Por milhares de anos, a sociedade dependeu de alguma aparência de ordem em matéria de sexo. Um homem tomava uma esposa (ou esposas) de alguma forma regularmente prescrita e vivia com ela (ou com elas) segundo regras reconhecidas. Somente para seu próprio risco, ele “mexeria” com a mulher de outro homem. Uma mulher sabia que possuía um tesouro inestimável: sua virgindade. Ela a guardava com zelo para o homem que estivesse disposto a pagar um preço por isso — o compromisso de se casar com ela, e com ela somente. Mesmo em sociedades em que a poligamia era permitida, havia regras que governavam as responsabilidades entre os cônjuges, regras das quais dependia toda a estabilidade da sociedade.
De alguma forma, tivemos a ideia de que estamos autorizados a esquecer todos os regulamentos e sair impunes. Os tempos mudaram, costumamos dizer. Finalmente, estamos “liberadas” de nossas inibições. Agora, temos Sexo e a Garota Solteira. Temos liberdade. Podemos, de fato, “ter tudo isso sem estarmos amarrados”. Se quiserem, as mulheres podem ir à caça, assim como os homens. Os homens não são homens a menos que provem sua masculinidade seduzindo o maior número possível de mulheres — ou de homens, pois agora podemos escolher segundo a “preferência sexual”. Podemos ir para a cama com pessoas do sexo oposto ou do mesmo sexo que nós. Isso não importa. Uma mera questão de gosto, e todos nós temos “direito” aos nossos gostos. Todos são iguais. Todos são livres. Ninguém mais está preso nem precisa negar nada a si mesmo. Na verdade, ninguém deve negar a si mesmo algo que deseje ardentemente — é perigoso fazê-lo. Não é saudável. É doentio. Se isso o faz sentir-se bem e, mesmo assim, você não o faz, é paranoico. Se não o faz sentir-se bem, mas, ainda assim, você o faz, é masoquista.
O motivo pelo qual minhas colegas de quarto e eu acreditávamos que ser solteira era sinônimo de virgindade não era o fato de sermos estudantes universitárias naquela época — uma época em que todo mundo acreditava nisso. Não era por sermos ignorantes. Não era por sermos ingênuas demais para ouvir que as pessoas têm cometido adultério e fornicação há milênios. Não era porque ainda não havíamos sido liberadas ou porque éramos completas idiotas. A razão para isso era o fato de sermos cristãs. Nós valorizávamos a santidade do sexo.
Eu me sentava àquela escrivaninha perto da janela e ficava refletindo, constante e intensamente, acerca do casamento. Eu sabia o tipo de homem que queria. Teria de ser um homem que valorizasse a virgindade — a sua própria, assim como a minha — tanto quanto eu.
O que as mulheres de hoje querem? O que os homens querem? Quero dizer, bem lá no fundo. O que eles realmente querem? Se os “tempos” mudaram, as aspirações humanas também mudaram? E o que dizer dos princípios? Os princípios cristãos mudaram?
Eu digo não às últimas três perguntas, um enfático não. Estou convencida de que o coração humano anseia por constância. Ao renunciarmos à santidade do sexo em troca de “dar uns amassos” e “transar” de uma forma casual e indiscriminada, renunciamos a algo sem o que não podemos viver bem. Há monotonia, enfado e tédio absolutos na vida como um todo quando a virgindade e a pureza não são mais protegidas nem valorizadas. Ao tentarmos agarrar satisfação em todos os lugares, não a encontramos em lugar algum.
Artigo adaptado do livro Paixão e Pureza, de Elisabeth Elliot, Editora Fiel.