Quando você olha a lista de qualificações para os presbíteros no Novo Testamento, vê que ela não é tão notória. Não que não seja importante, e certamente não curta; só não tão notória. O que estou querendo dizer é que as qualificações esperadas dos presbíteros são, basicamente, ordenadas a todos os cristãos em algum lugar da Escritura. E mais: todas elas têm a ver com caráter, exceto uma: o homem precisa ser “apto para ensinar” (1Tm 3.2). Esta é a única habilidade ou talento inegociável listado entre os requerimentos para o presbiterato. Paulo amplia isso um pouco mais para Tito:
apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem. (Tt 1.9)
Existem muitas coisas que um pastor deveria ser capaz de fazer. Mas existe apenas uma que ele precisa ser capaz de fazer: ele precisa ser capaz de pregar.
Ambas as passagens encontram um resumo nítido na última epístola que Paulo escreveu antes de sua morte:
Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. (2Tm 4.1-2)
Não sei quanto a você, mas se Paulo quisesse prender minha atenção para um anúncio importante, eu não acho que ele poderia ir além de: “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos… e pela sua manifestação… e pelo seu reino”. Com aquela introdução, você sabe que algo monumental está prestes a ser transmitido.
E que coisa é essa de monumental importância? Pregue a Palavra! Isso é o que deveria definir fundamentalmente o ministério. Existem muitas necessidades requerindo a atenção de um pastor e vozes clamando pelo tempo dele. Mas a primeira prioridade de um pastor é a pregação. Pastores devem pregar implacavelmente e corajosamente, e devem pacientemente executar seus cargos como aqueles que guardam as próprias palavras de Deus.
A Bíblia estabelece uma ligação inseparável entre pregar (ou ensinar) e pastorear. Para ser um presbítero, você precisa ser apto para ensinar; e se você é um presbítero, você tem que ensinar. Enquanto o Novo Testamento não cita nenhum dom específico de “pregação”, a proclamação pública da palavra de Deus é inquestionável, colocando claramente esse nobre dever de “pregar a Palavra” no coração do ministério pastoral.
O povo de Deus é liderado, primariamente, através do ministério público. É simples assim. Muitos homens amam a palavra de Deus, podem liderar discussões efetivas, podem expor doutrinas de forma clara ou são comunicadores cativantes. E esses homens têm um papel significativo a desempenhar na igreja de Deus. Mas a graça de Deus ao pastor é expressa através do poder da pregação que transmite a verdade e que aviva a fé em Deus pelas promessas do evangelho.
Se você é chamado para pastorear ou plantar uma igreja, você é chamado para pregar. Se você se sente atraído a isso ou se não pensou muito sobre o assunto pode ter relevância na questão de estar ouvindo o chamado pastoral.
Tradução: João Pedro Cavani
Revisão: Vinicius Musselman