domingo, 17 de novembro
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O filho pródigo

Infelizmente, eu posso escrever sobre o filho pródigo por experiência própria. Felizmente, eu posso escrever sobre o filho pródigo por experiência própria. Vamos juntos entrar na mente e no coração deste jovem homem e ouçamos os seus pensamentos e palavras em vários estágios de sua imprudência e arrependimento.

Estou farto (versículo 12)

Papai é um cara legal, um cara sábio e, felizmente, um cara que perdoa. Ele é gracioso e generoso com todos em nossa família, especialmente comigo, e até mesmo com seus servos. Eu não deveria ter queixas, e eu não tenho, fora o fato de que, bem, a vida aqui é bastante chata.

Meus amigos voltam dos seus trabalhos na cidade com experiências tão incríveis e histórias emocionantes para contar. Eu não tenho nada disso. A vida aqui é tão previsível, tão rotineira, tão comum, tão chata.

Mas isso tudo vai mudar, e hoje é o dia. Pedirei ao Papai para me dar um adiantamento da minha parte na herança, e depois eu vou partir para uma vida maior e melhor. Provavelmente ele vai dizer não, mas eu tenho algumas cartas na manga.

Estou livre (versículo 13)

Não acredito. Estou na estrada. Até que enfim, livre. Sem culto no domingo, sem devocionais familiares, sem “volte para casa à meia-noite”, sem o Papai me vigiando, sem tédio.

Sou livre para escolher meus amigos, livre para escolher minhas próprias namoradas, livre para experimentar o que eu quiser, livre para ser eu mesmo, livre para ser quem eu quiser ser.

Foi um pouco doloroso ver o rosto do meu pai quando falei com ele. Mas o dinheiro é meu, afinal. Estou apenas recebendo-o alguns anos mais cedo. E eu não vou gastá-lo todo de uma vez. Não sou tão burro. Vou investir um pouco e guardar um pouco, mas vou, definitivamente, me alegrar em gastar um pouco também.

Claro, os últimos dois dias foram um pouco parecidos com um pesadelo, com a Mãe e o Pai deprimidos o dia todo e conversando até tarde da noite. Mas o meu irmão estava bem feliz de me ver indo embora. “Sr. Perfeitamente Orgulhoso” nunca fez nada de errado na vida.

Enfim, cuidado aí, mundo, aqui vou eu.

Estou Faminto (versículos 13-14, 16)

Tenho certeza que eu tinha mais dinheiro naquela bolsa. Onde foi parar? Não posso ter gasto tudo já, não é? Espero não ter emprestado as minhas economias para o Joe. Eu não o vi mais desde aquela época. Pense comigo, eu não vi mais ninguém desde que comecei a ter que fazer cortes nos gastos na semana passada.

Tinha esperança de que receberia um convite para uma festa neste fim de semana e conseguiria uma boa comida e bebida; o custo dos alimentos está subindo com essa fome. Mas até agora não recebi nada no correio. Estou com tanta fome. Como vou conseguir algo para comer?

Estou imundo (versículos 15-16)

Não acredito nisso. Eu simplesmente não consigo acreditar. De pessoas lindas a porcos. De festas para um chiqueiro. Eu nunca pensei que a lavagem de porcos pudesse parecer tão saborosa. Alguns amigos nem ao menos vêm me ajudar na minha pequena recessão.

Outro cara novo de olhos brilhantes está na cidade desfrutando de toda a “atenção” deles. Só de pensar em tudo o que eu dei e compartilhei… e o que recebi em troca? Um zero bem grande e redondo. E lama. E estrume. É simplesmente nojento.

Esses caras me dão nojo. Na verdade, tenho nojo de mim mesmo. Os meus “amigos” me dão nojo. Os porcos me dão nojo. Eu sinto nojo de mim mesmo. Mas o que eu posso fazer?

Sou ridículo (versículo 17)

O que estou fazendo? Olhe para si mesmo, seu idiota. Olhe para o que você abriu mão. E olhe para o que você “ganhou”. Eu fui tão tolo. Gastei todo o meu dinheiro. Não, vamos ser honestos: eu o perdi, joguei tudo fora. E para quê? O que eu tenho como recompensa? Nada. Absolutamente nada.

Vamos lá, pense, cara. Até mesmo os servos do Papai têm uma vida melhor do que essa. Eles têm muita comida, e eu estou simplesmente morrendo de fome. Talvez eu devesse … não, eu não poderia. Não poderia.

Estou acabado (versículo 18)

Tudo bem, acabou para mim. Não aguento mais isso. Eu tenho que arriscar e voltar para a casa do Papai. É uma agonia só de pensar em ver o cinismo do meu irmão, mas eu tenho uma chance com o meu Pai, especialmente se eu pedir perdão e implorar por misericórdia. Mesmo que ele me aceite como um servo, isso seria mais do que eu poderia esperar. Talvez, ele ainda possa me ajudar espiritualmente, porque pequei contra Deus também. Na verdade, eu pequei contra Deus acima de tudo.

Eu não tenho nenhuma ideia do que vai acontecer, mas para mim essa “vida” já deu. Seja lá o que o futuro tem para mim de volta para casa, deve ser melhor do que isso, mesmo que eu venha a ser um servo. Talvez, o Papai me dê um espaço junto aos empregados.

Sou perdoado (versículos 20-24)

Quem é aquele no monte? Parece o Papai. Deve ter perdido uma ovelha. Ah, agora ele está correndo na minha direção. Será que ele me viu?

Espere aí, acho que o ouvi gritando: “Meu filho, meu filho, meu filho. Seja bem-vindo, meu filho, meu filho”. Será possível?

“Papai, por favor. Por favor, Papai! Papai, pode parar um pouco com os beijos? Papai, papai, por favor, não me chame seu filho. Eu não mereço isso. Sinto muito, muito mesmo. Eu pequei contra Deus e pequei contra você. Escuta, sei que não mereço nem mesmo isso, mas se eu pudesse apenas ser um dos seus servos, isso já seria muito”.

“Servo? Nunca, nunca, nunca. Você é meu filho. Sempre e para sempre o meu filho”.

“Não, Papai, não é certo”.

“Se você quer justiça, você veio ao lugar errado, meu filho. Você estava perdido e morto. Foi encontrado e está vivo. Com certeza, você é e sempre será meu filho”.

“Ei, você, servo. Vá buscar o melhor vestido, o melhor anel e o melhor bezerro para o meu filho. Providencie – rápido. Vamos celebrar e nos divertir. Meu filho, meu filho, meu filho”.

Observações

Se você está farto, cansado das críticas de seus pais, só esperando a primeira oportunidade para ir a terras distantes, suplico-lhe que reconsidere seus planos. A maioria dos filhos pródigos não voltam. Alguns obtêm sucesso e não voltam. Muitos encontram a morte e não podem voltar. Sua inquietação é rebelião contra o amor. Não minimize isso dando nomes diferentes como “loucuras da juventude”, “meu tempo no mundo” ou “tentar a vida”. É pecado, e é pecado contra o amor.

Se agora você está vivendo “livremente”, provavelmente você não está lendo isso, mas talvez possa estar. Embora provavelmente você não esteja nos lugares onde normalmente pode-se encontrar a revista Tabletalk, Deus tem encontrado muitos filhos pródigos em países distantes através desta pequena revista.

Eu te pergunto: Quão livre você é realmente? Livre o bastante para se afastar de seus hábitos e estilo de vida agora, se você quisesse? Você não está, está? O que você chama de liberdade é formado por várias correntes invisíveis, todas as mais mortais, porque raramente são vistas ou sentidas.

Se você está faminto, você sabe que é porque quanto mais você consumiu, com mais fome ficou; quanto mais você bebeu, mais sedento ficou; quanto mais prazer você buscou, mais triste ficou. A culpa esvaziou e secou a sua alma. Agora nada satisfaz. Sinta isso. Perceba isso. Admita isso.

Veja a bagunça imunda onde se encontra. O pecado te enoja, não é? Houve um tempo que não. Costumava ter um sabor tão doce e satisfatório por um momento ou dois, pelo menos. Agora você sente nojo. A boa notícia é que esse nojo é um sinal de que a saúde está voltando.

Se você está vendo o quão tolo você é, também é um bom sinal. Na verdade, significa que você está recuperando os seus sentidos, e esse é o primeiro passo para vir a Cristo. Você está vendo a insanidade do pecado. De vez em quando você diz: “Acho que estou ficando louco”. Mas esses são os pensamentos mais sensatos que você teve em um longo período de tempo. Ver a sua loucura é o primeiro sinal de sabedoria.

Para você, o pecado já deu o que tinha que dar, não é? Você já está farto de você mesmo. Você já teve o suficiente. Você traçou uma linha na areia e disse: “Daqui eu não passo. Já estou cheio do meu pecado, e vou refazer meus passos para ver se encontro uma maneira de voltar para o Pai”.

A boa notícia é que você já está no caminho de volta. Acabar com o pecado é começar a salvação. Arrepender-se é acreditar e acreditar é arrepender-se.

O perdão espera. Implore por ele e tenha certeza de que você irá recebê-lo. Você acha que está indo para casa do seu Pai, mas o seu Pai já saiu de casa para encontrá-lo e guiá-lo pelo resto do caminho. Olha! Ele está correndo, ele está vindo, ele está abraçando, ele está beijando, ele está chamando, ele está se deleitando, ele está celebrando. Não há nada em que ele se deleite mais do que em perdoar. Por que não deleitar-se com isso, também, através de Seu Filho perfeito, Jesus Cristo?


Autor: David Murray

David P. Murray serviu como pastor da Locharron Free Church of Scotland de 1995 até 2000 e, posteriormente, na Stornway Free Church of Scotland entre 2000 e 2007. David Murray é professor de Antigo Testamento e Teologia Prática no Puritan Reformed Theological Seminary, em Grand Rapids, Michigan. Murray escreve no blog "Head, Heart, Hand: Leadership for Servants."

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