A membresia não é apenas um status. É um ofício ou um trabalho — e espera-se que você apareça para trabalhar (Hb 10.24, 25).
Lembra-se de como eu entrei na embaixada dos EUA em Bruxelas, Bélgica, entreguei meu passaporte expirado e recebi um novo? Imagine que, após me dar um novo passaporte, a embaixada me colocasse então para trabalhar na verificação de passaportes. É isso que a membresia da igreja faz: coloca você para trabalhar protegendo, afirmando e declarando o que e quem do evangelho. Dá a você um ofício.
De onde veio esse ofício? É interessante rastrear a origem desse ofício porque, fazê-lo, ajuda você a ver como toda a Bíblia se encaixa. Pense no mandamento de Deus a Adão, em Gênesis 1, para ser fecundo, multiplicar-se e dominar a terra (v. 28). Ele deveria ser um rei (veja também Sl 8). Então, pense na ordem de Deus, em Gênesis 2, para Adão “cultivar e guardar” o jardim (v. 15). Adão também deveria ser um sacerdote, ajudando a manter santo o lugar onde Deus habitava. Deus pretendia que Adão fosse um rei-sacerdote.
É claro que Adão falhou nesse trabalho. Ele não impediu a serpente de entrar. Noé, Abraão e a nação de Israel também falharam. Cristo então veio e cumpriu perfeitamente o ofício de sacerdote e rei, e então nos atribuiu o trabalho de sermos reis-sacerdotes também: “vós […] sois […] sacerdócio real” (cf. 1Pe 2.9).
Eis algo notável: seu trabalho como membro da igreja é o trabalho original de Adão, só que em uma versão da nova aliança dada a você por Cristo. Devemos avançar as fronteiras do jardim como reis e, ao mesmo tempo, cuidar do jardim como sacerdotes.
Como reis, nos esforçamos para fazer discípulos e ser embaixadores da reconciliação. Nosso objetivo é trazer mais corações em sujeição a Deus, mais da terra sob o domínio do evangelho.
Como sacerdotes, nosso trabalho é zelar pelo lugar onde Deus habita, a igreja. Devemos manter o santo separado do profano em nossas vidas individuais e comunitárias, ao participar do o que e quem do evangelho. Em uma igreja congregacional, isso significa que você ajuda a tomar decisões sobre quem é membro e quem não é. Em todas as igrejas, isso significa que você ajuda seus companheiros a andar em santidade e faz tudo o que puder para garantir que sua igreja permaneça firmada no evangelho (At 17.11).
A grande lição para você agora é que ser membro de uma igreja não é algo passivo. Não é apenas um status. Não é como ser membro de um clube social privado, de um clube de compras ou de um programa de recompensas. É um ofício no qual você tem que trabalhar. Você precisa ser treinado para o trabalho. Precisa dedicar-se com sua mente e coração. Precisa pensar em como causar um impacto. O que você produzirá esta semana? Você está ajudando toda a equipe a carregar o peso ou está sendo relapso?
Além disso, se o seu trabalho é zelar pelo o que e quem do evangelho, você precisa estudar e compreender o evangelho. Quais são suas implicações? O que o ameaça? Como ele se relaciona com outras doutrinas da fé, como a Trindade, o pecado ou o fim dos tempos? O que ele significa para o seu trabalho, sua vida civil ou a criação dos filhos? Qual a diferença na vida de alguém entre a verdadeira crença e uma crença nominal e falsa? Você percebe a diferença entre um membro da igreja que tropeça no pecado por ser fraco e um membro que persegue o pecado por ser perverso — um lobo em pele de cordeiro? Você sabe como responder a ambos os tipos? Você percebe a diferença entre um verdadeiro e um falso mestre?
Além disso, você conhece outros membros de sua igreja e investe sua vida na deles? Você os deixa “atrapalhar sua agenda”? Você os ajuda financeiramente quando estão passando por dificuldades? Ou “fica na sua” praticamente a semana toda, considerando seu envolvimento com a igreja como sendo os noventa minutos de presença no domingo?
Nós passamos anos na escola, e, às vezes, na faculdade, treinando para nossas carreiras. Passamos quarenta horas por semana nos dedicando a elas e estamos sempre aprendendo, treinando e crescendo. Isso é bom. No entanto, como seria ter o mesmo foco deliberado e diligente em nosso trabalho de proteger o povo do evangelho de Deus e estender o domínio do evangelho?
Artigo adaptado do livro Igreja É Essencial, de Collin Hansen e Jonathan Leeman, publicado pela Editora Fiel.