domingo, 17 de novembro
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Matando a ira

No casamento, a ira rivaliza com a lascívia como um assassino. Minha opinião é que a ira é um inimigo pior do que a lascívia. A ira também destrói outros tipos de camaradas. Algumas pessoas têm mais ira do que pensam, porque ela tem disfarces. Quando a força de vontade esconde a raiva, a ira queima no íntimo, e os dentes da alma rangem com frustração. Ela pode manifestar-se em lágrimas que parecem tristeza. Mas o coração tem aprendido que esta talvez seja a única maneira de revidar a tristeza causada.

A ira pode se manifestar em silêncio, porque temos resolvido não lutar. Pode se mostrar em críticas severas e correção implacável. Pode atingir pessoas que não têm nada a ver com a origem da ira. Ela sempre se sentirá justificada pelo erro da causa. Afinal de contas, Jesus ficou irado (Mc 3.5), e Paulo disse: “Irai-vos e não pequeis” (Ef 4.26).

No entanto, a boa ira entre pessoas caídas é rara. Foi por isso que Tiago disse: “Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tg 1.19-20). Paulo também disse: “Os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade” (1 Tm 2.8); e: “Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia” (Ef 4.31).

Portanto, uma das maiores lutas da vida é a luta para manter “longe de nós a ira”, e não apenas para controlar suas expressões. Para ajudá-lo nesta luta, eis aqui nove armas.

Primeira, pondere os direitos de Cristo de ficar irado, mas, depois, considere como ele suportou a cruz como um exemplo de longanimidade: “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos” (1 Pe 2.21).

Segunda, pondere quanto você tem sido perdoado e quanta misericórdia lhe tem sido mostrada. “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Ef 4.32).

Terceira, pondere sua própria pecaminosidade e tire a trave de seu próprio olho. “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão” (Mt 7.3-5).

Quarta, pense em como você não quer dar lugar ao Diabo, porque ira abrigada no íntimo é aquela coisa que a Bíblia diz explicitamente que abre a porta e o convida a entrar: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo” (Ef 4.26-27).

Quinta, pondere a tolice de seu próprio autossofrimento, ou seja, os numerosos efeitos prejudiciais da ira para aquele que está irado – alguns espirituais, alguns mentais, alguns físicos e alguns relacionais. “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal; será isto saúde para o teu corpo e refrigério, para os teus ossos” (Pv 3.7-8).

Sexta, confesse seu pecado de ira para algum amigo de confiança, bem como ao ofensor, se possível. Esta é uma importante atitude de cura: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5.16).

Sétima, permita que sua ira seja a chave para destrancar os calabouços do orgulho e da autopiedade em seu coração e substituí-los por amor: “O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co 13.4-7).

Oitava, lembre que Deus operará todas as coisas para o seu bem, enquanto você confia na graça futura. Seu ofensor pode até lhe fazer o bem, se você reagir com amor: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tg 1.2-4).

Nona, lembre que Deus vindicará sua causa justa e acertará todas as coisas melhor do que você poderia fazê-lo. Ou seu ofensor pagará no inferno, ou Cristo já pagou por ele. Seu revide seria risco dobrado ou uma ofensa para a cruz. “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12.19). “Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1 Pe 2.23).

Que matemos nossa ira e lutemos por alegria e amor cada dia.

 

Traduzido por: Wellington Ferreira

Editor: Tiago Santos


Autor: John Piper

John Piper é um dos ministros e autores cristãos mais proeminentes e atuantes dos dias atuais, atingindo com suas publicações e mensagens milhões de pessoas em todo o mundo. Ele exerce seu ministério pastoral na Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, MN, nos EUA desde 1980.

Parceiro: Desiring God

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Ministério de ensino de John Piper que, há mais de 30 anos, supre ao corpo de Cristo com livros, sermões, artigos.

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