domingo, 17 de novembro
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O que dizer sobre videoclipes e o princípio regulador?

Estava sendo pastor por apenas alguns meses quando um fiel membro de uma igreja me procurou para discutir o uso das mídias no culto. Ele levou antigos pastores a incorporarem clipes musicais e de filmes, e queria ser útil a mim. Ele começou com uma questão mais ou menos assim:

“Então, o que você pensa sobre videoclipes de filmes no culto?”.

“Bem, eu realmente não tinha planejado usar mídias no culto”.

“Sério? Estou envolvido em adoração por um bom tempo e é um método bastante efetivo de se comunicar”.

“Sim, não duvido disso. Porém, tenho medo que isso possa distrair as pessoas do coração do culto: os cânticos, pregação e oração da Palavra”.

“Não pensaria nisso como uma distração, mas como uma adição, faz o culto todo ficar melhor”.

Você pode estar certo, mas realmente quero que nosso foco esteja no poder da Palavra de Deus em nos engajar e nos animar, então ficarei longe dos videoclipes de filmes”.

Foi assim que a conversa acabou. Éramos dois homens maduros, ambos amavam o Senhor, mas com diferentes pontos de vista sobre o que honraria mais a Deus e sobre o que seria mais útil para sua igreja local. Se você estivesse no meu lugar, como teria respondido a essa questão?

Com o passar dos anos, tenho sido chamado a ponderar sobre muitos desses assuntos relacionados ao nosso culto dominical matutino.

Deveríamos ter bandeirinhas no dia da independência? Disse não.

Decorações de natal? Disse sim.

Leituras da Escritura dramatizadas? Não.

Coral infantil? Sim, algumas vezes no ano.

Uma caixa de coleta no saguão? Não.

Sinos de mão? Sim.

Videoclipes de filmes? Veja acima.

Conforme você provavelmente pode dizer a partir desses exemplos, vim para uma igreja estabelecida com seus próprios costumes e tradições. Se você está plantando uma igreja, suponho que seja mais provável de ser questionado sobre incenso, uma galeria de arte no saguão e música inovadora ou mesmo secular.

Estou menos preocupado que você chegue a mesma conclusão que tenho sobre qualquer um desses exemplos. O que quero que você perceba é que a Escritura não se cala acerca da adoração corporativa.

Cinco dicas para tomar boas decisões

O princípio regulador me ajuda a responder esse tipo de questão. Ele diz que a Escritura regula o que é permissível de ser feito na adoração pública. E aqueles que sustentam o princípio regulador abordarão cada questão cuidadosamente, perguntando não meramente “O que Deus permite?”, mas também: “O que Deus prefere?”.

As seguintes dicas, enraizadas no princípio regulador, têm me ajudado a dirigir quais práticas apropriadamente honram a Deus e ajudam seu povo em nossas reuniões semanais.

1. Adoração corporativa é centrada na palavra.

Primeiro, a adoração corporativa é centrada na palavra. Depois de Paulo ter falado a Timóteo sobre o poder das Escrituras para mudar vidas (2Timóteo 3.16-17) ele ofereceu uma exortação simples: “prega a palavra” (4.2). Meu dever pastoral mais importante é expor a Escritura diante da minha igreja, confiantemente sabendo que o Espírito pode aplica-la à vida das pessoas e produzir maturidade espiritual.

Uma reunião cristã não deveria ser meramente “bíblica” em um sentido geral e abstrato. Ela deveria ser saturada com a Escritura, pois é óbvio para todos que cremos que Deus opera poderosamente através da sua Palavra, na medida que pregamos a Palavra, cantamos a Palavra e oramos a Palavra. Não quero endossar nada que nos distraia da Escritura.

2. Adoração corporativa é centrada no evangelho.

Segundo, adoração corporativa é centrada no evangelho. Paulo orgulhou-se no fato que ele pregava a Cristo: “o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” (Colossenses 1.28). Proclamar Cristo significa desvelar o evangelho diante da igreja. Uma serra cega não pode cortar uma árvore e um culto carente do evangelho não pode produzir maturidade espiritual. A adoração corporativa deveria levar cada participante a deleitar-se na obra consumada de Cristo por pecadores.

3. Adoração corporativa é congregacional.

Terceiro, adoração corporativa é congregacional.Mais uma vez, Paulo dá claras instruções: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais” (Efésios 5.18-19). “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Colossenses 3.16). Sou atingido pela natureza congregacional dessas ordens. Nós, a igreja, somos ordenados a entoar cânticos “uns aos outros”. Isso me lembra de como o violinista da primeira cadeira em uma orquestra toca não somente para audiência, mas para os outros violinistas, e como os outros ouvem o da primeira cadeira. Então, os membros da congregação ministram uns aos outros através do serviço eclesiástico, até mesmo na medida que oram e cantam a Deus.

4. Adoração corporativa é para a igreja.

Quarto, adoração corporativa é para a igreja. Temos que aceitar, há uma séria diferença de opinião hoje em dia acerca do propósito primário da reunião corporativa de uma igreja e isso afetará como você estrutura o seu culto. Muitas igrejas destacam que elas existem para os não-cristãos. Elas adaptam sua música (secular) e sua mensagem (curta) para apelar ao perdido.

Outras igrejas, como a minha, reconhecem que elas algumas vezes terão visitantes descrentes, mas elas focam em equipar os santos para alcançar o perdido. E acredito que vemos a última abordagem na Escritura. As igrejas do Novo Testamento focaram em edificar o corpo (1Coríntios 14.12, 14, 26), edificar uma unidade no corpo (1Coríntios 11.17-22) e encorajar membros do corpo (Hebreus 10.24-25).

Como alguém que lidera nossos cultos, tentei fazer não cristãos se sentirem bem-vindos ao explicar para eles o que está acontecendo através do nosso tempo juntos, ao dirigir a eles objeções potenciais ao cristianismo no sermão e pelo cativante e esclarecedor compartilhar do evangelho.

Não obstante, quando eu penso sobre o que deveríamos fazer quando nos reunimos como uma igreja, não estou fundamentalmente preocupado em atrair descrentes. A igreja reunida deve honrar a Deus ao edificar o corpo de Cristo. A igreja não congregada deve honrar a Deus ao evangelizar o perdido.

5. Adoração corporativa é liderar.

Quinto, adoração corporativa é liderar. Presbíteros deveriam pastorear sob a autoridade de Deus sem dominação sobre o rebanho (1Pedro 5.2-3). Congregações deveriam segui-los, lutando para fazer seus trabalhos mais fáceis (Hebreus 13.17).

Que presente uma liderança piedosa é (Efésios 4.18)!

Sou grato por liderar com um corpo de presbíteros que enxergam nosso culto de adoração corporativa como parte do ministério de ensino da igreja.  Sabemos que as decisões que tomamos podem nem sempre ser populares. Alguns querem um coral. Outros querem música contemporânea. Uma decisão deve ser tomada.

É importante, portanto, encontrar homens piedosos que possam pensar no que mais honra ao Senhor e no que mais edifica a congregação, e então confiar neles para liderarem de acordo com isso.

Cinco casos-teste

É hora de rastejar para dentro da caverna de morcegos para ver um pouco do que pode ser arremessado em nossa direção.

1. É apropriado ter artes visuais, como esquetes, no serviço de adoração matutino?

Na melhor das hipóteses, um esquete é uma dramatização de uma passagem das Escrituras. Na pior das hipóteses, é uma tentativa vergonhosa de prender a atenção da congregação. Eu trataria o último como lixo nuclear – não se aproxime! Quanto ao primeiro, sou aberto, porém cauteloso.

O perigo é que dramatizar uma passagem puxa o tapete do poder da Palavra falada. Ravi Zacharias fez uma declaração que nunca esquecerei: “No começo era a Palavra, não o vídeo”. Congregações deveriam confiar na Palavra falada porque Deus tem sempre usado sua Palavra para edificar e fazer sua igreja crescer – isso é óbvio de Gênesis a Apocalipse.

2. E sobre apresentações de recém-nascidos?

Uma vez no ano, nossa igreja reconhece novos pais durante o culto dominical matutino. Como uma igreja, queremos encorajar a paternidade e orar pela salvação desses pequeninos. Não obstante, porque a adoração corporativa é congregacional, nós também pedimos aos membros da igreja para prometer publicamente para sustentarem esses pais de forma para que sejam confiáveis para criar seus filhos na educação e admoestação do Senhor.

3. Quanto dos feriados da cultura devem ser reconhecidos, como o Dia da Independência?

Aproximo-me dessa questão com a convicção que nossas reuniões são para a igreja e a igreja consiste de crentes com uma coisa em comum: salvação pela fé em Cristo somente. Portanto, não planejo cultos em torno de temas culturais. Apesar de estar certo de agradecer a Deus pela liberdade religiosa e apesar de sempre orar pelas mães no dia delas, não nos conduzo a ter um serviço no Dia da Independência ou no Dia das Mães.

4. Uma congregação deveria recitar o credo?

Há muitas boas razões para incorporar declarações ortodoxas de fé e os pactos eclesiásticos em nossos serviços públicos. Eles nos lembram que Deus tem trabalhado durante séculos, fazendo sua Palavra clara. E em um mundo onde a verdade é considerada relativa, é útil para as congregações irem contra as ambiguidades e se unirem publicamente em torno do ensino bíblico.

Se credos são incorporados num culto de adoração corporativa, tem de ser feito de tal forma que a autoridade da Bíblia seja enfatizada. Um dirigente de culto pode dizer algo do tipo: “Essa manhã, queremos confessar nossa fé nas palavras do Credo Niceno, nos juntando com cristãos através dos séculos que têm entendido que a Bíblia ensina que Jesus é, e sempre tem sido, Deus”.

5. Deveríamos ter cultos múltiplos divididos por preferências musicais?

Por exemplo, deveríamos logo de manhã cedo um culto “tradicional”, ao fim da manhã um culto “contemporâneo” e à tarde da manhã um culto “moderno”? Deixando a questão eclesiológica dos múltiplos cultos de lado, tenho preocupações acerca da prudência de dividir a congregação com base na preferência musical. Um culto centrado no evangelho deveria trazer os crentes à união. Se estamos querendo dividir pelos estilos musicais, o que isso diz a respeito do poder do evangelho para nos unir? Meu medo é que isso diga que o evangelho não é suficiente.

Para nosso bem, não somos livres

Nem todos irão gostar como eu lidei com esses casos, e isso está bem. Os mínimos detalhes da vida da igreja e da adoração corporativa irão sem dúvida variar de contexto para contexto e de igreja para igreja. Aqueles que defendem o princípio regulador irão sem dúvida discordar de alguns detalhes.

Contudo, precisamos ter em mente que não estamos livres para fazer o que quer que queiramos, o que quer que funcione ou o que quer que as pessoas peçam para ser feito. Para nosso bem, Deus nos deu parâmetros. A adoração corporativa deve ser centrada na Palavra, centrada no evangelho, congregacional, para a igreja e liderada.

 

Tradução: Matheus Fernandes
Revisão: William Teixeira
Original: What about Movie Clips? Applying the Regulative Principle


Autor: Aaron Menikoff

Aaron Menikoff é presbítero na Igreja Batista da Avenida Terceira em Louisville, Kentucky, escritor para o Kairos Journal, um jornal on-line para pastores, e um dos principais escritores do 9Marks.

Parceiro: 9Marks

9Marks
O ministério 9Marks tem como objetivo equipar a igreja e seus líderes com conteúdo bíblico que apoie seu ministério.

Ministério: Ministério Fiel

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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