quinta-feira, 28 de março

O amor fiel de Deus consola suas filhas (parte 1/2)

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O texto abaixo foi extraído do livro Um Coração Inabalável, de Elyse Fitzpatrick, da Editora Fiel.

À sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades. Salmo 57.1

Durante o verão de 2005, a National Geographic lançou um documentário fascinante sobre o ciclo de vida das aves da Antártida, chamado A Marcha dos Pinguins. Esse filme maravilhoso, uma novidade na época, fala sobre a história dos pinguins imperadores que vivem em um dos ambientes mais severos da terra e de sua luta para se reproduzirem.

O filme documenta a marcha de aproximadamente 67 quilômetros e o ritual complexo de acasalamento dos pinguins. Após o acasalamento, a fêmea choca um único ovo, que omacho precisa equilibrar precariamente na ponta de seus pés, sob sua macia camada de penas por semanas, enquanto a mãe retorna para o oceano para se alimentar e recuperar as forças. Durante os meses de inverno severo, milhares de pais se agrupam tentando manter suas próprias vidas e ficar por semanas sem alimento.

Se, por algum acidente, o ovo deslizar para fora dos pés do pai, ele irá congelar quase imediatamente no gelo. Se o ovo for incubado corretamente e o filhote eclodir, o macho e a fêmea se alternarão para proteger a pequena vida dos ventos cruéis do inverno. Outra vez, se o filhote vaguear para longe do calor e da proteção de seus pais, irá congelar até a morte quase de forma imediata. Esse quadro de sacrifício parental e de dependência e fragilidade do filhote é marcante.

A Marcha dos Pinguins, ao produzir admiração e adoração em meu coração pela sabedoria do Criador, também serve como um quadro amoroso do nosso relacionamento com o Pai celestial. A Bíblia nos ensina que ele nos aconchega cuidadosa e amorosamente debaixo de suas asas para nos proteger das tempestades de destruição que vêm sobre nós. Como os bebês pinguins, somos tão frágeis que as tempestades a nos assolar nos destruiriam se não tivéssemos seu amor inabalável e sua graça sustentadora. Davi escreveu: “à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades” (Sl 57.1). Por causa da sua infinita benignidade, Deus nos mantém perto do seu coração e nos protege das ásperas realidades do mundo amaldiçoado pelo pecado em que vivemos. Ele nos consola e, por seu forte amor, nos abriga das tempestades e dos ataques que certamente nos matariam. É o amor inabalável de Deus que o mantém perto de nós e garante a nossa segurança.

O amor fiel de Deus

Conforme nos achegamos ao Senhor e encontramos refúgio e proteção debaixo da sombra de suas asas, nos vemos imersas em seu amor. Como é esse amor? Sabemos que ele não é apenas um atributo de seu ser — é, na verdade, quem ele é. O fato de que “Deus é amor” (1Jo 4.8,16) deve nos dar consolo e encorajamento. Ele não precisa se lembrar de amar você. Faz parte da natureza dele amá-la e protegê-la da destruição. Assim como você não precisa se lembrar de respirar, ele não precisa se lembrar do amor e do cuidado que tem por você.

Uma das palavras mais importantes que descrevem o amor de Deus encontrada no Antigo Testamento é hesed. Ela é usada 240 vezes e fala, principalmente, da benignidade de Deus. A versão da Bíblia Almeida Revista e Atualizada geralmente traduz essa palavra como “misericórdia”, enquanto a Nova Versão Internacional usa “amor” (ver Êxodo 34.6,7). Outras definições de hesed incluem graça, fidelidade, bondade e devoção. Essa é uma daquelas palavras sem uma tradução direta em português. Na verdade, precisamos de três palavras para traduzi-la corretamente: força, firmeza e amor. Vamos separar um momento a fim de olhar para cada uma das facetas dessa palavra, com o objetivo de compreendermos, de forma mais completa, a disposição de Deus em relação aos seus filhos, nós, que estamos escondidas debaixo de suas asas das tempestades que ameaçam nos oprimir.

A força de Deus reservada a nós

Para mim, a grande força de Deus é algo que traz encorajamento ao meu coração, mas também me tenta a vê-lo como se estivesse distante ou inalcançável. Por outro lado, quando penso que essa força sustenta o amor dele por mim, sinto a sua proximidade. O seu amor é fortalecido por essa maravilhosa resistência que não pode ser assolada, influenciada ou diminuída. É uma compaixão poderosa que vinculou a minha alma a ele e me manterá segura, debaixo de suas asas, por toda a eternidade. Então, embora o pinguim-imperador pai possa inadvertidamente falhar ao proteger o filhote do vento severo, do gelo e da neve circulando sobre ele, e a nossa família e amigos possam nos abandonar, o nosso Pai celestial nunca irá falhar. Jesus coloca desta forma: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz… jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar” (Jo 10.27-29).

Pense por um momento sobre o poder imensurável do nosso Pai celestial. Ele declara que a sua força é maior do que qualquer outra e que ninguém poderia forçá-lo a tirar a sua proteção de nós. Ele é maior do que qualquer poder sobre a terra — do que os demônios, os planos malignos do homem ou, até mesmo, maior do que a nossa própria perversidade — nada pode abrir a sua mão quando ele estiver determinado a fechá-la. As asas dele estão sobre você, dando-lhe refúgio e proteção. Porque ele é onipotente — todo-poderoso — ninguém é capaz de mudar o que ele decretou: ele está escondendo-a da força máxima da tempestade.


Autor: Elyse Fitzpatrick

Elyse Fitzpatrick é conselheira bíblica no Institute for Biblical Counseling and Discipleship, na Califórnia, e possui mestrado em Aconselhamento Bíblico no Trinity Theological Seminary. Elyse é coautora do livro Pais Fracos, Deus Forte.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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