sábado, 2 de novembro
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Não fomos criadas para decidir se um bebê deve viver

A promessa vazia do aborto

Quem não gosta de escolher? Mas essa escolha é diferente. Escolher extinguir uma vida no útero nos coloca no trono do Soberano, uma posição que não podemos sustentar. Nosso coração não foi feito para suportar o peso de decidir quem vive e quem morre. Isso nos destrói quando o fazemos.

É evidente que o corpo feminino é projetado para gerar e nutrir vida, não para dar fim a ela. Temos um útero. Temos glândulas mamárias. Nascemos carregando óvulos. Nosso corpo proclama que devemos reproduzir, nutrir e sustentar as crianças. Não é a soma total do propósito feminino, mas é inegável que somos, por concepção, doadoras de vida.

Trazer nova vida ao mundo é uma dádiva surpreendentemente maravilhosa. É admirável. As mulheres têm o enorme privilégio de serem subcriadoras com Deus.[i] Nossos corpos não são entraves. O corpo feminino é glorioso, bom e digno de proteção e valorização.

O aborto, portanto, inflige uma ferida em nível fundamental. Embora os proponentes elogiem o procedimento como uma solução rápida e simples, a realidade é que ele afeta não apenas nosso corpo, mas também nosso coração e nossa alma. Matar a criança dentro de nós é uma violência à nossa composição como mulheres. Isso contradiz a realidade; vai contra à nossa própria natureza.

O aborto retira a vida, mas somos criadas para dar vida. Nunca estaremos bem abortando um bebê, porque fomos feitas à imagem de um Deus que deu sua própria vida por nós. Quando refletimos sua imagem, nos sacrificamos pelos outros, e prosperamos.

Todos nós carregamos a culpa

O aborto é uma realidade de partir o coração que nunca deveria existir. Sou levada às lágrimas enquanto penso em muitas amigas queridas e nas inúmeras mulheres que aconselhei que escolheram o aborto, porque achavam que era necessário.

Devemos reconhecer que nós, como povo americano, fizemos o assassinato parecer mais atraente do que a maternidade. A culpa pelo aborto é de todos nós.

O aborto tem servido como solução rápida para uma sociedade que busca o sexo sem consequências e prioriza o corpo e a função do homem acima do corpo e da função da mulher. Em vez de conformar os valores e expectativas da sociedade ao bom e admirável design feminino e com o que contribuímos para a sociedade através da fertilidade e reprodução, fomos convencidas a sacrificar a nós mesmas e os nossos bebês.

Nós nos acomodamos a esse modo de vida desordenado e até mesmo o defendemos. E tem havido vítimas demais. Então, como podemos avançar? Como uma mulher que abortou pode superar seu arrependimento e trauma? Como podemos forjar um novo normal para mulheres e meninas?

O aborto não é imperdoável

As feridas sofridas por uma mulher que abortou são diferentes de qualquer outra. Como descrito nas estatísticas acima, elas são profundas na alma e causam vergonha e arrependimento aparentemente insuperáveis. O pai da mentira (Jo 8.44), Satanás, sussurra às mulheres que o aborto é imperdoável, mas isso não é verdade.

Nosso Deus está pronto e disposto a perdoar e libertar.

Uma mulher que abortou deve primeiro reconhecer a escolha que fez. Embora seja verdade que muitos outros são culpáveis, uma mulher que aborta não pode seguir em frente, a menos que seja honesta consigo mesma e com seu Deus. O apóstolo Paulo diz: “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” (2Co 7.10). A tristeza do mundo mantém uma mulher em cativeiro; ela produz a morte, porque não é honesta, contrita ou quebrantada diante de Deus. Mas a tristeza segundo Deus reconhece o pecado e a injustiça e coloca tudo diante do Senhor para seu perdão e cura.

O pecado do aborto foi pago, de uma vez por todas, na cruz. Não acredite na mentira de que a morte de Jesus não foi um pagamento suficiente.

A verdade é: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9). Se você confessar seu papel no aborto, Jesus não apenas a perdoará, mas a purificará.

A Bíblia diz sobre Deus: “Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Sl 103.11-12). Quando você e eu tememos ao Senhor — quando o reverenciamos, reconhecemos sua santidade e o nosso pecado — todas as nossas transgressões são removidas de nós para sempre.

Experimentar a paz que vem do perdão completo de Deus raramente é um evento único e definitivo. Aconselhamento centrado em Cristo e grupos de apoio pós-aborto são inestimáveis. Muitas mulheres encontram cura ao compartilhar suas histórias e prestar cuidados a mulheres grávidas em crise nos centros de apoio à gravidez.

A notícia muito boa e final para as mulheres que abortaram é esta: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36). Não importa o pecado, ninguém pode tirar o perdão comprado para nós na cruz de Cristo. Além disso, ninguém pode tomar a liberdade forjada em sua ressurreição. Porque Jesus vive, nós também viveremos (Jo 14.19).

Você realmente quer ser inclusiva?

A autora e filósofa Nancy Pearcey diz: “A posição pró-escolha é exclusiva; ela afirma que algumas pessoas não estão à altura. Elas ficam abaixo do padrão. Elas não se qualificam para os direitos da personalidade. Mas a posição pró-vida é inclusiva. Se você é um membro da raça humana, você está ‘dentro’.”[ii]

Você está dentro. Eu estou dentro. Todos os homens, mulheres e crianças estão dentro. Toda vida é um tesouro a ser protegido.

Embora seja verdade que mais de 60 milhões de bebês foram abortados nos Estados Unidos desde 1973, com um movimento do Espírito de Deus entre seu povo, isso pode se tornar um reflexo da história e não uma previsão para o futuro. Atualmente, existem mais de 2.700 centros de apoio à gravidez nos Estados Unidos,[iii] enquanto existem apenas cerca de 800 clínicas de aborto.[iv]

Servi em alguns centros de recursos de gravidez e sentei-me com mulheres enquanto elas consideravam suas opções. Cada uma delas tem uma história única, mas muitas são vulneráveis porque lhes faltou educação, emprego, um parceiro que a apoiasse, uma vida doméstica saudável. Muitas mulheres enfrentam perigo real, abuso e vergonha em casa. Fornecer recursos e cuidados pode fazer toda a diferença. Auxiliá-las em etapas como encontrar um médico que possa atendê-la pelo governo, obter ajuda com mantimentos, obter mentoria de uma mãe, entre outras coisas, podem fazer a diferença entre a vida e a morte.

E se levássemos Deus a sério, com a ajuda dele mesmo? E se, com o fortalecimento do Espírito Santo, nós, a igreja, nos dispuséssemos para outras? E se levássemos a bondade tangível de nosso Deus para as mulheres necessitadas? E se perseguíssemos a vida e o bem-estar de outras com tanta firmeza que o aborto se tornasse desnecessário, até mesmo impensável?

A comunidade pró-vida deve perceber que esta não é uma situação de “nós contra eles”. Eles somos nós. Como seres humanos, estamos nisso juntos. Como podemos todos escolher a vida juntos, para que nossos filhos possam viver (Dt 30.19)?

Essa é a cosmovisão bíblica, que é verdadeiramente inclusiva, em ação.

Indo para casa

Em 2020, o canal FX estreou um documentário sobre a vida de Norma McCorvey, chamado AKA Jane Roe (Vulgo Jane Roe). O cineasta Nicholas Sweeney diz que McCorvey o procurou para fazer uma confissão no leito de morte. Ela queria que o mundo soubesse, antes de sua morte, que seu trabalho pró-vida era uma fraude. No filme, ela diz: “Acho que foi uma coisa mútua. Sabe, peguei o dinheiro deles, e eles me colocaram na frente das câmeras e me falaram o que dizer.”[v]

Os críticos do filme dizem que Sweeney não pressionou McCorvey o suficiente para descobrir a verdade. Muitos concluem que a verdadeira Norma McCorvey nunca foi revelada, que suas próprias palavras não foram convincentes. Talvez ela mesma nunca tenha se sentido em paz no movimento pró-escolha ou no movimento pró-vida, e sempre foi tratada como um peão. Ela sempre quis ser atriz, disse a Sweeney.

É devastador perceber que Jane Roe foi provavelmente usada primeiro por ativistas pró-aborto e talvez também por ativistas pró-vida. Talvez ela gostasse dos holofotes ou talvez simplesmente não soubesse melhor como conduzir sua própria vida. De qualquer forma, ela agora é um emblema da grande exploração de mulheres e meninas durante sua geração. De qualquer forma, seu trágico legado confirma para nós que, sem uma base sólida e uma comunidade solidária, mulheres e meninas vulneráveis provavelmente serão usadas pelo mundo ao seu redor.

Isso foi verdade com minhas amigas no ensino médio, pois elas foram usadas pelos meninos com quem dormiam, pela cultura pop que as moldava e pela clínica da Planned Parenthood que fornecia seus abortos por algumas centenas de dólares. E esse foi o caso comigo e com minhas amigas da faculdade, sendo facilmente usadas por um movimento social, nossa fidelidade comprada com um barato e impensado meu corpo, minhas regras.

A promessa vazia do aborto

O aborto é a promessa vazia mais mortal da nossa época.

Assim como a vida dissoluta que o filho pródigo perseguiu em um país distante, o aborto promete vida, satisfação e realização real. Em vez disso, causa morte, arrependimento e inúmeras feridas, não apenas físicas.

Que todos possamos recobrar os sentidos e voltar ao abraço caloroso, perdoador e longânimo do Pai. Que possamos ativamente e persistentemente fazer retroceder a cultura da morte em nosso meio. Nosso bom Deus é o Deus da ressurreição. Sua especialidade é gerar vida da morte. É o que ele faz! Que ele faça isso aqui e agora. Que possamos escolher a vida. Talvez você mesma tenha feito um aborto (ou talvez mais de um), ou talvez tenha encorajado sua amiga ou filha a fazer um, ou talvez você tenha apenas evitado o problema completamente e se iludido de forma complacente pensando que esse problema não é seu. Seja qual for o papel que você assumiu em relação à falsificação do aborto, saiba: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Não permita que o inimigo roube a alegria da sua salvação, a leveza da sua liberdade, a paz e a esperança que você tem por toda a eternidade. Ele não é bem-vindo aqui. Você foi feita para muito mais. Nosso Deus reina.


Este artigo é um trecho adaptado e retirado com permissão do livro Feminilidade distorcida, de Jen Oshman, Editora Fiel.

Veja os demais artigos que são trechos deste livro – CLIQUE AQUI.


[i] Timothy Keller, On Birth (Nova Iorque: Penguin, 2020), p. 7 [em português: Nascimento, casamento e morte: Como encontrar Deus nos eventos mais significativos da vida (São Paulo: Vida Nova, 2020)].

[ii] Nancy Pearcey, Love Thy Body (Grand Rapids, MI: Baker, 2018), p. 64.

[iii] Nicole Stacy, “Pro-life Pregnancy Centers Served 2 Million People, Saved Communities $ 161M in 2017”, Charlotte Lozier Institute, September 5, 2018 (disponível em: https://lozierinstitute.org/pro-life-pregnancy-centers-served-2-million-people-saved-communities-161m-in-2017/, acesso em 5 set. 2022).

[iv] “Data Center,” Guttmacher Institute (disponível em: https://data.guttmacher.org/states/table?state=US&topics=57&dataset=data, acesso em 5 set. 2022).

[v] Alisa Chang, “New FX Documentary Explores Life of the Woman Behind Roe v. Wade Decision”, All Things Considered, National Public Radio, May 22, 2020 (disponível em: https://www.npr.org/2020/05/22/861202475/new-fx-documentary-explores-life-of-the-woman-behind-roe-v-wade-decision, acesso em 5 set. 2022).


Autor: Jen Oshman

Jen Oshman participa do ministério de mulheres como missionária e esposa de pastor há mais de duas décadas e em três continentes diferentes. Ela é mãe de quatro meninas, autora e apresentadora de All Things, um podcast sobre tendências e eventos culturais. Jen e sua família moram no Colorado, onde seu marido plantou a Redemption Parker, uma igreja do ministério Acts29.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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