sexta-feira, 19 de abril

Deus te diz para voltar à escola!

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Eu ensinei estudos bíblicos por seis anos no Bethel College antes de me tornar pastor na Bethlehem Baptist Church em 1980. Em praticamente todas as classes, os alunos levantavam a questão da soberania de Deus. A questão era inevitável, não importava sobre o que a aula fosse.

Se você está embarcando em um novo ano de estudos, espero que essa pergunta – essa realidade da total soberania de Deus – siga você até o final de seus estudos em todas as aulas. É uma realidade abrangente, que influencia tudo e permeia a Bíblia.

Tiago 4.13–17 mostra quão relevante é o significado da soberania de Deus para a vida dos estudantes que estão iniciando um ano acadêmico de estudo rigoroso.

Atendei, agora, vós que dizeis: “Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros.” Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: “Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.” Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna. Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.

Quatro espécies de orgulho
Tiago havia acabado de confrontar homens e mulheres que são adúlteros espirituais (Tiago 4.1–10). Eles afirmam que Deus é o amor de suas vidas, seu marido, mas eles mantêm uma prostituta ao lado para o que realmente os satisfazem. Esta prostituta é chamada de “o mundo” (Tiago 4.4). Tiago vê isso como uma forma de orgulho e diz no versículo 6: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”, e no versículo 10: “Humilhai-vos na presença do Senhor e ele vos exaltará”.

Então, nos versículos 11 e 12, ele lida com outra forma de orgulho, a saber, julgar sobre o seu próximo e sobre a própria lei de Deus, e ele diz no versículo 12: “tu, porém, quem és, que julgas o próximo”? Em outras palavras, mais uma vez, é a arrogância que está por trás desse pecado de julgamento autoexaltador.

Depois de Tiago 4.13–17, ele censura os ricos proprietários de terra (Tg 5.1–6) que retêm o salário de seus obreiros (verso 4) e até matam os fracos que não lhes oferecem resistência (versículo 6). Em outras palavras, suas riquezas subiram às suas cabeças e fez com que se sentissem acima da lei como pequenos tiranos.

Agora, em Tiago 4.13–17, temos outra forma de arrogância. Juntamente com a arrogância que estorque dinheiro de um marido divino ingênuo para pagar por uma prostituta, a arrogância que está no julgamento sobre a lei de Deus, e arrogância que explora os pobres, existe agora em 4.13-17 a arrogância que vive em um mundo dos sonhos da vida cotidiana que nega a soberania de Deus. Você pode ver esse ponto em Tiago 4.16: “Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna”. De fato, como mostra o versículo 17, uma vez que você sabe o que é verdade sobre sua vida ser como uma névoa, e sobre o governo de Deus no mundo, sua presunção de ignorar a Deus é pecado.

Arrogância Habitual
Então, como é esse pecado, essa arrogância e ostentação? Parece bem comum, muito comum, muito inocente – praticamente em 98% das pessoas no mundo. Verso 13: “Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros”.

“Hoje ou amanhã” – decidiremos sobre esta ou aquela. Quando vamos é a nossa escolha.
“Hoje ou amanhã iremos” – ou ficaremos. Nossa escolha. Isto ou aquilo, ficar ou ir.
“Hoje ou amanhã entraremos em tal e tal cidade” – Esta cidade ou aquela. Nós vamos escolher.
“E passar um ano” – ou dois. Ou seis meses. Nossa escolha. Essa duração, aquela duração. Nós vamos decidir.
“Nós vamos passar um ano lá” – Ou nos deslocarmos de cidade em cidade. Diferentes estratégias de negócios. Esse tipo ou aquele tipo. Nós vamos escolher.
“Vamos passar um ano lá e negociar” – ou tirar uma folga. Nós vamos decidir o quanto nós trabalhamos. Esta quantia ou aquela.
“Nós vamos passar um ano lá e negociar e ter lucro” – Sabemos como lucrar. Esse muito ou aquele muito. Nós vamos fazer isso acontecer.
A vida como um vapor
Qual é o problema aqui? O verso 13 parece ser uma maneira bastante comum de falar. Nem todo mundo fala assim? Aqui está a resposta de Tiago, primeiro no versículo 14: “Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa”. A primeira coisa que Tiago faz é dar foco no fato de que eles são completamente ignorantes sobre tudo o que acabaram de afirmar. “Vós não sabeis o que sucederá amanhã”.

Você não sabe quando vai partir para tal e tal cidade.
E se você sair, você não sabe se vai chegar lá.
E se você chegar lá, você não sabe se vai passar um ano ou um minuto.
E se você passar um ano, não saberá se vai negociar ou ficará deitado de costas, paralisado por causa de uma queda.
E se você negociar, você não sabe se vai lucrar ou falhar completamente.
“Vós não sabeis o que sucederá amanhã”

E então Tiago se aproxima de uma das razões pelas quais eles não sabem o que o amanhã pode trazer. “Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa”. (verso 14). Eles são tão tênues e temporários quanto o vapor que sai da sua boca em uma manhã fria. Eles não podem controlá-lo. E eles não podem contê-lo. Não está ao alcance deles e, antes que possam tentar moldá-lo ou guiá-lo, ele desapareceu.

Então, por trás das palavras do verso 13 (“Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros”.), existe uma crença operante de que a vida é controlável e durável, e a ação futura é previsível. Tiago diz: todas essas três crenças são falsas. A vida é um vapor. O amanhã é desconhecido. E vocês não tem controle decisivo sobre nada.

Se o Senhor Quiser
Tiago está dizendo, então, que o mundo e toda essa ação humana são simplesmente aleatórios, o produto de processos materialistas cegos – chamam isso de destino ou acaso? Não, não é. O versículo 15 nos leva ao coração do que ele acredita e do que está faltando nas mentes e bocas dessas pessoas comuns.

Versículo 15: “Em vez disso, (em vez do que vocês disseram no versículo 13) devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo”.

“Se o Senhor quiser, viveremos”. Então, que é a vossa vida – esse vapor frágil e efêmero? É tão sólido, inabalável e durável quanto Deus quer que seja. Se ele quiser, seu coração continua batendo. Se ele quiser, seu coração pára. Você não vive um segundo além do tempo que Deus quer que você viva. E você não morre um segundo antes do que é a vontade de Deus.

Certifique-se de ver isso no versículo 15: “Devíeis dizer: Se o Senhor quiser, viveremos”. Essa consciência profunda e consciente de nossa absoluta dependência da soberana vontade de Deus não fazia parte da mentalidade daqueles que falaram no verso 13. E isso não faz parte da mentalidade da maioria das pessoas no mundo. Isso faz parte da sua mentalidade? Espero que sim.

Deus decidirá
Então Tiago revela a absoluta soberania de Deus não apenas sobre quanto tempo vivemos, mas em tudo que fazemos. Verso 15: “Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Se o Senhor quiser, faremos isso ou aquilo.

“Hoje ou amanhã” – Deus decide se você sai hoje ou amanhã.
“Hoje ou amanhã iremos” – Ou não. E Deus decide.
“Hoje ou amanhã entraremos em tal e tal cidade” – Esta ou aquela. Deus decide.
“E passar um ano” – Ou dois, ou nenhum. Deus decide.
“Vamos passar um ano lá e negociar e lucrar” – Talvez esteja lá. Talvez em outro lugar. Talvez negociando. Talvez esteja paralisado devido a uma queda. Talvez tenha lucro. Talvez falhe. Em cada curva, Deus decidirá.
Portanto, devemos dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”, porque Deus é absolutamente soberano sobre todas as causas da vida e da morte, e sobre tudo o que todos fazem. Não conviver com essa convicção e essa mentalidade, diz Tiago, é arrogância. Verso 16: “Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna”.

Quatro vislumbres da soberania de Deus sobre seus estudos
Ao voltar para a escola, encorajo-vos a entrar nesta realidade da soberania absoluta de Deus com todo o seu coração e toda a sua mente. Acreditar que Deus decide, em última análise, se você vive, e se você faz isto ou aquilo, é tão prático quanto seus planos para o amanhã, este semestre e o resto de sua vida.

E para ajudá-lo a abraçar a soberania de Deus, quero dar a você quatro vislumbres de quão relevante isso é para sua vida ao iniciar um ano acadêmico de estudo rigoroso.

1. Alegria do Evangelho
Ao entrar no novo ano acadêmico, você precisará do evangelho todos os dias. Você precisará de uma garantia contínua de que seus pecados foram perdoados por causa de Jesus, e que Deus é com você e não contra você por causa de Cristo. Você não está destinado à ira, mas à alegria eterna, por causa da morte e ressurreição de Jesus.

Em outras palavras, você precisará de confiança profunda e sempre renovada de que a crucificação de Jesus sob Pôncio Pilatos não foi um acaso aleatório, mas o plano soberano e a obra do Deus Todo-Poderoso para salvar sua alma. E é exatamente isso que Lucas relata em Atos 4.27–28.

“Porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram”.

Em outras palavras, Deus planejou e predestinou – ele estava no absoluto controle soberano de – tudo que Pilatos e Herodes e os judeus e os soldados fizeram para provocar a morte de Jesus. Portanto, devemos dizer: “Desde que o Senhor quis, eles viveram e fizeram isto ou aquilo”. A morte do meu Jesus não foi aleatória. Foi um plano soberano para salvar sua alma. Você precisará disso este ano. Sua sobrevivência e sua alegria dependerão do evangelho, que depende da soberania de Deus.

2. Amor Sacrificial
Você será chamado neste ano em algum momento para amar alguém – algum membro da família, algum colega de classe, algum incrédulo – e o amor será custoso. Isso exigirá sacrifício. Tempo. Inconveniência. Esforço. Dinheiro. Risco de reputação, ou sua própria vida. E pode ser para alguém de quem você nem gosta e que o tenha tratado mal.

Repetidas vezes no Novo Testamento, especialmente em 1 Pedro, nos é dito para fazer o bem a pessoas que não foram boas para nós – amar as pessoas mesmo que isso exija sofrimento. Como vamos fazer isso? A resposta de Pedro – e ele diz duas vezes – é que devemos nos lembrar da soberania de Deus sobre o nosso sofrimento quando fazemos o bem. O que quer que o amor sofrido possa requerer, aceitamos como a vontade soberana do nosso fiel Criador.

Que aqueles que sofrem de acordo com Deus, confiem suas almas a um Criador fiel enquanto fazem o bem. (1Pe 4.19)

É melhor sofrer por fazer o bem, se for a vontade de Deus, do que por fazer o mal. (1Pedro 3.17)

O sofrimento virá, especialmente para aqueles comprometidos em fazer o bem – em amar seus inimigos. Mas tenha coragem porque Deus é soberano sobre o seu sofrimento. Nenhum sofrimento acontece com você à parte da vontade de Deus. Ele é o seu Pai (1Pe1.17) e o seu Criador (1Pe 4.19). Ele é fiel. Neste ano letivo, confie sua alma a um Criador fiel e soberano em fazer o bem.

3. Testemunha Destemida
À medida que você entra neste ano de estudos, as coisas vão acontecer e deixar você com medo. Alguns desses medos podem ser pequenos, como parecer um tolo em sala de aula. Outros podem ser enormes – um tumor maligno, uma cidade explodida em pedaços com o ódio racial, sendo sequestrada por terroristas.

Em tudo isso, Jesus os chama a não recuar para a segurança, mas dar um passo adiante no testemunho destemido. Como ele apoia e motiva isto?

“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; … Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai…. Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais”. (Mt 10. 28–29, 31)

A absoluta soberania de Deus, à parte da qual nenhum pássaro cai morto no chão da floresta, é a base do seu destemor. Você é precioso para ele e ele é soberano sobre você. O que quer que aconteça no mundo, aconteça o que acontecer na sua família, não tenha medo.

4. Planejamento Confiante
Uma das implicações de ser um estudante é que você está planejando algo. Seu plano pode não estar claro, mas você não veio estudar para que pudesse desperdiçar o resto de sua vida. Você veio porque acredita que esses estudos vão torná-lo mais frutífero. E quando o seu plano de uma vida de fecundidade toma forma, você prefere dizer: “Se eu tiver sorte, vou viver e fazer isso ou aquilo. Por acaso, eu posso viver e fazer isso ou aquilo. Como o destino pode ser esse, eu vou viver e fazer isso ou aquilo”? Ou prefere dizer: “Se o Senhor quiser, eu viverei e farei isto ou aquilo”? (Tg 4.15).

Sorte, chance e destino não são nada. Eles não são base para qualquer plano. Eles não podem fazer nada porque não são nada. São simplesmente palavras que descrevem o vazio e a falta de sentido. Mas quando você faz um plano e diz: “Eu planejo fazer isso, mas somente se o Senhor quiser”, você constrói sua vida sobre um fundamento inabalável: a soberana vontade de Deus.

O sábio diz: “O coração do homem traça o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos”. (Pv 16.9). “Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do SENHOR permanecerá”. (Pv 19.21). É certo planejar. Pouco de valor duradouro é realizado sem um plano. Mas o plano cristão, o plano humilde, sempre inclui: “Se o Senhor quiser”. Isso faz parte do plano.

Deus dá confiança e paz
Se você repousa na sábia e boa soberania de Deus em todos os seus planos, você será uma pessoa confiante e uma pessoa pacífica. Você saberá que quaisquer detalhes de seus planos não acontecem, e sim a vontade de Deus que acontece. E isso deve fazer parte do seu plano. Na verdade, essa é a parte mais importante de qualquer um dos seus planos.

Ao continuar em seus estudos, que Deus lhe faça jubiloso em seu evangelho, sacrificial em seu amor, destemido em seu testemunho e confiante e pacífico em seu planejamento, porque você ama sua soberania e diz: “Se o Senhor quiser, eu vou viver e fazer isso ou aquilo .”

Tradução: Paulo Reiss Junior.

Revisão: Filipe Castelo Branco.

Fonte: God Sends You Back to School.


Autor: John Piper

John Piper é um dos ministros e autores cristãos mais proeminentes e atuantes dos dias atuais, atingindo com suas publicações e mensagens milhões de pessoas em todo o mundo. Ele exerce seu ministério pastoral na Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, MN, nos EUA desde 1980.

Parceiro: Desiring God

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Ministério de ensino de John Piper que, há mais de 30 anos, supre ao corpo de Cristo com livros, sermões, artigos.

Ministério: Ministério Fiel

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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