quinta-feira, 18 de abril

As sete igrejas de Apocalipse: Esmirna

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Quão maravilhoso seria se a nossa igreja recebesse uma carta encorajadora de Jesus, especialmente se ela não tivesse nenhuma crítica! Jesus não tinha qualquer repreensão à igreja em Esmirna, mas revela sua profunda compaixão por um povo que é fiel ao Senhor e que sofre perseguição como consequência.

É difícil para muitos de nós imaginar o que de fato é sofrer pelo Senhor. Contudo, essa carta indica que todos os cristãos devem estar dispostos a sofrer por Cristo. O sofrimento pode assumir várias formas. Enquanto escrevia este artigo, eu recebi um e-mail descrevendo terrível perseguição a cristãos em Orissa, na índia. Ao longo dos séculos, quando as pessoas defenderam claramente a verdade de Jesus Cristo e se recusaram a fazer concessões a outras ideias religiosas, algum tipo de perseguição irrompeu.

No período do Novo Testamento, a perseguição geralmente vinha dos pagãos (Atos 19.26-41) ou das autoridades romanas (2Timóteo 4.16-18). Para Esmirna, ela também procedeu de alguns da comunidade judaica a qual, por isso, foi chamada de “sinagoga de Satanás” (Apocalipse 2.9; ver também 3.9). Essas duras palavras são semelhantes às palavras de Jesus em João 8.44: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, [o qual] jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade”. A rejeição de Jesus enquanto Messias e Senhor aponta para o fato de que tais pessoas seguem um falso senhor – Satanás. Satanás sempre está por trás da rejeição ao único e verdadeiro Senhor.

Aqui Jesus diz conhecer a “tribulação” e a “pobreza” daquela igreja em Esmirna (Apocalipse 2.9). A sua pobreza pode estar ligada à sua perseguição. Talvez eles tenham se recusado a participar das cerimônias religiosas das corporações de ofício da época e, assim, tenham sofrido economicamente. A palavra tribulação ou aflição carrega a ideia da perseguição aos cristãos nos últimos dias. Jesus usou a mesma palavra em Mateus 24.9 para se referir à perseguição e morte que os cristãos enfrentariam por sua causa. Em Esmirna, isso estava começando a acontecer, e o Senhor os prepara para o pior que estava por vir.

Todavia, desde o primeiro versículo o Senhor traz encorajamento. Ele escreve ser aquele “que esteve morto e tornou a viver” (Apocalipse 2.8). A decisiva verdade que eles precisam compreender é que, uma vez que Cristo morreu e ressuscitou, eles podem estar certos de que, se morrerem, também hão de ressuscitar dentre os mortos. É isso que significa Jesus dizer-lhes que eles não sofrerão a “segunda morte” (v. 11). A primeira morte pode estar nas mãos dos perseguidores, mas eles serão ressuscitados por Deus e nunca enfrentarão o juízo final, a segunda morte. Com efeito, eles receberão a “coroa da vida” (v. 10). Esmirna era famosa por seus jogos atléticos, então isso teria lembrado os cristãos da “coroa de louros” dada aos melhores cidadãos e atletas. Os seus perseguidores os consideravam os menores dos menores, mas, em breve, o Senhor proclamaria a vitória deles ao dar-lhes a vida eterna.

Mas há mais encorajamento. Jesus diz que eles são, de fato, “ricos” (v. 9). Isso porque, a despeito das aparências em contrário, eles têm os tesouros da graça e da salvação de Deus (Colossenses 2.3). Há também um encorajamento mais obscuro aqui. A perseguição será limitada a “dez dias” (Apocalipse 2.10). A imagem é extraída de Daniel 1. Daniel e seus amigos estavam buscando servir ao rei Nabucodonosor sem, contudo, fazer concessões ao mundo pagão. Eles se recusam a comer a carne servida pela corte. Eles estão estabelecem um período de “dez dias” durante os quais se testaria se eles sobreviveriam tão bem sem carne. Sob a proteção soberana de Deus, eles sobreviveram ao teste. Embora a perseguição em Esmirna provavelmente tenha durado mais de dez dias (algumas perseguições duraram anos), Daniel e seus amigos permanecem como um conforto a todos os cristãos que sofrem. Se, enquanto buscam viver sem negar ao Senhor, eles forem alvo de perseguição, eles hão de descobrir que o Senhor é soberano e impôs um limite de tempo. Com efeito, a própria perseguição passará a ser vista como uma “prova” do Senhor (Apocalipse 2.10), pois o seu povo permanecerá fiel e o Senhor os defenderá.

O fato de que muitos de nós não sofremos muito certamente indica que estamos fazendo concessões demais ao nosso mundo. Nós separamos o nosso mundo na parte espiritual e na parte secular. Cristo é Senhor do Domingo e de quando nós oramos, mas não do resto da semana. Isso leva às concessões que tantas vezes fazemos. Mas, quanto mais as pessoas integram sua fé a todas as áreas da vida, mais elas começam a enfrentar antagonismo. Estou convencido de que, se nós verdadeiramente vivêssemos como Cristo nos ordenou a viver, então os cristãos em todos os lugares experimentariam os ataques de Satanás.

Essa carta fala a todos nós e nos exorta a permanecermos fiéis, a não temermos “as coisas que [temos] de sofrer” e, se Deus nos chamar a isso, a sermos “[fiéis] até a morte” (v. 10). Que possamos compreender o custo envolvido e pedir ao Senhor que nos ajude a permanecer firmes por ele. Que a igreja de Esmirna e os cristãos de Orissa sejam exemplos que nos ajudem a romper com nossa complacência e nossas concessões, de modo que possamos buscar a coroa da vida em vez do conforto e da aceitação deste mundo.

 

Tradução: Vinícius Silva Pimentel


Autor: Paul Gardner

Dr. Paul D. Gardner é pastor principal da Christ Church Presbyterian em Atlanta, Geórgia, EUA, e autor do livro Revelation: The Passion and Protection of Christ [sem tradução em português].

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