domingo, 17 de novembro
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Jonathan Edwards e o velho caminho da cruz

Perguntar sobre a importância de se estudar biografias é quase o mesmo que perguntar sobre o valor da história. Segundo o historiador cristão Justo González, a história é uma forma de nos compreendermos a nós mesmos; uma necessidade de se entender o tempo presente através do tempo passado para que, assim, determinemos nosso caminho futuro. A história do povo de Deus é uma espécie de biografia dinâmica, que ainda está sendo escrita e caminhando para sua conclusão. Quando olhamos os capítulos anteriores desta história longa, bela e cheia de perigos, encontramos personagens fascinantes, homens e mulheres usados grandemente por Deus na edificação de sua igreja. E quando estudamos a vida desses cristãos notáveis, aprendemos com seus erros e acertos, derrotas e triunfos e, sobretudo, com sua fé, esperança e amor – marcas que, desde o apóstolo Paulo, caracterizaram a trajetória deste povo cujo Senhor chamou de noiva, de igreja. E a história do povo de Deus é iluminada pela Escritura e escrita pelo Autor que, por sua misteriosa providência a determina e a encaminha para um glorioso final. Quando olhamos a história passada, todavia, a aparente vantagem da perspectiva pode, facilmente, fazer com que nos encantemos com os seus aspectos mais triunfantes, mais glamorosos sem, contudo, percebermos que o legado que recebemos de nossos pais na fé foi conquistado, muitas vezes, à custa de intenso sofrimento, lutas, e até da própria vida. A cada página da história do povo de Deus, vemos o estandarte da fé marcado com os sonhos, ideais, realizações, conquistas e com o sangue daqueles que palmilharam o velho, estreito e batido caminho da cruz.

Aqui folheamos o livro da história que ainda está sendo escrito e paramos nos Estados Unidos colonial do século XVIII, no capítulo que conta a história de um dos mais eminentes cristãos que já entrou para a galeria dos heróis da fé: Jonathan Edwards.

Edwards foi um farol cujo brilho guia, até os dias de hoje, a igreja de Jesus Cristo. Deus o utilizou como um instrumento para feitos extraordinários. Ele foi um homem de aguda inteligência, disciplina rigorosa, humildade intencional, fé resoluta, piedade deliberada e profunda, mas, se há algo que possa sumariar a intensa vida deste gigante, é o seu profundo anelo pela glória de Deus. Sendo um pecador redimido pela graça de Deus, Edwards foi alguém que se viu muito consciente de seus limites, suas lutas e pecados – ele as relatou de forma direta e indireta em suas famosas Resoluções, que começou a escrever quando contava apenas 18 anos de idade. Em um jornal local, à época da morte de Edwards, foi registrado o epitáfio que o descreveu como “um grande mestre da divindade. A divindade era seu estudo favorito e o ministério, seu maior deleite”. Como bem apontou James Boice, “Edwards defendeu cuidadosa e logicamente de que o propósito supremo de Deus é glorificar a si mesmo em tudo o que faz”. O próprio Edwards faz esta afirmação em uma de suas obras, quando diz que o fim para o qual Deus fez todas as coisas é a sua própria glória. Ele afirma que “tudo que é dito nas Escrituras como o propósito final de todas as obras de Deus pode ser resumido na seguinte frase: a glória de Deus”. Esta é, afinal, a pedra de toque de tudo quanto Edwards empreendeu em sua vida: fazer tudo para a glória de Deus.

Preparamos esta edição especial da Revista Fé para Hoje na esteira dainauguração do Jonathan Edwards Center, que foi estabelecido em São Paulo, em parceria com o Centro de Pós Graduação Andrew Jumper, da Universidade Presbiteriana Mackenzie e a Universidade de Yale, e que é coordenado pelo Dr. Heber Carlos de Campos. Queremos oferecer ao leitor um pequeno vislumbre da história, vida, escritos e ministério do notável Jonathan Edwards. Os artigos aqui são demonstrativos e representam alguns aspectos importantes da trajetória de Edwards. Queremos incentivar o leitor a aprofundar sua pesquisa sobre este personagem e sua vasta produção teológica e a construir, a partir do legado deixado por Edwards, um entendimento sólido, maduro e atual da teologia, que aponte para o povo de Deus de nossos dias o mesmo bom, velho e batido caminho da cruz de Cristo.


Autor: Tiago Santos

Tiago Santos é Diretor Executivo do Ministério Fiel, um dos pastores da Igreja Batista da Graça e co-fundador e diretor do programa de estudos avançados no Seminário Martin Bucer. É bacharel em direito pela Universidade do Vale do Paraíba e estudou teologia no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper e na Universidade Luterana do Brasil. Casado com Elaine e pai de três filhos: Tiago, Gabriel e Rebeca.

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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