quinta-feira, 12 de dezembro
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Preso em um círculo vicioso

O trecho abaixo foi adaptado com permissão do livro Quebrando o círculo vicioso, de David Powlison, Editora Fiel, Box 6 da Série Aconselhamento.

Preso em um círculo vicioso

O que torna o prazer ruim? Como a roupa, a recreação e a comida saborosa se tornaram ruins para Stacie, Kyle e Jamie? Pense nisso em sua própria vida. Quais entretenimentos contêm uma qualidade de obsessão, culpa residual ou ansiedade? Quais recreações trazem decepção? Quais diversões tendem a se apropriar de você, prometendo fazê-lo sentir-se bem, mas depois falham em entregar o que prometem? Talvez, como Stacie, você seja obcecado por compras, ou, como Kyle, você parece não conseguir parar de jogar videogames, ou você pode ter dificuldades com a comida, assim como Jamie. Ou talvez você seja viciado nas coisas “barra pesada”: álcool, drogas, sexo. Em nosso mundo, há tantas escolhas. Há tantas obsessões diferentes quanto há diferentes tipos de pessoas.

Quais são os prazeres que trazem culpa em sua vida? Os óbvios seriam a imoralidade, a ira, a autor-retidão, o abuso de álcool e drogas, e afins. Mas, quanto às coisas que são, em si mesmas, aceitas como normais? Elas são boas – ou pelo menos não são más. No entanto, elas podem capturar o seu coração e se tornarem importantes demais em sua vida. O que está em sua lista de prazeres potencialmente inocentes que se tornam ruins?

E quanto a esta lista? Navegar em um catálogo. Verificar o e-mail muitas vezes ao dia. Conversar ao telefone. Que tal a leitura de romances – mesmo os bons? Pode ser exercício, jogos ou quebra-cabeças, radioamadorismo, fazer compras ou comer algo entre as refeições. Não há nada de intrinsicamente errado com essas atividades. Então, como você é capaz de identificar quando um prazer atravessa a linha do inocente e passa a ser culpado? Aqui estão cinco sinais de alerta.

  1. O prazer é claramente errado. A atividade é, por si só, pecaminosa. Isso inclui embriaguez, uso de drogas ilegais, luxúria, explosões de ira e fofoca. Esses são fáceis de identificar.
  2. Os prazeres que cativam e capturam você. A atividade não é pecaminosa, mas você se torna preocupado com ela. Você fica obcecado e cria fantasias sobre a atividade. Você mal pode esperar para realizá-la ou para tê-la. 

Não demora muito para esses prazeres não ocuparem apenas espaço mental; eles passam a requerer ação. Você se torna compulsivo em relação a eles. 

  1. O prazer é escondido. Isso é um verdadeiro sinal de alerta. Pode tratar-se de uma coisa inocente de se fazer, mas você a esconde. Por quê? Quando você cria um jardim secreto de qualquer tipo em sua vida, coisas mutantes sempre crescem. 
  2. O prazer rouba você das coisas boas. Um prazer com culpa rouba você das coisas boas que você deveria estar fazendo. Você deveria ligar para sua irmã, mas você lê revistas durante duas horas. 
  3. O prazer não cumpre o que promete. Os prazeres manchados são muitas vezes sutis. Muitas vezes os realizamos, pois eles parecem prometer algum tipo de alegria, satisfação, refúgio ou significado. Mas os prazeres manchados nunca cumprem o que prometem. Eles o deixam vazio, ansioso, culpado, mais obcecado e vagamente infeliz. 

Usando os prazeres para escapar dos problemas

Prazeres manchados e culpados frequentemente surgem como um escape inquieto para longe dos problemas. Algo na vida é difícil e queremos uma pausa. Os prazeres prometem boas coisas, mas nunca as cumprem. Ao contrário, eles o deixam com a sensação de enjoo. 

O que impulsiona a alavanca da alegria para você? Impulsionar essa alavanca tem se tornado cada vez mais difícil, ou cada vez mais fácil? Seus prazeres são inocentes ou manchados? Deixe-me sugerir quatro planos de ação que o moverão na direção certa. O primeiro visa cultivar os prazeres inocentes. O segundo tem como objetivo remover as manchas que per- vertem o prazer. O terceiro lhe dá direção sobre como crescer no prazer de conhecer a Deus. O quarto incentiva você a crescer no prazer de conhecer os outros.

Plano de ação #1:

Pare… e realmente divirta-se

Se você é o tipo de pessoa que transpõe zelosamente um obstáculo após o outro na vida, faça uma pausa em seu negócio. Saia da esteira de tarefas no trabalho, em casa e na igreja.

Se você é o tipo de pessoa que se apressa para a recreação, faça uma pausa do seu exercício, da TV, dos passatempos, dos filmes, dos videogames, dos lanches, dos telefonemas e do que quer que seja.

Plano de ação #2:

Faça um jejum da sua obsessão

Que formas de prazer você persegue impulsiva ou compulsivamente? Talvez você esteja lutando contra comportamentos que nunca foram prazeres inocentes. Você está obcecado em fazer coisas que são simplesmente erradas – tais como imoralidade sexual, álcool ou abuso de drogas. O prazer que você sente nunca foi inocente e bom – ele sempre foi manchado, sempre culpado. Se isso for verdade para você, então seu jejum precisa ser permanente. 

Você provavelmente já sabe que desistir de sua obsessão é algo que é mais fácil falar do que fazer. Mas o caminho da mudança para você nessa área é o mesmo caminho que todas as pessoas que desejam mudar devem seguir. Não se desespere. Continue lendo. Use as etapas de ação abaixo para saber como pensar, orar e envolver outras pessoas em sua luta para desistir de sua obsessão. E, por favor, não pare de ler este livreto. Ed Welch escreveu um exce- lente guia bíblico para ajudá-lo a abandonar o seu vício, Crossroads: A Step-by-Step Guide Away from Addiction. 

O que acontece quando você jejua?

  1. Você luta. Você tenta não assistir a TV todas as noites. Você tenta não parar na sua loja favorita. Você tenta ignorar o último brownie na forma. Mas não é fácil! 
  2. Você racionaliza. Você vai pensar: Se eu não fizer isso, vou ficar entediado. O que eu farei sem isso? Talvez você fique um pouco nervoso ou irritável. Talvez você se sinta entediado ou desorientado. Mas é aqui que a batalha mostra a sua face. Aqui fica claro que você está enredado em algo que o escravizou.
  3. Você enxerga a necessidade que você tem de Jesus. Quando você realmente experimenta o poder de sua obsessão, você vê que precisa de ajuda externa para desistir dela. Você vê o quanto você precisa da misericórdia e da ajuda de Jesus. Você não estará mais vagando sem rumo pela vida, tentando escapar das dificuldades e sofrimentos. Você caminhará com Jesus, seu Salvador e Auxiliador.
  4. Você descobre outras pessoas. Agora que a sua luta está aberta e exposta em sua própria vida, você pode envolver outras pessoas. Peça a seus amigos e familiares que orem por você, que perguntem como você está se saindo e que o encorajem. Sua vida se torna mais rica em relacionamentos reais. Você descobre a alegria de estar com as pessoas.
  5. Sua alegria aumenta. É incrível quanta alegria você é capaz de ter na menor das coisas. Quando você não passa o tempo todo jogando videogame, você pode dedicar tempo para ver as folhas caindo das árvores. Quando você não está se anestesiando, leva cada vez menos tempo para empurrar a alavanca da alegria em sua vida. 

Plano de ação #3:

Cresça no seu relacionamento com Deus

O que lhe dará o maior prazer na vida? Que prazer não irá diminuir com todas as mudanças de sua vida? O prazer de conhecer a Deus e ser conhecido por ele. Você entra nesse prazer, indo a Jesus para obter misericórdia e graça. Você cresce em seu relacionamento com ele, fazendo desse chamado à misericórdia um hábito diário e duradouro. Sua inabilidade de lidar com suas obsessões é a misericórdia de Deus para com você, porque essa inabilidade o obriga a ir a Deus para obter a ajuda da qual você precisa. Enquanto você vai a Deus, use a Palavra de Deus para guiar o seu relacionamento. O Salmo 23 tem sido minha oração há muitos anos. Orar esse salmo é uma forma de experimentar o prazer de crescer no relacionamento com Deus.

Peça a ele que lhe dê a alegria de ouvi-lo chamar você pelo nome, de saber que ele está caminhando com você. Essas são as orações que Deus tem prazer em responder. Ele promete que quando o buscar, você o encontrará (Jeremias 29.13). Quando você encontra Deus, você encontra o maior prazer que existe.

Plano de ação #4:

Cresça no seu relacionamento com as pessoas

Um passo atrás do supremo prazer de amar a Deus está o prazer da verdadeira amizade – amando os outros. Às vezes, ficamos confusos com o fato de que há pessoas de quem gostamos profundamente. Talvez você já tenha ouvido que o amor ágape é um ato de vontade, ao contrário de como você se sente. Sabemos que a Bíblia nos diz que não devemos apenas passar tempo com nossos amigos. Devemos estender a mão às pessoas que são diferentes de nós, ao estranho e, até mesmo, aos nossos inimigos. Podemos começar a pensar que o paradigma dos relacionamentos é o seguinte: Para realmente amar as pessoas, eu deveria me associar com pessoas de quem não gosto; com pessoas que são difíceis de se dar bem, com pessoas manipuladoras, neuróticas, de alta manutenção, desajeitadas e agressivas – pessoas que exigem muito esforço! Mas algo está errado com esse ponto de vista. Você diz: “Eu realmente gosto dessas outras pessoas! Eles são meus amigos, pessoas que eu respeito. Eles me amam e me ajudam. Será que isso significa que eu não deveria buscar essas pessoas, se nos importamos uns com os outros?” Não pode ser isso!

A Bíblia mantém esses dois quadros de relacionamentos em tensão. O tema principal, o tema mais rico, envolve as pessoas de quem você realmente gosta – seus queridos irmãos, irmãs, sua querida esposa, a criança que você tem nos braços e queridos amigos. No céu, você verá face a face Aquele que você ama, a Pessoa suprema. Mas o céu é também um lugar cheio de outros relacionamentos que você desfruta. Essas pessoas o amam sem fingimento, competição ou manipulação.

Mas caminhando lado a lado a esse chamado à intimidade alegre está um chamado para sair de sua zona de conforto. O chamado mais difícil da Bíblia é o de amar inimigos, estranhos, pessoas que são diferentes de você, e aqueles que são necessitados, pecadores e quebrantados.

 

Por: David Powlison. © Ministério Fiel. Website: ministeriofiel.com.br. Fonte: Série Aconselhamento. Editor e revisor: Renata Gandolfo.


Autor: David Powlison

David Powlinson leciona e dá aconselhamento na Escola de Aconselhamento Bíblico (Aconselhamento Cristão & Fundamentos da Educação) do Seminário Teológico Westminster.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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