Você pode ver uma pressuposição implícita no que eu disse, a qual pretendo deixar explícita com uma breve explicação. Estou pressupondo a veracidade do ensino bíblico sobre a segunda vinda, e não sem razão. Essa argumentação, contudo, está em outro livro, Uma Glória Peculiar: Como a Bíblia se Revela Completamente Verdadeira. Aqui pressuponho que o ensino da Bíblia sobre a segunda vinda é verdadeiro. Se você tem dúvidas sobre isso, uma maneira de esclarecê-las é ler esse livro, a fim de julgar “todas as coisas” e reter “o que é bom” (1Ts 5.21). Julgue se estou manejando as Escrituras com exatidão e leia com a oração de que Deus confirme à sua mente e ao seu coração o que é realmente verdadeiro. Em outras palavras, o próprio livro pode ser um meio que Deus usará para aumentar sua confiança nas Escrituras.
Uma das razões pelas quais insisto em enfatizar a verdade da Escritura é que o apóstolo Pedro faz exatamente isso em sua segunda epístola quando lida com o assunto da segunda vinda de Cristo. Pedro está prestes a se dirigir aos céticos que perguntavam: “Onde está a promessa da sua vinda?” (2Pe 3.4). Todavia, antes de oferecer sua resposta ao ceticismo deles, Pedro estabelece o fundamento de sua veracidade.
Pedro estabelece dois fundamentos: primeiro, sua própria experiência como testemunha ocular de Cristo no Monte da Transfiguração e, segundo, a confirmação das Escrituras do Antigo Testamento, que foram inspiradas por Deus. No capítulo 20, eu abordo o ensino de Pedro sobre a segunda vinda. Aqui, ressalto apenas que ele se mostra intensamente desejoso de estabelecer os fundamentos da veracidade de seus ensinos, o que eu também pretendo fazer.
Primeiramente, Pedro diz: “Não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade” (2Pe 1.16). Pedro está ciente de que pessoas são enganadas pelas fábulas dos últimos tempos. Sua reivindicação de veracidade se baseia em sua própria experiência como testemunha pessoal dos ensinos e ações de Jesus.
Sua referência a ver a “majestade” do Senhor Jesus diz respeito ao fato de ele estar com Cristo no Monte da Transfiguração (Mt 17.1-8), “quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo [Mt 17.5]. Ora, esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo” (2Pe 1.17-18). No capítulo 13, consideraremos por que Pedro conecta a transfiguração com a segunda vinda (“o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” — 2Pe 1.16), mas, agora, o objetivo é apenas este: Pedro quer se distanciar tanto quanto possível das fábulas especulativas. Ele quer apenas ensinar a verdade para a qual há boa razão. Pedro quer um fundamento sensato para tudo que ele diz. Eu compartilho desse alvo.
Em segundo lugar, Pedro avança do fundamento de sua própria experiência de testemunha ocular de Jesus para o fundamento das Escrituras inspiradas, o que, para ele, significava o Antigo Testamento (embora se refira em 3.16 às epístolas de Paulo como parte das Escrituras). Pedro diz:
Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética [as Escrituras], e fazeis bem em atendê-la […] Nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo (2Pe 1.19, 21).
Na Bíblia, esse é um dos ensinos mais claros a respeito da inspiração divina das Escrituras do Antigo Testamento. Pedro acreditava, com boa razão ( Jesus também acreditava nisso — Mt 5.17-18; Jo 10.35), que os autores do Antigo Testamento não agiram por conta própria. Ao contrário, eles foram conduzidos pelo Espírito. O que esses autores escreveram não era somente palavra deles. Era de Deus. Por isso, Pedro se mostrou intensamente desejoso de estabelecer um fundamento duplo para seu ensino sobre a segunda vinda: seus relatos de testemunha ocular a respeito de Jesus e as Escrituras inspiradas por Deus. Compartilho desse mesmo desejo de Pedro. Também compartilho de sua confiança nas histórias de Jesus que ele testemunhou pessoalmente e nas Escrituras inspiradas.
Palavras que jamais serão abaladas
Não posso prosseguir sem antes chamar a atenção para a mesma preocupação de Jesus em garantir que vejamos seu próprio ensino como um fundamento extraordinariamente firme e inabalável para o nosso entendimento da segunda vinda. Na mais extensa e detalhada consideração dos tempos finais nos Evangelhos do Novo Testamento, ou seja, Mateus 24, Jesus diz isto: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passa- rão” (Mt 24.35). Ele estava ciente de que todos os tipos de falsos profetas, falsos cristos e falsos ensinamentos desafiariam um entendimento correto da segunda vinda (Mt 24.10-11, 24). Por isso, Jesus quis enfatizar que, em todo abalo que sobrevirá ao mundo, suas palavras nunca serão abaladas em sua veracidade. Há um bom fundamento para sabermos o que precisamos saber a respeito da segunda vinda.
Provando a verdade que vemos
Ao afirmar que este livro pode ser um meio pelo qual você venha a amar a vinda de Cristo, caso eu transmita a verdade objetiva pelo que escrevo, e Deus transmita luz espiritual a você à medida que lê as minhas palavras, a verdade objetiva que tenho em mente não é nada além do que a Bíblia ensina. Não reivindico autoridade pessoal. Se sou fiel ao que a Bíblia ensina, tenho grande esperança de que Deus ficará satisfeito em fazer sua obra miraculosa de dar luz para que muitos não somente vejam os fatos a respeito de Cristo em sua vinda, mas também os vejam como gloriosos e precisos — mais preciosos do que todo este mundo. Este é o meu alvo: que você saboreie a verdade que vê e que todos nós façamos parte do número dos que “amam a sua vinda [do Senhor]” (2Tm 4.8).
Este artigo é um trecho adaptado do livro As bençãos do Apocalipse, de Nancy Guthrie, Editora Fiel.
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