sexta-feira, 29 de março

Desprezado por causa de Jesus

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Quando deixei o islamismo para seguir Jesus, eu não sabia o que isso me custaria. Eu não havia percebido que seria necessário negar a mim mesmo, deixar minha vida e tomar minha cruz (Mateus 16.24). Eu não estava ciente de que mesmo os preciosos relacionamentos da minha família não deveriam se interpor entre mim e “seguir a Cristo” – que eu deveria desprezar minha família em comparação ao meu amor por Jesus (Lucas 14.26).

Mas Deus me ensinou que se eu tomar minha cruz e abandonar minha vida, então é que encontrarei minha vida. Com o tempo, passei a experimentar essa verdade. Minha vida ao seguir Jesus não foi a vida que imaginei para mim mesmo, mas se tornou a vida que eu quero: uma vida usada para a glória de Deus à medida que eu cresço no conhecimento de Cristo e o faço conhecido aos outros. Foi o que descobri quando fui forçado a escolher entre Jesus e meu pai.

Do Irã ao Texas

Eu nasci em Houston e cresci em um devoto lar muçulmano. Meu pai estava muito envolvido na comunidade muçulmana iraniana. Crescendo, eu aprendi os cinco pilares do Islã e que, se eu os cumprisse com o melhor de minha capacidade, então talvez eu fosse para o céu. Quando eu tinha dois anos, minha família se mudou para o Irã, de onde meus pais são. Mas aos seis anos, a Revolução Islâmica do final dos anos 70 atingiu aquele país. Meu pai, que era médico, tinha os meios para nos tirar do país, então nossa família voltou para Houston.

Eu falava “Farsi”, uma língua Persa, não inglês, e assim Deus, em seu incrível plano, providenciou uma senhora cristã para me orientar, ensinando-me a língua inglesa todos os dias lendo livros para mim. Na segunda série, ela me disse: “Afshin, eu quero te dar o livro mais importante que você já leu na vida”. Quando me entregou um pequeno Novo Testamento, ela me disse que eu não entenderia completamente naquele momonto, mas me pediu para prometer guardá-lo comigo até que ficasse mais velho.

Ela me deu essa Bíblia durante a crise dos reféns no Irã, uma época em que minha família e outros iranianos, na América, foram condenados e odiados por muitos. Esta senhora, no entanto, ganhou o direito de ser ouvida pela maneira que ela me amava, mostrou-me o amor de Cristo e derramou sua vida em mim. Porque a Bíblia veio dela, eu acreditei que era importante, e guardei aquele Novo Testamento. Ela havia plantado uma semente na minha vida, na segunda série, que só viria a frutificar dez anos depois.

Deixando o Islã

Como veterano no ensino médio, usei o nome do Senhor em vão enquanto jogava basquete. Um rapaz aproximou-se de mim na quadra e disse: “Ei, aquele Jesus cujo nome você acabou de dizer – ele é meu Deus”. Como muçulmano, eu aprendi que Jesus era um profeta, então achei que aquele sujeito era louco. Alguns dias depois, enquanto assistia TV, tropecei em um documentário histórico sobre a vida de Jesus, onde ouvi dizer: “Alguns adoram a Jesus como Deus e são chamados cristãos”. Minha mente voltou às palavras do rapaz na quadra de basquete, e o Senhor me lembrou da Bíblia que eu recebera dez anos antes. Naquela tarde, encontrei aquele pequeno Novo Testamento no fundo do meu armário e comecei a ler Mateus.

Todos os dias, eu lia embaixo das cobertas da minha cama com uma lanterna, para que meus pais não entrassem e vissem o que eu estava fazendo. Enquanto isso, na minha escola, um estudante cristão sentou-se à mesa comigo e me contou sobre Jesus. Eu debatia com ele todos os dias, e então à noite eu ia para casa para ler mais sobre o seu Jesus.

Um dia cheguei ao livro de Romanos e o terceiro capítulo mudou completamente a minha vida. Eu li sobre uma justiça que vem à parte da lei, além do que faço para Deus. Eu li que essa justiça vem como um presente para ser recebido pela fé. Fiquei impressionado com Romanos 3.22, que diz que essa justiça vem para todos os que crêem. Eu pensava que se eu havia nascido muçulmano deveria sempre ser muçulmano, mas esse versículo dizia que essa justiça era para qualquer um que acreditasse, de qualquer etnia. Algumas semanas depois, um rapaz me convidou para uma cruzada evangelística (sempre uma palavra interessante para um muçulmano!), Onde ouvi o evangelho ser proclamado e cheguei à fé em Cristo.

Um aparte: muitas vezes me perguntam qual forma de evangelismo eu acredito ser mais eficaz. Deus usou o evangelismo em uma variedade de formas em minha vida. Ele usou uma professora amando e ensinando uma criança, um colega compartilhando individualmente em um refeitório, um sujeito falando sobre o nome de Cristo em uma quadra de basquete, um convite para um evento evangelístico, e a pregação do evangelho em um ambiente comunitário. Eu acredito em cada uma dessas formas de evangelismo porque Deus usou cada uma delas em minha própria vida.

Deserdado

Eu assumi o meu compromisso público para com Cristo naquela cruzada evangelística, mas foi enquanto estava dirigindo para casa ao sair do evento que me ocorreu: “O que eu vou dizer à minha família? O que eu vou dizer ao meu pai? Meu pai sempre foi a pessoa mais importante da minha vida, o homem que eu sempre admiriei. Tenho vergonha de dizer que decidi esconder minha nova fé dele e do resto da minha família. Eu saía furtivamente para ir à igreja, interceptava correspondências da igreja que frequentava e escondia minha Bíblia.

Finalmente, um dia meu pai descobriu. Ele viu minha Bíblia, também viu outras evidências em minha vida. Ele me fez sentar e disse: “Filho, o que está acontecendo? Há algo diferente em você”. Eu disse: “Pai, eu sou um cristão”. Ele disse: “Não, você não é, meu jovem, você é um muçulmano e sempre será um muçulmano”. Eu disse: “Pai, a Bíblia diz que se confio somente em Cristo para minha salvação, então eu sou cristão – e eu confio”. Então meu pai falou “Afshin, se você vai ser um cristão, então você não pode mais ser meu filho”.

Tudo na minha carne queria dizer: “Esqueça. Eu serei um muçulmano”. Eu não queria perder o relacionamento com meu pai. Por isso, até me surpreendi quando abri a boca e disse: “Pai, se tiver que escolher entre você e Jesus, então escolho Jesus. E se tiver que escolher entre meu pai terreno e meu Pai celestial, escolho meu Pai celestial”. Meu pai me deserdou imediatamente.

Não paz, mas espada

Subi para o meu quarto e, nesse momento decisivo da minha vida, disse: “Deus, como o Senhor pôde fazer isso comigo? Jesus, se você é real, como você pode levar meu pai para longe de mim”? E o Senhor me levou para onde Jesus diz:

“Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus. Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai”. (Mateus 10. 32–35)

Eu li isso apenas momentos depois que meu pai me deserdou, e pensei: Uau! Isso acabou de acontecer comigo! Jesus continua dizendo:

“Pois vim causar divisão… entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim. Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á”. (Mateus 10. 35–39)

Foi quando eu entendi pela primeira vez o que significa ser um seguidor de Cristo.

Vida perdida e achada

Eu tive que perder meu pai para seguir a Cristo. Mas eu aprendi em primeira mão que quando você perde a sua vida, você a encontra. Deus me deu um colega de quarto na faculdade que também era um ex-muçulmano e que também foi deserdado por seu pai. Depois da faculdade, Deus me levou ao seminário. Ele providenciou um empresário em Dallas que pagou todo o meu seminário e um estágio na igreja, o que eventualmente levou a uma posição de pastor universitário. Deus me deu um ministério de quinze anos quando viajei por todos os Estados Unidos, preguei o evangelho e vi muçulmanos chegarem à fé em Cristo.

Fiz uma parceria com um ministério que alcança o Irã com o evangelho e tive o privilégio de treinar e equipar pastores iranianos, ajudando a espalhar o evangelho na mesma nação da qual minha família veio. Eu agora pastoreio uma igreja em Frisco, Texas, onde eu tenho que lembrar semanalmente ao nosso povo a considerar o custo de seguir a Cristo. Como resultado, nós crescemos, plantamos três igrejas e enviamos vários missionários ao redor do mundo. Finalmente, estou muito feliz em dizer que meu relacionamento com meu pai foi restaurado e continuo a orar diariamente por sua salvação.

O que Jesus custou a você?

Eu tenho paixão por fazer as pessoas saberem que há um custo para seguir Jesus. Quanto custa para você segui-lo? Pode ser que o que você esteja segurando seja o que impede você de viver para a glória dele. Para mim, foi meu pai. Para você, pode ser outra coisa.

Há uma enorme diferença entre ser um seguidor de Cristo e meramente dar assentimento mental às verdades sobre Jesus. O chamado de Cristo não é simplesmente “Acredite nas coisas certas sobre mim”, mas “Siga-me”. E seguir Jesus é definitivamente perder a sua vida. É abandonar seus sonhos, suas buscas, seus ídolos para agarrar o maior tesouro da vida: Jesus. Quando perdermos nossas vidas, Deus as alavancará para sua glória e para que os outros conheçam a Jesus. Não há maior alegria e satisfação na vida do que isso.

 

Tradução: Paulo Reiss Junior.

Revisão: Filipe Castelo Branco.

Fonte: Disowned for Jesus.


Autor: Afshin Ziafat

Afshin Ziafat é pastor líder da Providence Church em Frisco, Texas. Sua paixão é ensinar a palavra de Deus como autoridade e guia para a vida, pregar Jesus Cristo como o único Salvador e Redentor da humanidade e proclamar o amor de Cristo como o maior tesouro e esperança na vida. Ele e sua esposa, Meredith, atualmente residem em Frisco com seus três filhos.

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