domingo, 22 de dezembro
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Toda autoridade no Céu e na Terra

Quem tem autoridade para mandar em outros? O que dá a alguém o direito de mandar em alguém? Essa questão pode ser levantada em relação a todas as áreas da vida: a vida em família (pais), a vida na igreja (pastores, presbíteros), a vida civil (governantes, reis e assim por diante). Quem autoriza os pais, pastores, presbíteros e reis a governarem em suas respectivas esferas?

É digno de nota que, antes de Jesus comissionar seus discípulos em Mateus 28.18-20, ele asseverou a sua autoridade para fazê-lo. Havendo realizado a obra da redenção, ele antecipou sua ascensão e coroação, aquele ponto em que ele haveria de se assentar à destra do Pai e receber o nome que está acima de todo nome nos céus e sobre a terra (Efésios 1.20-23).

Autoridade é o direito de governar, de mandar, de exercer domínio. A palavra grega exousia, traduzida para o português como autoridade em Mateus 28.18-20, literalmente significa “aquilo que emerge do ser”. É o direito de governar que emerge das presentes condições (estado de ser) ou da relação em que alguém se encontre. Um pai tem o direito de governar em virtude da relação ordenada por Deus que o pai tem com seu filho. Jesus tem o direito de governar em virtude do seu presente estado de ser, ou condição, como aquele que venceu o pecado, a morte e o inferno.

Assim, antes de o Senhor Jesus comissionar os seus discípulos, ele asseverou a sua autoridade para fazê-lo. Eis aqui a reivindicação de autoridade universal e ilimitada. Devemos notar primeiro a fonte de sua autoridade: ele a recebeu de seu Pai. Em seu estado de humilhação (a sua vida terrena antes da ressurreição), ele possuía autoridade, mas havia voluntariamente limitado o seu exercício. Contudo, em algumas ocasiões ele a asseverou com grande poder.

Durante o seu ministério, a sua autoridade era manifestada no modo do seu ensino (Mateus 7.29), ao assegurar o perdão de pecados (9.6), ao acalmar o mar (8.26), ao curar toda sorte de enfermidade e doença (9.35), ao expulsar demônios (12.22) e ao obter a vitória sobre a própria morte (João 11.43).

Mas todos esses exercícios de autoridade não eram senão manifestações pálidas da autoridade ilimitada e universal que lhe foi devolvida pelo Pai em sua exaltação. Agora Jesus reivindica “toda autoridade no céu e na terra”. E, depois, o apóstolo Paulo escreve aos Filipenses, dizendo que agora Deus o Pai “exaltou sobremaneira” o Filho, de modo que ao seu nome “todo joelho se dobrará”. Todas as coisas foram colocadas sob sua autoridade (Filipenses 2.9-10).

Certamente, Jesus, sendo o eterno Filho de Deus, tem autoridade em si mesmo. Ele possui autoridade, segundo a sua divindade, juntamente com o Pai e o Filho. Ele, juntamente com o Pai e o Espírito, é o soberano criador e sustentador de tudo o que existe.

Contudo, em sua encarnação e humilhação, ele escolheu não exercitar a sua autoridade do mesmo modo como fazia antes. Como afirma o Breve Catecismo de Westminster, ele foi “colocado sob a lei” (P&R 27). Ele, que com o Pai e o Espírito expressara a sua soberana vontade na autoridade da sua santa lei, estava agora sujeito à sua lei. Jesus, em sua encarnação, experimentou a humilhação de estar sob a autoridade de meros homens: pais, governantes civis, e assim por diante. Ele escolheu não exercer os plenos privilégios de sua autoridade e permitiu a si mesmo ser governado, até mesmo abusado, por homens mortais e malignos.

Mas, depois de ter realizado a obra que o Pai lhe confiara, ele foi exaltado às alturas como o Deus-homem, o Messias. Jesus então recebeu autoridade do Pai. Sua autoridade pré-encarnada foi restabelecida, ao ser ele investido da autoridade do alto como Senhor e Cristo. A profecia messiânica do Salmo 2 se cumpriu em Jesus (Atos 13.33; Hebreus 1.5; 5.5). Ao longo do Antigo Testamento, Israel recebeu a promessa de um Messias que seria exaltado ao lugar de suprema autoridade e domínio. O Salmo 2.6-8 estabelece que o Messias receberia as próprias nações da terra como sua herança. Todos os seres angelicais, santos, profetas e apóstolos se prostram diante dele, reconhecendo que ele é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. E, um dia, todos os seus inimigos serão conquistados e postos por estrado de seus pés (Salmo 110.1).

Observe também a extensão da sua autoridade. É ilimitada. A sua autoridade não se restringe por jurisdição ou geografia. Ele recebeu do Pai toda a autoridade, sem limitações ou restrições. Nós sabemos que é assim porque Jesus acrescenta a esclarecedora expressão “nos céus e na terra” – todo lugar no universo em que qualquer autoridade possa ser exercida. Ele recebeu toda a autoridade nos reinos espiritual e material, nos céus e na terra. Não há lugar neste universo sobre o qual ele não tenha recebido autoridade. A sua autoridade penetra cada reino e cada esfera de influência.

Foi sobre esse fundamento que Jesus comissionou seus discípulos. Não seria a Grande Comissão se ela não repousasse sobre essa grande reivindicação de autoridade universal e ilimitada. E, sendo autorizados pelo próprio Senhor, os discípulos seguiram adiante e viraram o mundo de cabeça para baixo.


Autor: Roland Barnes

Rev. Roland Barnes é pastor sênior da Trinity Presbyterian Church (PCA) em Statesboro, Ga. Ele também faz parte da diretoria da Sociedade Missionária Cristã (Christian Missionary Society).

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