Ataque pela mosca varejeira é uma preocupação real para um pastor. É uma causa de debilidade e morte nos animais afetados. A mosca põe seus ovos nas ovelhas, e dentro de vinte e quatro horas, as larvas penetram na pele e se multiplicam, e logo a ovelha é contaminada. Trabalhando com o nosso próprio rebanho, eu veria uma ovelha angustiada por essa aflição, mas, felizmente, há um tratamento: o “backlining”. Um unguento apropriado que é derramado na cabeça do animal e ao longo de suas costas.
Muitas vezes pensamos em Davi, o pastor, em relação aos pastos verdes do Salmo 23. No entanto, Davi precisava tratar as doenças em seu rebanho. Ele também deve ter visto como as larvas e vermes se pareciam com seu próprio pecado – levando à morte.
Davi precisava do remédio divino; nós também. Quão maravilhosamente Jesus nos diz em João 10 que o Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas. Ele forneceu o remédio a um custo incalculável. Atos 20.28 nos diz que a igreja foi “comprada com seu próprio sangue”.
Não é apenas com a doença que um pastor se debate – há também as próprias ovelhas. No Salmo 51, Davi implora ao Senhor: “exultem os ossos que esmagaste”. Como um pastor judeu andando à frente de seu rebanho, Davi teria notado quando um cordeiro se desgarrava. A princípio, ele teria usado um cajado para trazê-lo de volta, mas se o cordeiro se afastasse novamente, David teria que quebrar-lhe a perna. Ele então colocaria uma tala naquela perna e carregaria o cordeiro em seus braços, colocando o cordeiro a seus pés, onde ficaria perto de seu pastor. Essa dura experiência era executada para o bem do cordeiro. Que bela imagem de castigo. Quando Deus nos admoesta, como seus filhos, devemos reconhecer que ele é bom em tudo o que faz.
O óleo da unção também significa alegria. Somos lembrados disso em Isaías 61.1–3. Quem traz boas notícias aos pobres? Quem amarra os quebrantados de coração proclama libertação aos cativos, dando “o óleo de alegria em vez do pranto”? Certamente este é o Ungido, o Senhor Jesus. É a forma que nós o consideramos que nos proporciona contentamento e alegria. Se não, estaremos cansados e debilitados em nossas mentes.
O salmo 133 compara a união a um óleo precioso que é derramado sobre a cabeça de Arão, o sacerdote. A união é preciosa. Precisamos amar e desejar o bem a “todos os que em todo os lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.2). Como podemos excluir de nosso amor e orações qualquer um que Cristo inclua nos seus? O óleo pode suavizar a água agitada. Óleo nutre.
Lembro-me de um pastor africano apresentando a gravura de Deus segurando uma taça de maldição e um cálice de bênção. Certamente a bênção seria para o Filho por quem ele tinha afeição eterna e a taça de maldição seria para as suas criaturas que pecaram contra ele. Mas não, o Filho levou a maldição para que os pecadores tivessem a bênção. Precisamos beber dessa taça repetidamente, e como nosso Senhor se deleita em misericórdia, amamos encontrá-lo lá.
O salmista faz uma pergunta importante no Salmo 116.12: “Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo”? A resposta implícita é doce: “Eu terei mais do mesmo”. Nossa necessidade de satisfação nunca será atendida pelos bens ou reconhecimento deste mundo. Stephen Charnock, o puritano, expressou-se bem quando disse: “Nada menos do que Cristo pode satisfazê-lo e quando você o encontrar nada mais poderá ser desejado”.
Minha esposa e eu nos encontramos com um pastor recém-aposentado que falou de sua fragilidade e incapacidade em viajar de férias ou ir a eventos da igreja, mas ele repetiu para nós, com alegria em seu coração, o verso de John Newton:
De polo a polo deixe os outros vagarem
E procurar em vão por felicidade
Minha alma está satisfeita em casa
O Senhor é minha porção.
Margaret era o membro mais quieto do estudo bíblico de Alec Motyer. Quando perguntaram: “Como podemos causar impacto no mundo ao nosso redor”? Margaret simplesmente disse: “Paz”. Alguém respondeu: “Conte-nos mais”. Ela respondeu: “Há onze apartamentos neste bloco. Todos eles estão enfrentando dificuldades, desafios e provações da vida. O que meus vizinhos precisam ver é que eu estou enfrentando os mesmos problemas, mas desfrutando de uma paz inabalável”. A xícara de Margaret estava transbordando. Essa distinção tornaria nosso testemunho atraente para uma sociedade conturbada.
Na cruz, Jesus Cristo sofreu agonia e rejeição incalculáveis. Isso não foi por causa de qualquer coisa errada que ele tenha feito, mas sim por amor a seu Pai e por aqueles cujo pecado ele estava suportando. Sua taça ainda estava transbordando; Ele tinha paz inabalável. O centurião viu isso e exclamou: “Verdadeiramente este era Filho de Deus” (Mt 27.54). Que esta seja a nossa profissão de fé hoje, pois reconhecemos a unção de nossa cabeça com óleo e o transbordar do nosso cálice.
Tradução: Paulo Reiss Junior.
Revisão: Filipe Castelo Branco.