domingo, 17 de novembro
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Guardando seu coração das redes sociais

Redes sociais e o nosso coração

O trecho abaixo foi adaptado com permissão do livro Equilíbrio social na era digital, de Sarah Eekhoff Zylstra, Editora Fiel (em breve).


 

Minha respiração acelerou. Segundos antes, eu estava rolando a tela do Instagram casualmente, desfrutando uma “pausa cerebral” no trabalho, quando vi a postagem de uma amiga: ela estava grávida. Dias antes, eu estava deitada em cima de um papel fino, esticada sobre um desconfortável leito de hospital enquanto uma enfermeira fazia o ultrassom confirmando que meu útero estava vazio. No mesmo dia em que eu esperava celebrar uma nova vida, meu médico removeu os restos do aborto natural.

O anúncio de minha amiga desviou totalmente minha atenção, drenou minha alegria e lançou uma bomba inesperada em meu coração. Em vez de sentir intensa alegria diante da novidade empolgante de minha amiga, minha alma foi devastada pela angústia e a ansiedade.

Fechando rapidamente o aplicativo, tentei voltar ao trabalho. Contudo, eu não estava à altura da inveja e do medo que tinham esvaziado minha motivação. Com os ombros tensos, a ansiedade fervilhando e minha mente correndo solta, tentei prosseguir em meus afazeres, mas minhas emoções traiçoeiras, atiçadas pelo que eu vira nas redes sociais, me incomodavam e me distraíam.

Não foi a primeira vez que meu dia saiu do controle por causa de uns poucos minutos que passei nas redes sociais. O conteúdo compartilhado nos aplicativos do meu celular tem o poder de levantar meu ânimo ou acabar com ele. Algumas vezes, aproveito o tempo nas redes sociais e termino de rolar a tela me sentindo motivada, inspirada e encorajada em minha fé. Outras vezes, minha alma errante se sente frustrada e desiludida com o fato de as redes sociais não me trazerem beleza, esperança ou vida.

Recentemente, uma flor me lembrou disso — o delicado ranúnculo amarelo. Membro do gênero Ranunculus, o ranúnculo contém uma substância química especial chamada anemonol (1). Quando a cor convidativa da flor atrai as abelhas para seu centro em busca de pólen, o anemonol costuma matá-las por envenenamento. Essa florzinha charmosa é tão letal que é capaz de envenenar até mesmo animais de pasto que a consomem. O ranúnculo parece belo e promissor, mas ingeri-lo prejudica o organismo por dentro.

De modo semelhante, as redes sociais parecem inspirar criatividade, proporcionar verdadeira fraternidade e criar laços significativos. Mas consumi-las demais pode levar a instabilidade emocional e derrota espiritual.

Guardando seu coração nas redes sociais

Salomão, o rei mais sábio que já viveu, escreveu no livro de Provérbios: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). Nesse versículo, a palavra hebraica traduzida como “coração”, leb, refere-se ao homem interior, à mente, à consciência, à fonte das emoções. Nosso coração é a fonte de nossa vida, o motor por trás de nossas ações. Aquilo que pensamos e como nos sentimos são diretamente afetados pelo estado de nosso coração. Salomão, sabiamente, nos instrui a guardar nosso coração como soldados que protegem uma joia de inestimável valor, mantendo intensa vigilância a tudo que se aproxima, sabendo que aquilo que entrar influenciará aquilo que dali sairá. Deus nos chama a prestar muita atenção àquilo que vemos, em que pensamos e acreditamos, sabendo que “a boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6.45). Guardar nosso coração, porém, não significa evitar sentir emoções, tanto positivas como negativas. Nossas emoções não são más nem são algo a ser temido, mas também não foram feitas para dirigir nosso coração. Nossa capacidade de sentir e expressar emoções nos aponta de volta para nossa necessidade da força de Deus, de sua estabilidade e de sua obra santificadora em nossa alma. Apesar de as ondas de nosso estado emocional poderem mudar com o vento do conteúdo que consumimos e das circunstâncias pelas quais passamos, as promessas e verdades que temos na Palavra de Deus constituem uma âncora firme e imutável para nossa alma (Is 40.8; Hb 6.19). Quanto mais conscientes estivermos do efeito poderoso que as redes sociais podem ter em nossas emoções e, consequentemente, em nossas vidas, mais poderemos reagir a essas emoções com as verdades imutáveis da Palavra de Deus.

 

 


(1) Melissa Bravo, “Spring flowering pollinator mixes that work for honey bees”, American Bee Journal 160, n. 1 (jan. 2020). Disponível em: https://www.bluetoad.com/publica- tion/?m=5417&i=641963&view=articleBrowser&article_id =3560027&ver=html5.


Autor: Sarah Eekhoff Zylstra

SARAH EEKHOFF ZYLSTRA é escritora e editora no ministério The Gospel Coalition. Já escreveu para o Christianity Today, trabalhou como freelancer para um jornal diário e lecionou no Trinity Christian College. Sarah mora com o marido e seus dois filhos nas proximidades de Chicago, onde são membros da Orland Park Christian Reformed Church.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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