domingo, 22 de dezembro
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Esperando no Senhor para renovar nossa força: reflexões sobre o desgaste pastoral

“Mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.” Isaías 40.31

“Porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte.” 2 Coríntios 1. 8–9

O que chamamos de “esgotamento” é a experiência de uma sobrecarga tão profunda que as nossas capacidades usuais de resiliência, de reagir, de permanecer estáveis, confiantes e perseverantes não são mais suficientes. O esgotamento significa algo muito profundo que nos coloca em colapso, e nós simplesmente não podemos continuar. Nós pastores entendemos o esgotamento, e não apenas na vida dos outros, mas na nossa própria vida.

Dois textos
Como a Bíblia aborda o esgotamento?

Isaías 40.31 nos promete o poder de sustentação de Deus. Mas Isaías 40.31 nunca teve a intenção de descrever nossas vidas em um nível detalhado de todos os momentos. Sempre foi destinado a nos assegurar na trajetória geral de nossas vidas. O versículo 30, logo antes, descreve o esgotamento do forte:

“Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem”.

Obviamente, esse versículo não está dizendo que os jovens experimentam nada além de cansaço e exaustão. O que diz é que, apesar de seu vigor ilimitado, até eles às vezes, ao longo do caminho, desmoronam de exaustão. É uma questão geral e é indiscutivelmente verdade.

O verso 31 faz o mesmo, mas de outra perspectiva. Aqueles que esperam no Senhor se tornarão, apesar de sua fraqueza, uma prova viva de seu incrível poder de sustentar e renovar. Mas não temos garantia de que aqueles que esperam nele (versículo 31) também não experimentem o esgotamento (versículo 30).
Temos todo o direito de incluir em nosso paradigma de experiência cristã normativa tanto o poder de sustentação do Senhor quanto nossa narrativa geral e a experiência paralisante de um esgotamento ocasional.

O outro versículo, 2 Coríntios 1.8–9, se encaixa de maneira significativa dentro da estrutura maior de segurança de Isaías 40.31. De fato, o sofrimento de Paulo torna essa certeza ainda mais significativa. Paulo não estava fugindo do Senhor ou negligenciando o Senhor. Ele estava tendo suas devoções diárias, vivendo pela fé e assim por diante. Mas mesmo esse fiel pastor atingiu a muralha da limitação e derrota.

Esgotamento e o poder de Deus
E assim ainda é atualmente. Pastores fiéis podem se sentir tão humilhados pela intensidade do ministério, de tal forma que desistem da própria vida. E esses pastores abatidos são os mesmos que, enquanto esperam no Senhor, serão renovados por sua graça.

Portanto, se um pastor fiel experimenta o esgotamento, não é necessariamente uma prova contra ele. É Deus transformando esse pastor em uma prova viva de que “Deus ressuscita os mortos” (2Co 1. 9). É o que as ovelhas do pastor precisam ver nele – não apenas o poder de Deus sustentá-lo no fluxo normal do ministério, mas também o poder de Deus o ressuscitando nos momentos extremos da derrota. Isso também é ministério pastoral para pessoas que precisam de esperança quando a vida é impossível.

Um testemunho pessoal
Há alguns anos, passei por uma catástrofe ministerial que me abalou até nos meus alicerces. Durante esse episódio, um novo pensamento surgiu em minha mente: Por toda a sua vida você acreditou que Deus ama você. Mas olhe para o entulho bombardeado que seu ministério é agora. Talvez a verdade da sua existência seja o oposto. Talvez Deus odeie sua essência.

Por fim, percebi, pela graça, que estava certo desde a primeira vez. Deus realmente me ama. Mas antes de chegar lá, haveria muitas noites em que eu acordava por volta das 3 da manhã, exausto, mas incapaz de dormir. Então levantava-me, fazia café, lia a Bíblia e clamava a Deus. Era tudo oque eu tinha. E ele me fez atravessar.

De fato, acabei em um lugar melhor do que antes, porque agora eu tinha algo a dizer sobre o poder de Deus de ressuscitar os mortos.

O propósito de Deus para nós pastores não é que nunca nos afundemos no mais profundo das profundezas. O propósito de Deus para nós é que, quando nos afundarmos no mais profundo das profundezas, encontraremos o próprio Deus esperando por nós lá embaixo com uma graça mais profunda “para reviver o espírito dos humildes” (Is 57.15).

Conclusão
Recentemente, encontrei um artigo sobre oração que meu pai escreveu para a revista HIS cinquenta anos atrás. O título de seu artigo resume a oração de maneira tão simples e proveitosa: “Vá para Deus e aguente firme!” Se você está esgotado, totalmente sobrecarregado além de suas forças, fazendo com que você esteja desesperado com a própria vida, meu conselho a você é só isso: vá para Deus e aguente firme. Ele certamente está segurando você firmemente. Ele vai renovar sua força. E o seu ministério será mais profundo do que nunca.

Tradução: Paulo Reiss Junior.

Revisão: Filipe Castelo Branco.

Fonte: Waiting On the Lord to Renew Our Strength: Reflections on Pastoral Burnout.


Autor: Ray Ortlund

O Dr. Raymond C. Ortlund é o pastor dirigente da Immanuel Church em Nashville, Tennessee, e autor de Gospel: How the Church Portrays the Beauty of Christ.

Parceiro: 9Marks

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