O pecado é o problema final e, de fato, o único problema da humanidade. Mas este “problema do pecado” possui dois aspectos distintos – um interno e outro externo.
O problema interno – um coração mau
De acordo com o Senhor Jesus Cristo, o próprio homem é corrupto e vil. “O que sai do homem, isso é o que o contamina. Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem” (Marcos 7.20-23). Essa é a condição de todo coração humano longe de Cristo. Se um filme, até mesmo de nossos pensamentos passados, para não falar de nossas ações passadas, fosse projetado em um telão diante de nossa família e conhecidos, cada um de nós sairia correndo do cinema morrendo de vergonha. Todo não cristão é – em sua pessoa – mais repulsivo a um Deus santo do que ele jamais seria capaz de imaginar.
Mas o problema do homem com o pecado vai ainda mais fundo que isso. Suponha que, por algum milagre, um pecador pudesse se tornar uma nova pessoa e nunca mais pecasse pelo resto de sua vida. Ele ainda assim iria certamente para o inferno. O assassino em série que sinceramente decide nunca mais matar precisa ainda assim pagar por seus crimes cometidos no passado. Em outras palavras, o problema do homem com o pecado possui outra dimensão além da interna. O homem não somente possui um coração mau; ele também possui um histórico mau aos olhos da lei de Deus.
O problema externo – um histórico mau
Todo pecador é um fugitivo da justiça. A despeito da condição presente de seu coração, ele possui uma culpa objetiva, fora dele mesmo, aos olhos da lei de Deus. Talvez ele não tenha nenhum “sentimento de culpa”, mas ele se encontra “culpado” ou “condenado”, ainda assim. Todos os seus crimes passados clamam para que sua punição seja paga e que a justiça seja satisfeita. Esse clamor encontra-se ancorado no próprio caráter e ser de Deus, em seu atributo de justiça ou equidade.
É por causa desse senso de equidade ou justiça que Deus colocou nas profundezas do coração humano que imediatamente nos sentimos moralmente ultrajados quando se permite que o perpetrador de um crime saia sem punição. Por quê é errado que um estuprador assassino receba apenas uma multa de dez reais? Nós não podemos provar que ele merece punição pior, mas intimamente sabemos que sim. Esse conhecimento inescapável dentro de nós é algo mais fundamental e certo que qualquer “prova” teórica. É algo absolutamente básico à constituição humana – um reflexo da própria natureza de Deus.
A dupla solução divina
É por isso que o pecado é o maior e, de fato, único problema da humanidade, e ele possui dois aspectos, um interno e outro externo: não somente todo filho caído de Adão possui um coração mau, mas também possui um registro negativo aos olhos da lei de Deus. O pecado tanto contamina quanto condena o homem; seu poder reina dentro dele, e sua punição repousa sobre ele. O homem está tanto impotente quanto desesperançado — seu problema é realmente insolúvel. Nessa situação de trevas e desespero, uma grande luz brilhou. Jesus veio. Ele pode e irá salvar o seu povo tanto da punição quanto do poder de seus pecados. Ele realiza aquele na justificação, e este na regeneração.