos em nossa situação específica. Jesus disse aos seus questionadores: “Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis”. O que Jesus estava dizendo? Estava respondendo as perguntas por focalizar-se no que julga mais importante. A questão não é quão ímpias essas pessoas tinham sido. Elas não eram mais ímpias do que qualquer outra pessoa. Quando comparados com a lei de Deus, descobrimos que ninguém é justo, nem mesmo um (Rm 30.10, ss.). Temos uma tendência de especular sobre essas coisas, mas elas não são a preocupação no coração de Jesus. Ele muda o assunto diretamente para seus questionadores, procurando incutir-lhes a verdade de que, se não se arrependessem, todos pereceriam igualmente.

Portanto, devemos ver qualquer catástrofe como uma chamada de “despertamento” divina e graciosa. Devemos ver a Deus em todas essas coisas. Essas calamidades servem como advertências para que todas as pessoas parem e perguntem a si mesmas: “E se meu carro, com meu querido filhinho dentro, tivesse sido levado pelas ondas gigantes de cinco metros de altura, enquanto o limpador de pára-brisa traseiro limpava o vidro? O que nos teria acontecido? Aonde iríamos depois da morte? Essas são as perguntas que nós e todas as pessoas devemos fazer a nós mesmos! Não podemos dizer com certeza que Deus está executando vingança sobre o Japão. Evidentemente, Deus fez isso a nações, conforme as Escrituras, e isso deixa claro o princípio bíblico de que ele está revelando continuamente sua ira no mundo. É melhor deixarmos essas questões nas coisas secretas de Deus (Dt 29.29).

E por que Deus mostra seu magnífico e grandioso poder de maneiras terríveis? Em última análise, ele faz tudo para o louvor e glória de sua graça (Ef 1.3-14); e, freqüentemente, suas maneiras grandiosas e terríveis humilham as pessoas e nações, atraindo muitos a Cristo, para obterem a salvação eterna. Lembro-me da haver orado pela Nicarágua depois do terremoto de 1973, pedindo a Deus que trouxesse aquelas queridas pessoas a Cristo como resultado da devastação. Quase imediatamente após o terremoto, milhões de nicaragüenses começaram a vir a Cristo, e o movimento continua até hoje. Que Deus faça essa mesma obra no Japão. E, por favor, ore pelo Japão, pela igreja japonesa, por seus pastores e missionários nativos que têm labutado fielmente, durante tantos anos, e visto tão pouco fruto. Talvez essas coisas aconteceram num tempo como este para que haja uma grande colheita de almas nesta nação que tem feito tanto no aspecto econômico, mas permanece nas trevas do xintoísmo e do culto aos ancestrais.

 

Traduzido por: Wellington Ferreira

Do original em inglês: The Ways and Whys of Almighty God  – Extraído do site The Banner of Truth.


Autor: Allen M. Baker

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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