domingo, 22 de dezembro
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Uma família para Deus

Ele estava fazendo uma pergunta que eu havia ouvido várias vezes durante meus anos como pastor: “Vocês têm um culto infantil?”. Desta vez, ao invés de dar uma longa explicação sobre a nossa prática de não separar os nossos cultos de adoração por idade, eu decidi dar uma resposta breve, exata e intencionalmente provocativa. Veja como foi:

“Sim, nós temos. Todos os domingos”.

“Ótimo. Você pode descrever como o culto é estruturado?”.

“Claro. Há cânticos, oração, leitura bíblica, oferta e ensino. Também há celebração da Ceia do Senhor mensalmente e, periodicamente, realiza-se o batismo”.

“Que interessante. Os adultos podem participar?”

“Com certeza! Na verdade, nós encorajamos os adultos a frequentarem esses cultos com os seus filhos”.

Minha consciência não me permitiria sair dali deixando esse jovem pai com uma falsa impressão, então passei a explicar que, apesar de termos um culto para as crianças, não temos um culto separado exclusivamente para elas. Pelo contrário, o nosso culto, como toda a nossa igreja, é projetado para todas as idades.

Com certeza, uma igreja que tem o compromisso de ministrar a pessoas de todas as idades enfrenta um difícil desafio. Em nossos dias de “especialização”, é muito mais fácil “focar” o ministério naqueles que compartilham uma mesma fase da vida do que ministrar para pessoas cujas idades incluem várias décadas diferentes.

Talvez esse seja o motivo pelo qual alguns tentam estruturar igrejas fazendo exatamente isso, resultando em igrejas de jovens, igrejas de estudantes e igrejas de idosos. O que é ainda mais comum é a fragmentação intencional das igrejas em ministérios independentes e separados por idade, os quais, na melhor das hipóteses, coexistem em uma congregação local. Nesse modelo de ministério, é possível que o estacionamento seja o único lugar onde os avós, os pais e os filhos se veem quando vão às reuniões da igreja.

A Bíblia reconhece que os crentes englobam uma grande variedade de pessoas em estágios diferentes da vida e que há necessidades particulares dignas de serem enfatizadas em determinadas faixas etárias. Devemos observar os caminhos através dos quais a Bíblia instrui especificamente esses grupos. Adultos, tanto os casados (Efésios 5:22-33; 1 Pedro 3:1-7) quanto os solteiros (1 Coríntios. 7:25-38; 1 Timóteo 5:3-8), a juvetude, os jovens adultos (Eclesiastes 12:1; 2 Timóteo 2:22) e as crianças (Efésios 6:1; Colossenses 3:20) devem ser abordados de acordo com suas idades.

Uma igreja que possui um ministério expositivo não pode ignorar essas e outras passagens nas Escrituras, que dizem respeito a idades específicas. O verdadeiro desafio surge na aplicação. Como uma igreja pode ministrar de forma eficaz às necessidades de todos os seus membros, os quais compreendem uma grande variedade de idades?

Embora eu não tenha a pretensão de destacar uma única maneira – ou até mesmo a melhor maneira- de responder essa pergunta, existem certos princípios bíblicos que devem ser observados  quando uma igreja considera  estruturar suas energias para ministrar a todas as idades.

Em primeiro lugar, como já foi dito, o fato da Bíblia reconhecer e direcionar os crentes nas diferentes fases da vida deve ser considerado quando uma igreja está planejando seus ministérios. Tudo, desde a aplicação do sermão até as diversas oportunidades de servir devem refletir essa percepção. Como pastor, eu sei que é fácil elaborar inadvertidamente as aplicações do meu sermão em torno das circunstâncias da minha própria vida. Se, algumas vezes, os apóstolos deram instruções para grupos específicos de faixas etárias nas igrejas em que serviam, eu também devo fazer isso.

Em segundo lugar, a igreja deve se proteger contra a criação de ministérios totalmente focados em uma idade específica que, de forma não intencional, prejudicam a igreja como família. Quando o ministério se torna tão direcionado que as crianças nunca adoram, oram, servem ou estudam com os jovens, os quais nunca fazem essas coisas com os adultos que, por sua vez, nunca as praticam com as crianças, qualquer que seja o bem a ser realizado através disso custará danos à própria natureza da igreja. As consequências são espiritualmente devastadoras, porque as oportunidades de se submeter às preferências dos outros e sacrificar-se pelo bem-estar dos outros são evitadas, ao passo que uma mentalidade de consumidor vai sendo promovida.

Finalmente, uma igreja que ministra de forma eficaz para todas as faixas etárias manterá o evangelho como única base para a vida e unidade da igreja. Os crentes de todas as idades devem ser ensinados que a nossa união com Cristo, independente da idade, é o que faz de nós um só corpo. Um cristão de dez anos de idade tem mais em comum com um cristão de oitenta anos do que com um não cristão de dez anos de idade. Quando isso é reconhecido e celebrado, uma comunidade verdadeiramente centrada no evangelho prevalece.

Em uma análise final, a nossa necessidade humana básica como pecadores supera todas as outras necessidades que são próprias da idade e fase da vida. Isso significa que o evangelho é mais importante do que qualquer ministério alvo. Isso também significa que, embora devamos trabalhar arduamente para comunicar o evangelho de forma compreensível e apropriada a cada idade, há apenas uma mensagem que as pessoas de todas as idades necessitam. Acima de tudo, uma igreja deve compreender e administrar fielmente esta mensagem: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (1 Timóteo 1:15).

A igreja que tem isso como fundamento e tema primordial demonstrará que é um só corpo com “um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Efésios 4:5-6).


Autor: Thomas K. Ascol

Thomas K. Ascol é pastor da Grace Baptist Church em Cape Coral, na Flórida, EUA. Obteve seus graus de mestrado (M.Div) e doutorado (P.hD) pelo Seminário Teológico Batista Sowthwestern. É o diretor executivo do ministério Founders e editor-chefe do Founders Journal. É autor de diversos artigos e livros e preletor em conferências e seminários teológicos. Tom Ascol é casado com Donna e o casal tem 6 filhos.

Parceiro: Ministério Ligonier

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Ministério do pastor R.C. Sproul que procura apresentar a verdade das Escrituras, através diversos recursos multimídia.

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