O trecho abaixo foi extraído com permissão do livro Aquietai-vos, de Elisabeth Elliot, Editora Fiel.
Alguma vez você já depositou o coração e a alma em algo, orou a respeito e trabalhou nisso com o coração cheio de entusiasmo, porque acreditava que aquilo era o que Deus queria e, por fim, o viu “encalhar”? A história da viagem de Paulo, como um prisioneiro, pelo mar Adriático nos diz que um anjo se colocou ao lado dele e lhe falou que não tivesse medo (apesar dos ventos de força colossal), porque Deus pouparia sua vida e a vida de todos os que estavam com ele no navio. Paulo animou seus guardas e os outros passageiros com essa mensagem e acrescentou: “Porém é necessário que vamos dar a [encalharem] uma ilha” (At 27.26).
De pronto, talvez pensemos que o Deus que promete poupar todas as pessoas no navio poderia ter “feito o trabalho corretamente”, salvando a embarcação também e poupando-os da infelicidade de terem de chegar à terra em tábuas e destroços que restaram do navio. O fato é que Deus não os poupou, da mesma forma que nem sempre nos poupa.
O céu não é aqui, é lá. Se recebêssemos tudo que desejamos, nosso coração se conformaria com este mundo, e não com o mundo vindouro. Deus está sempre nos atraindo para o alto e para fora deste mundo, cortejando-nos para si mesmo e para seu reino invisível, no qual certamente encontraremos aquilo pelo que anelamos tão intensamente.
“Encalhar” não é, portanto, o fim do mundo. Mas nos ajuda a tornar o mundo um pouco menos sedutor. Pode até ser a resposta de Deus à oração “Não nos deixes cair em tentação” —a tentação de nos conformarmos, de forma complacente, com as coisas visíveis.