Artigo adaptado do livro Refresh, da Editora Fiel.
Segundo David Brooks, colunista do New York Times, existem duas maneiras de pensar sobre a vida: “a vida bem planejada” e “a vida intimada”. Em sua coluna sobre o assunto, ele citou um ensaio baseado em uma palestra de formatura do professor Clayton Christensen, da Harvard Business School, para apresentar um modelo de vida bem planejada. Temos uma “vida bem planejada” quando reservamos um tempo para encontrar um propósito claro e, com base nisso, tomamos decisões apropriadas sobre a melhor maneira de utilizar o tempo e nossos talentos. Por outro lado, quem vive uma “vida intimada” rejeita a possibilidade do planejamento em longo prazo e, à medida que as situações e as circunstâncias vão surgindo, indaga: “O que essas circunstâncias estão me intimando a fazer? Como devo reagir?”. Tenho certeza de que a maioria das pessoas conseguiria identificar em qual das duas categorias se encaixa — ou talvez se encaixe nas duas, dependendo do dia. Então, qual é a melhor maneira de viver? Com base na verdade de que fomos criadas à imagem de Deus e, portanto, de que fomos chamadas a refletir, em alguma medida, seu propósito soberano, creio que todo cristão deve viver com base no firme fundamento da “vida bem planejada”. Nenhum cristão deve tornar-se uma simples vítima dos acontecimentos, como uma rolha de cortiça que é jogada de um lado para outro num oceano de circunstâncias e opiniões em constante mudança. Deus teve uma razão para colocar cada uma de nós aqui, e nós não devemos simplesmente andar sem rumo, dia após dia, semana após semana, ano após ano, desperdiçando a vida sem qualquer senso de direção, simplesmente reagindo ao que as pessoas fazem. Precisamos levar nosso tempo e nossos talentos até Deus e lhe perguntar: “O que queres que eu faça?”. Essa simples oração pode nos impedir de passar anos a fio como se fôssemos bolas de pingue-pongue, sendo jogadas de uma atividade para outra, de uma exigência para outra, de uma expectativa para outra.
Há, contudo, um perigo relacionado à “vida bem planejada”. Podemos nos tornar insensíveis e indiferentes às necessidades das pessoas. Todos precisam aceitar um elemento da “vida intimada”. Mas qual deve ser a proporção? Cristo é um bom modelo. Embora ele soubesse exatamente por que estava na terra e o que deveria fazer, também tinha um lugar para a espontaneidade quando surgia a necessidade de responder a acontecimentos inesperados. Às vezes, ele não aceitava desviar-se do foco para dar atenção às exigências das pessoas, mas, em outras ocasiões, ele parava para lidar com uma necessidade urgente. Ele vivia a “vida bem planejada”, mas também dava espaço para a “vida intimada”. Ele era sempre perfeitamente equilibrado.
Então, como podemos encontrar o equilíbrio perfeito? Embora cada pessoa precise encontrar uma combinação diferente, dependendo do nosso caráter e da nossa vocação, existem três palavras que eu acredito que nos ajudam a encontrar o equilíbrio, três palavras que nos capacitam a reduzir os pesos que nos esmagam: propósito, planejamento e poda.
A fórmula mágica
Como todas nos encontramos em circunstâncias distintas, não há uma fórmula mágica que funcione para todo mudo. O que eu posso fazer é falar um pouco sobre o equilíbrio entre a vida bem planejada e a vida intimada, que é o que funciona bem para mim, considerando meu caráter e minhas responsabilidades nesta fase da minha vida, uma equação que tem me ajudado a cumprir o que acredito ser o chamado de Deus para mim, sem, contudo, me fechar para interrupções e acontecimentos inesperados: 60% de vida bem planejada + 40% de vida intimada + 100% de vida de oração. Isso não faz sentido matemático, mas faz sentido espiritual. Sem a oração diária, pedindo a ajuda diária de Deus, eu não seria capaz de realizar nada.