quinta-feira, 12 de dezembro
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O google sabe de tudo

Você já deve ter ouvido falar que “o Google sabe de tudo”, o que geralmente significa que, utilizando o mecanismo de busca do Google, podemos ter acesso a quase todo tipo de conhecimento na Internet. Mas você já levou em consideração como as empresas usam a Internet para divulgar e vender seus produtos, incluindo as práticas duvidosas como o “marketing viral”? Você ficaria surpreso com o quanto elas sabem sobre você. O Google, bem como outros mecanismos de busca, não só conhecem muito sobre a Internet, como também sabem muito a seu respeito.

Identifique Ameaças

A Internet tem tornado acessível uma enorme gama de conhecimento, e o conhecimento pode ser vendido, principalmente o conhecimento acerca de indivíduos. Algumas dessas atividades são ilegais, mas muitas delas estão dentro dos limites da lei.

Num artigo recente, um experiente perito em fraudes explicou que os criminosos estão explorando as mesmas técnicas de prospecção de dados utilizadas pelos bancos e sistemas governamentais, a fim de disseminar fraude. Esse processo pode ser totalmente informatizado, e as pessoas que exercem esse tipo de atividade são conhecidas como “vendedores de dados”. Deixe-me dar um exemplo, o diretor mais antigo da British Telecom explicou que “com uma pequena taxa de aproximadamente 50 dólares, eles podem reunir todos os dados sobre você e preparar um relatório de três a cinco páginas. O pagamento da taxa garante que essa prática leve menos de uma hora”. [i]

O preço do gratuito

Nos últimos anos, desde que a maioria das pessoas começou a utilizar a Internet, ficamos acostumados com a informação “gratuita”. Como diz o ditado: “quando a esmola é demais, o santo desconfia”. Esse é o caso da Internet. Embora seja verdade que é fácil encontrar web sites que existem por razões puramente altruístas, muitos web sites ativos são guiados por motivações que vão desde a obtenção de lucro até o proselitismo, e muitos outros possuem motivações ainda mais perversas. Ao escrever sobre o líder dos provedores de busca da Internet, um comentarista sugeriu que “o ‘preço’ que pagamos pelos serviços gratuitos do Google é apresentar a nós mesmos como as melhores vítimas para os nichos de mercado”. [ii] O Google, assim como a maioria dos mecanismos de busca, obtêm 99% de seus lucros por meio de anúncios. É claro que, quanto mais focalizado for um anúncio, mais fácil será vender. Afinal, as empresas não querem gastar dinheiro com anúncios para pessoas que não se interessam por seus produtos.

Você pode dizer: “E daí? Já não vivemos numa sociedade bombardeada com anúncios de televisão, jornal, rádio, revistas e milhares de outros? Não há nada de errado ou imoral em fazer propagandas. Essa não seria apenas mais uma forma de fazer anúncios, com os quais crescemos e nos acostumamos a ignorar”?
Há força nesse argumento, e não estou sugerindo que fazer propaganda seja imoral. Afinal, nós como cristãos, também fazemos propagandas de nossos encontros e eventos especiais. Queremos que as pessoas saibam sobre eles ou sobre a causa pela qual nos apaixonamos.

Alguns Perigos

Entretanto, existem perigos singulares e reais na Internet. Por parecer impessoal, ela exerce uma atração quase que irresistível em muitos. Por exemplo, conforme discutimos num artigo anterior, as pessoas são propensas a expor nas redes sociais, informações que não revelariam se estivessem cara a cara com alguém. É exatamente por essa razão que os predadores da Internet têm sucesso. Tome como exemplo o caso de Colin Maddocks, um homem de 57 anos que enganou doze meninas entre treze e dezesseis anos, na província da Colúmbia Britânica, Canadá, levando-as a acreditar que ele era um adolescente. Os encontros virtuais levaram a encontros pessoais, nos quais “Maddocks oferecia álcool, cigarro e drogas como chamariz para controlá-las e ter o consentimento delas para seus pedidos de natureza sexual”. [iii]

A verdade é que geralmente somos muito ingênuos e dispostos a fornecer informações sobre nós mesmos nos web sites, sem saber nada ou quase nada sobre quem os opera ou o que farão com as informações fornecidas. Até mesmo as informações providas em nossas buscas podem ser vendidas.

Informações à venda

Em seu livro fascinante, intitulado Click – o que milhões de pessoas estão fazendo on-line e por que isso é importante, o autor Bill Tancer extrai informações de uma empresa de marketing chamada “Hitwise Competitive Intelligence Services” (Serviço de Inteligência Competitiva para Informações com Sucesso). Os dados são um exemplo do uso da Internet feito por mais de dez milhões de pessoas no Reino Unido, Estados Unidos e outros países; uma pequena amostra, comparada à maioria dos mecanismos de busca existentes. Tancer ilustra o poder da informação por meio de uma série de exemplos. Ele demonstra, num gráfico, como as buscas por dietas atingem seu auge após o feriado do dia de ações de graças. Semelhantemente, as buscas por casas para alugar chegam ao pico em julho e diminuem lentamente até depois do Natal, quando há uma mudança de interesse mais significativa. Todas essas informações são muito úteis para qualquer um que deseja vender produtos para regime ou uma casa.

Ao rastrear a propagação da gripe H1N1, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças voltou-se para o Google como uma fonte confiável de informações. Os dados providos pelo Google eram tão bons quanto os de outras fontes confiáveis e muito mais instantâneos que os de todas elas. Num texto sobre seu próprio site, o Google informou: “descobrimos que a busca por determinados termos eram bons indicadores da atividade da doença. O “Google Flu Trends” utiliza os dados de busca do Google de modo agrupado para estimar a atividade da gripe ao redor do mundo em tempo real”. [iv]

Uma comparação entre os dados do Google e os do Centro de Controle e Prevenção de Doenças

O autor John Battelle, em seu livro Busca: Como o Google e Seus Competidores Reinventaram os Negócios e Estão Transformando Nossas Vidas, cunha o termo “a database da intenção”, no qual descreve “os resultados agrupados de cada busca registrada, cada lista de resultados pretendidos e cada passo dado na web como sendo ‘um resultado’”. Ele segue descrevendo o poder da informação na Internet, explicando que, “as informações, quando agrupadas, representam a procuradoria das intenções da humanidade – uma gigantesca database de desejos, necessidades, anseios e gostos podem ser descobertos; arquivados; rastreados; explorados e servir de intimação para todos os propósitos. Uma fera como essa jamais existiu na história da cultura, mas é quase garantido que ela cresça exponencialmente a partir de agora”.

Marketing Viral

Os marqueteiros da Internet vendem informações, e quanto mais direcionadas ao alvo elas forem, melhor. Nota-se que “89% dos adultos compartilham conteúdo por e-mail com amigos, familiares e colegas de trabalho”. [v] O marketing viral atua unindo anúncios bem direcionados a conteúdos que possam ser compartilhados, como por exemplo, um vídeo do YouTube ou uma piada por e-mail. A psicologia detrás do marketing viral é sutil. Quando as pessoas recebem um e-mail ou uma recomendação de um amigo ou colega são menos propensas a descartá-los. Um marqueteiro viral explica que “as pessoas geralmente gostam de compartilhar conteúdo por que isso faz com que se sintam mais importantes. Se você parece ser o primeiro a encontrar e oferecer algo que seja do interesse de seus amigos ou outras pessoas, isso lhe trará créditos e um senso crescente de respeito social. [vi]

Como funciona?

Toda vez que você faz uma busca na Internet, essa busca é registrada. Toda vez que você entra num web site ou clica num link, esse fato é registrado. Cada informação que você coloca na Internet é arquivada e pode ser vendida a outros. No ano passado, a receita bruta do Google superou vinte e três bilhões de dólares. Esse dinheiro foi obtido por meio da venda de anúncios direcionados. Clicar naqueles “links patrocinados”, ao lado direito da página de busca, gera rendimentos para o Google. As empresas oferecem um bom dinheiro pelas palavras-chave utilizadas durante as buscas. Quanto mais popular for uma palavra-chave, mais cara ela será. A ordem na qual nos “links patrocinados são exibidos demonstram o preço que os licitadores estão desejosos para pagar, a fim de que você clique no link deles. Os outros mecanismos de busca como Yahoo, Bing e outros, funcionam de modo semelhante.

Os proprietários de web sites também possuem um grande aparato de ferramentas à sua disposição. Essas ferramentas são chamadas de “inteligência analítica”. Elas analisam cada informação – o número de visitantes, de onde eles são, quando tempo gastam pesquisando um web site, quais as páginas visitadas e o tempo gasto nelas, se eles entraram num site devido a um resultado de busca ou se foram direcionados por outro web site, qual a última página visitada num web site, etc. Todas essas informações são úteis para usuários que têm o propósito de melhorar seu próprio web site e vender os produtos exibidos.

 

E daí?

Até agora, parece ficar evidente que tudo quanto fazemos na Internet é registrado, catalogado, organizado e provavelmente vendido. Em certo sentido, não há muito que possamos fazer acerca disso se tivermos que usar a Internet. No entanto, como crentes, temos que ser sábios a respeito do mundo em que vivemos e não ser facilmente enganados por ele. Não devemos ser como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. [vii] Somos enviados como “cordeiros para o meio de lobos” e, por essa razão, devemos ser “prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. [viii] Essa recomendação aparece num contexto de advertência para que os discípulos se “acautelassem dos homens” porque eles os “entregariam aos tribunais”…

As informações recolhidas principalmente em sites de relacionamento da Internet já têm sido utilizadas como evidências nos tribunais de justiça. Imagine uma situação em que uma lei constitucional seja anticristã – estamos chegando perto disso, no Reino Unido, com os esforços recentes para introduzir o termo “legislação de igualdade”. Como as informações colhidas sobre nós, na Internet, poderiam ser usadas? Enquanto temos liberdade, não devemos nos intimidar para exercer nossos direitos em situações que favoreçam a causa do evangelho, assim como fez Paulo ao confrontar as autoridades de Filipos, após ser liberto da prisão. Mas em todas as coisas, é bom recordar e entender as motivações das pessoas e o uso potencial que elas podem fazer das informações que publicamos livremente na Internet.

Conselhos Práticos

A primeira coisa é não agir emocionalmente. Quando George Orwell descreveu o “Grande Irmão” em seu romance intitulado 1984, ele não tinha idéia do alcance que a catalogação de cada uma de nossas ações teria! Embora seja possível a instalação de softwares que alegam apagar nossos rastros ao navegarmos na web, na verdade, isso é algo realmente difícil de se conseguir. Em vez de agirmos emocionalmente, devemos ser cautelosos ao publicarmos informações pessoais, principalmente em web sites que pouco conhecemos. Devemos ter em mente que a “privacidade de nosso lar” é uma expressão incorreta quando se trata da Internet – tudo quanto fazemos está sendo registrado. Que sejamos sábios em relação ao que divulgamos e postamos na Internet, empregando aquela graça excepcional do “senso comum santificado”. Nossa abordagem em relação à Internet deveria ser a mesma que nas demais áreas de nossa vida: “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”. [ix] Isso também se aplica aos web sites que visitamos!

No próximo artigo, ponderaremos sobre a indústria de jogos pela Internet, inclusive sobre um jogo novo da principal empresa de softwares do mercado, baseado no Inferno de Dante, o qual permite que os usuários explorem todos os nove níveis do inferno.

Notas:

[i]  Disponível em: www.pcpro.co.uk/features/110472/whos-the-biggest-threat-to-your-identity-you

[ii] Disponível em: www.slate.com/id/2175651

[iii] Disponível em: www.vancouverite.com/2009/12/08/12-kelowna-school-girls-lured-on-internet-with-drugs-smokes-and-booze

[iv] Disponível em: www.google.org/about/flutrends/how.html

[v] Disponível em: www.justilien.com/research/viral-link-baiting.htm

[vi] How Users Share Viral Content Online (Como os Usuários Compartilham Conteúdo Viral Online) disponível em: www.viralmanager.com/strategy

[vii] Efésios 4.14

[viii] Mateus 10.16

[ix] Filipenses 4.8

 

Traduzido por: Waléria Coicev

Do original em inglês: Google knows everything:  Por David Clark. Extraído do blog: parentsandtheinternet.blogspot.com


Autor: David Clark

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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