segunda-feira, 20 de janeiro
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Como saber seu dom e servir sua igreja?

Conhecendo seus dons e maneiras de exercê-los

Neste capítulo, vamos abordar três dons espirituais que envolvem o caminhar em serviço, provendo sacrificialmente para as mulheres ao nosso redor — seja na família, seja na igreja ou ainda no ambiente de trabalho:

a) Dom da diaconia

b) Dom da misericórdia

c) Dom da administração

Quando pensamos nos talentos naturais de cada um, somos levadas a admirar tantas aptidões, não é mesmo? Você já reparou a beleza de uma pirueta feita por uma bailarina, a maestria de uma violinista tocando ou a elegância de alguém praticando equitação? O que dizer de uma artista que faz uma bela pintura, de uma professora que cativa seus alunos ou de uma cozinheira que parece fazer mágica com as mãos?

Pare por um instante e reflita sobre a variedade de talentos que Deus criou! Quantas habilidades diferentes! E, muitas vezes, admiramos tanto algumas dessas aptidões que amaríamos tê-las, não é mesmo? Mas nem sempre somos boas naquilo que apreciamos. Posso, por exemplo, treinar balé por dez anos consecutivos e, ainda assim, não conseguir dançar tão bem quanto algumas pessoas que, em um ano de treinamento, já demonstram ter “nascido para aquilo”.

Às vezes, passamos tanto tempo contemplando os talentos de outras pessoas e desejando tê-los que acabamos ignorando ou subestimando aquilo com que Deus nos dotou. Precisamos entender que, em alguma medida, Deus pode nos chamar a exercer cada um dos mais distintos dons em relação aos nossos irmãos na fé. Contudo, de maneira graciosa, as oportunidades que mais surgem para servir estão, em geral, relacionadas aos dons com os quais Deus nos dotou de forma especial. E, se planejamos servir com o que Deus nos deu, precisamos conhecer as habilidades que podem ser usadas no reino e entender o contexto de vida no qual ele nos inseriu para colocá-las em prática. 

Partimos do princípio de que todo serviço realizado para agradar a Deus é uma forma de culto. É uma maneira de portarmos fielmente a imagem do Criador, refletindo para os outros um pouco dos atributos de Deus. Glorificamos a Deus no ato de trocar fraldas, fechar um negócio, limpar o chão ou ensinar uma turma de alunos. Em todo trabalho não eclesiástico em que servimos de forma amorosa às pessoas, glorificamos a Deus. Há, portanto, beleza em qualquer trabalho, seja dentro ou fora do lar, em que pessoas são auxiliadas. Porém, o foco deste livro é abordar os serviços amorosos que realizamos para nossas irmãs na fé, os ministérios que somos chamadas a exercer. Então, a

Conhecendo os dons

É fundamental compreender os dons que Deus nos concedeu e buscar em sua Palavra exemplos de mulheres que os exerceram. Só conseguimos identificar para o que Deus nos chamou quando conhecemos as inúmeras facetas do serviço aos outros descritas nas Escrituras. Para isso, temos de conhecer quais são os dons espirituais.

A instrução bíblica (dom do ensino), por exemplo, é algo que todas as mulheres são chamadas a exercer de alguma forma, conforme lemos em Tito 2.3-5. Algumas são chamadas a exercer esse dom em seu microambiente do lar, ensinando seus filhos ou familiares (2Tm 1.5); outras, no macroambiente de suas comunidades ou cidades (At 18.26).

Orando para que Deus direcione nossa capacitação

O hábito de orar para que Deus direcione como servir a outras mulheres deve ser constante. Afinal, todas fazemos parte de uma comunidade de membros codependentes entre si.

Mas talvez você pergunte: a oração pode mudar a vontade de Deus para minha vida? De forma alguma. Deus já tem tudo estabelecido antes da fundação do mundo. No entanto, quando oramos, Deus nos direciona a compreender qual é a sua vontade para nossas vidas. Crescemos em intimidade com ele por meio da oração e, dessa intimidade, vem o desejo de conhecê-lo ainda mais. E, à medida que o conhecemos cada vez mais por meio das Escrituras, entendemos melhor como imitá-lo. Dessa maneira, ele nos direciona à forma de servir a ele. Já que servir é uma ordem, devemos orar constantemente por isso.

Percebendo as oportunidades que Deus coloca à nossa frente

Quando eu era adolescente, filha de um ministro do evangelho, havia uma série de regras a serem seguidas, especialmente sobre namoro e relacionamentos. Por essa razão, eu era, basicamente, a menina sem nenhuma experiência! Ainda assim, Deus me enviava amigas mais velhas (dois ou três anos) que vinham me procurar para conversar e lamentar as más decisões ou os corações fragmentados por amores não correspondidos. E eu as ouvia.

Na minha pouca maturidade, eu tentava dar bons conselhos, com base em princípios bíblicos que eu conhecia e nos ensinamentos que ouvia de meus pais. Eu ouvia, chorava junto e orava com elas. Deus falava ao coração, apesar da minha imaturidade e inexperiência. Nessas ocasiões, eu me considerava uma boa amiga, pois guardava bem seus segredos e as consolava.

Engraçado como, às vezes, achamos que é sobre nós, não é? Mas não era. Nada tinha a ver comigo. Deus estava me chamando para algo maior, para algo que exigia que eu saísse de mim mesma. E isso envolvia sair da minha zona de conforto e estudar mais a Palavra, pois eu precisava ter o que dizer às pessoas em momentos como aquele. Deus estava me chamando para sair da minha zona de satisfação (algum compromisso agradável ou conversas alegres) e gastar meu tempo ouvindo histórias tristes, acolhendo as necessidades alheias e enfrentando as desesperanças. Ele estava me chamando para sair de mim mesma e me dedicar sacrificialmente a outras pessoas.

Levou algum tempo até eu perceber esse chamado. Foi meu pai, inclusive, quem me apontou isso4. Muitas vezes, Deus nos chama para servir em áreas em que não nos sentimos minimamente capazes. E ele simplesmente coloca diante de nós oportunidades irresistíveis e nos habilita para a tarefa. O próximo passo fala exatamente sobre isso.

Empenhando-nos em desenvolver esses dons ao extremo

Desenvolver qualquer dom espiritual diz respeito a conhecermais sobre o que Deus diz em sua Palavra. Todos os dons que envolvem caminhar com mulheres estão fundamentados no conhecimento da Bíblia. Para aconselhar, ensinar, exortar e zelar por pessoas, precisamos conhecer o Deus que tem tanto a dizer sobre cada uma dessas atitudes.

Esse processo envolve esforço e compromisso. Lembre-se: Deus capacita aqueles a quem ele chama, mas cabe a nós a responsabilidade pela preparação adequada para atender a esse chamado.

Voltemos, com atenção, ao texto de Romanos 12:

Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo; ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria. O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor; regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes; compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. (Rm 12.3-16)

Esse texto nos lembra como nós, mulheres, podemos intencionalmente nos dedicar a outras mulheres. Não devemos esperar que a oportunidade e a situação simplesmente “caiam em nosso colo”; temos de nos empenhar e buscar ativamente o serviço para o qual fomos chamadas.

Vamos entender melhor esse texto. Ele começa falando sobre graça (v. 3) — favor imerecido, algo que recebemos do Pai, um presente que nos foi dado por ele. Só podemos oferecer, transbordar em ofertas de amor, porque estamos repletas desse amor. Se fomos chamadas a agir como refletores, como espelhos da imagem e da semelhança do caráter amoroso de Deus, considere como isso nos conduz diretamente ao serviço.

Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir edar a sua vida em resgate por muitos. (Mt 20.26-28)

Jesus, Deus homem, veio para servir. Ele, sim, reflete perfeitamente a imagem de Deus Pai. E nesse versículo ele nos chama a imitá-lo.

Voltando a Romanos 12, vemos, no versículo 3, o seguinte alerta: “pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um”. Devemos nos lembrar de pensar a nosso respeito com base na verdade que a Bíblia diz sobre nós. Somos pecadoras, miseráveis, pessoas que receberam graça imerecida. Fé nos foi dada. Ele abriu nossos olhos. Ele nos fez reconhecer quem é Cristo. Ele nos tirou das trevas, da cegueira. A “medida da fé” nos foi dada por ele. Lembrando as palavras em Efésios 4:7,8: 

E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo. Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens. 

Para que ninguém se ensoberbeça, precisamos ter em mente que tudo que recebemos vem pela graça. E isso fica claro no versículo seguinte: temos diferentes dons “segundo a graça que nos foi dada” (v. 4). E isso é maravilhoso! O Deus perfeito escolhe os dons e decide a quem quer concedê-los. Nada disso vem de nós. Observe que não temos motivo algum para sair por aí divulgando ao mundo os dons que possuímos, pois nada disso é sobre nós. O texto ainda conclui com uma advertência: “não sejais sábios aos vossos próprios olhos”. É sobre servir ao corpo de Cristo, “preferindo-vos em honra uns aos outros”.

Devemos “pensar com moderação” sobre nós mesmas, entendendo que os dons que recebemos não vieram de nós e não são para nossa própria glória, mas para a glória de Deus. Vieram dele e são para a glória dele.

Nesse texto, o apóstolo discorre sobre dons espirituais que também serão abordados em outros capítulos deste livro.

Nós temos uma imensa responsabilidade em observar o dom dos nossos filhos, ver aquilo para o qual Deus os capacitou e, assim, os encorajar a empenhar esse dom com alegria em favor de outros. Isso faz uma tremenda diferença na vida de um adolescente ou jovem. Quando direcionado e estimulado a exercer seus dons, ao desejar trabalhar para o Reino, esse jovem frutifica de maneira evidente.

O artigo acima é um trecho adaptado e retirado com permissão do livro: Mulheres que caminham juntas, Organizado por Cláudia Lotti e Renata Cavalcanti, em breve pela Editora Fiel.

CLIQUE AQUI para ler mais artigos que são trechos deste livro.


Autor: Cláudia Lotti

Cláudia Lotti é casada com Rinaldo Lotti Filho, mãe do Henrique, da Rachel e do Benjamin. Ela é neurologista, mestre em Neurociências e professora. Pós-graduanda em Educação Cristã, ela dá aula de EBD e aconselha mulheres na Igreja Presbiteriana Paulistana (SP). Junto com Naná Castilho, é autora do livro Toda mulher trabalha, pela Editora Fiel.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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