sexta-feira, 22 de novembro
Home / Artigos / Entrevista sobre disputas e diferenças no ministério

Entrevista sobre disputas e diferenças no ministério

O diretor executivo do 9 Marcas, Matt Schmucker, responde mais questões práticas acerca da vida do presbítero, particularmente sobre as disputas e diferenças com outros presbíteros, e as advertências sobre achar presbíteros.

Sobre as disputas com outros presbíteros

9M: O que você faz quando luta para se dar bem com um companheiro presbítero?

MS: Primeiramente, você tem que distinguir se essas lutas são doutrinárias ou pessoais. Assumindo que a questão seja relacionada ao pessoal, eu buscaria Deus em oração para repelir Satanás do relacionamento. Na medida que Satanás ama dividir, ele geralmente faz isso entre dois líderes. E ele usará o que puder, até mesmo assuntos simples de personalidade.

Próximo passo, busque o irmão para construir o relacionamento. Geralmente, a irritação surge da ignorância. Trabalhe para conhecer o irmão e se lembre que você costumeiramente não possui todos os fatos.

Finalmente, seja humilde. Mesmo se, no final, você não entender porque uma pessoa é da forma que é, Deus tem tolerado muito mais de você. Também, você pode confiar que Deus tem dado aquele homem ao corpo, com sua particular combinação de forças e fraquezas, para edificar o corpo nas maneiras que você não pode. Estude as passagens sobre o corpo em 1Coríntios 12, Romanos 12 ou em qualquer outro lugar, e saiba que Deus deseja o bem através dessas diferenças, mesmo que, em nosso estado caído, essas diferenças possam envolver falta de camaradagem.

9M: Você já lutou para se dar bem com alguém?

MS: Sim.

9M: Algo mais a dizer sobre isso?

MS: Com o passar dos anos, tive que praticar as mesmas coisas listadas acima. Muito mais pode ser perdido do que meus gostos e desgostos pessoais e guerras por território não santificadas. A saúde da igreja pode ser perdida, o que significa que a glória de Deus em si pode ser perdida (de uma perspectiva da responsabilidade humana).

Geralmente, a luta pessoal com outro presbítero pode surgir como resultado de um presbítero rejeitando suas ideias nas reuniões. Então, tem sido importante para mim separar minhas ideias da minha identidade (que é justificada em Cristo!). Assim, a rejeição das minhas ideias não é uma rejeição da minha pessoa. Neste sentido, desenvolver relacionamentos pessoais fora das reuniões de presbitério faz o trabalho do presbítero mais fácil de ser realizado.

9M: Com treze presbíteros na sua igreja, como você encontra tempo para cuidar dessas relações particulares?

MS: É difícil de ser feito em uma igreja em crescimento e numa cidade ocupada, ainda que no começo de cada reunião cuidemos uns dos outros antes de cuidarmos da igreja. Fazemos isso ao compartilhar preocupações, confessando, louvando e então orando uns pelos outros. Basicamente, deixamos que outra pessoa saiba o que está acontecendo em nossas vidas. Podemos levar uma hora da reunião de presbíteros para fazer isso. Além disso, tentamos nos encontrar individualmente para almoços e jantares de tempos em tempos.

Sobre diferenças com outros presbíteros

9M: Vamos caminhar para as diferenças de princípios. Como você, como presbítero, sabe quando retroceder na pressão que faz das suas convicções e quando sustentá-la?

MS: Quanto mais claro está nas Escrituras, mais firmemente você sustenta. Por um lado, não vou ceder sobre a deidade de Cristo, mesmo que os outros doze presbíteros o façam. Por outro lado, tenho pessoalmente fortes convicções acerca do controle de natalidade que não são óbvias e claras nas Escrituras; e essas convicções não são compartilhadas por todos os meus companheiros presbíteros. Sobre esse assunto, portanto, pressiono mais levemente. Uma situação envolvendo a questão do controle de natalidade, na verdade, surgiu um tempo atrás. Eu vigorosamente argumentei minha posição bíblica e praticamente. E ainda assim tive que me submeter – alegremente – aos outros presbíteros que podem ter simpatizado com minha posição, mas votaram de forma contrária.

Recentemente, retornei aos presbíteros depois de um descanso sabático e fui perguntado o que tinha aprendido durante o recesso. Percebi que a igreja continuou a prosperar sem meu envolvimento ativo e minhas opiniões como presbítero. Isso me causou uma saudável realização que eu deveria sustentar minhas opiniões mais levemente.

Unidade e maturidade

9M: Dada a importância da unidade e da maturidade entre presbíteros, quais são alguns traços ou algumas características de presbíteros em potencial que devem despertar advertências?

MS: Penso que existem várias que são óbvias: volatilidade, instabilidade, má reputação na comunidade, filhos desobedientes e assim por diante.

Então, permita-me dizer alguns motivos não tão óbvios de advertência. Um menos óbvio seria aquele do espírito contrário. Você conhece esse tipo de cara. Se você diz “preto” ele dirá “cinza escuro”. Não importa o que você diga, isso é o que você obtém. O espírito que está perpetuamente olhando para “o outro lado”, ou esperando o próximo passo a ser dado, não é útil em edificar a igreja. Em Atos 6, por exemplo, Paulo instrui a igreja a eleger diáconos não somente pelas suas habilidades, mas porque esses homens trarão unidade entre as viúvas de língua grega e as de língua hebraica. Quanto mais um presbítero deveria ser alguém que constrói unidade e trabalha para resolver, em vez de simplesmente oferecer, uma opinião contrária?!

Outra advertência que é comumente subestimada é a questão do fruto espiritual de um homem nas vidas daqueles à sua volta. Colocando de forma positiva, isso é o que atraiu nossa atenção em 1998, por exemplo, para um membro da igreja chamado Andy Johnson. Ele vinha tranquilamente discipulando outros homens solteiros em uma base consistente, resultando em um progresso espiritual real em suas vidas. Colocando de forma negativa, então, falta de fruto espiritual é uma advertência, mesmo se o mundo reconhecesse o homem como sendo bem-sucedido.

Finalmente, uma esposa que não dá suporte é uma advertência. O serviço de presbítero feito corretamente é uma tarefa que demanda muito. Leva tempo de oração. Leva tempo para se preparar para ensinar. Leva tempo para discipular. Leva tempo para dar hospitalidade. Tudo isso impacta em casa, e coloca certas demandas sobre a esposa. Como ela se sente sobre ser hospitaleira? Como ela se sente sobre perder seu marido toda terça à noite para uma reunião de presbíteros? Ele recebe bem o visitante inesperado que precisa de ajuda?

9M: Quais qualidades positivas você gostaria de enfatizar para a procura de presbíteros?

MS: Frequentemente, olhamos em direção ao sucesso do mundo para avaliar um homem. Devemos ensinar nossas igrejas a procurarem por homens da Palavra – avaliar homens baseados em seu conhecimento, sua submissão e sua habilidade de proclamar a Palavra de Deus. Gosto do que Mark Dever diz: a “habilidade de ensinar” de um presbítero significa que quando lobos se aproximam do rebanho, as ovelhas sabem que podem confiar nesse pastor para expulsar o lobo e, por sua vez, protege-las. Esse é o grande chamado do presbítero.


Autor: Matt Schmucker

É diretor executivo do Ministério 9Marcas. É um dos presbíteros da Igerja Batista Capitol Hill, em Washington, DC. É graduado na área de finanças e marketing, e vive em Washington, com sua esposa e 5 filhos.

Parceiro: 9Marks

9Marks
O ministério 9Marks tem como objetivo equipar a igreja e seus líderes com conteúdo bíblico que apoie seu ministério.

Ministério: Ministério Fiel

Ministério Fiel
Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

Veja Também

pregação expositiva

A idolatria à pregação expositiva e a falta de oração

Veja neste trecho do Episódio #023 do Ensino Fiel os perigos da frieza espiritual e idolatria a conceitos, como por exemplo, à pregação expositiva.