Nossas igrejas amam ver conversões e ouvir testemunhos. Mas por que elas não querem compartilhar o evangelho?
Objeções Vencidas
Aqui há três objeções comuns ao evangelismo que ouvi pessoas oferecerem, e algumas orientações para ajudar os nossos membros a vencê-las.
1. Eu não sei o que dizer.
Objeção 1: “Eu não sei o que dizer.” As pessoas fazem essa objeção por não conhecerem o evangelho bem o suficiente para compartilhá-lo. Possivelmente, ninguém na sua igreja verbalize de fato essa objeção, mas é possível que elas sintam essa objeção. Elas fazem o seu melhor, convidando amigos para irem à igreja e orando por eles.
Qual é a solução? Nós podemos inspirar confiança em nossos membros, certificando-nos de que eles entendem o evangelho, e ensinando-os a explicá-lo.
Na igreja que eu pastoreio, nós perguntamos a cada pessoa quem deseja explicar para a igreja o evangelho. Isso ajuda a garantir que a membresia seja regenerada, mas também é como começamos a treinar os nossos membros para o evangelismo. Alguns membros têm dificuldade de explicar o evangelho, e essa luta para explicar leva-os a ouvir mais atentamente os sermões, ou a ler um livro como “O que é o Evangelho?” de Greg Gilbert (Fiel).
Outros compartilham o evangelho com clareza, e eu simplesmente respondo à explicação deles com algo do tipo: “Louvado seja Deus. Você tem um bom entendimento do evangelho. Eu encorajaria você a procurar e a orar por mais oportunidades de compartilhar o evangelho com outros”.
Outra maneira de atender a essa objeção é usar todos os sermões para compartilhar o evangelho com não-cristãos, e isso catequiza toda a nossa congregação no evangelho. Eu quero pregar as verdades do evangelho ao longo da mensagem, mas também quero que eles ouçam o evangelho resumido de uma maneira que possa ser facilmente reproduzido em um minuto ou dois.
Se existe uma coisa que cristãos devem ser capazes de explicar é o evangelho. Se nós não pregamos o evangelho claramente no domingo, então como podemos esperar que os nossos membros o preguem durante a semana?
2. Eu não quero.
A objeção 2 é um simples “eu não quero”. Essa é outra objeção que é mais frequentemente sentida do que verbalizada. Em nossa igreja, tentamos abordar isso na pregação, nos relacionamentos de discipulado e nas orações.
- Nós pregamos as realidades do céu e do inferno juntamente com a natureza temporária deste mundo. Diante desse pano de fundo, verdades como perdão se tornam mais valorizadas e celebradas.
- Nós perguntamos uns aos outros sobre como estamos obedecendo ao mandamento de Deus de compartilhar as boas novas de Jesus Cristo.
- E, por fim, oramos regularmente para que o Espírito crie uma cultura de evangelismo em nossa igreja.
Dessa forma, estamos exortando uns aos outros e pedindo ao Espírito que concentre as nossas mentes e corações na eternidade, e que vejamos as pessoas a partir dessa perspectiva.
3. Eu não sei o que fazer.
A objeção 3 é um honesto “eu não sei o que fazer”. Alguns membros conhecem bem o evangelho e querem compartilhá-lo. No entanto, eles são tão acostumados a pensar em um programa ou sistema que fará o evangelismo acontecer, que se acham frustrados pela sua falta de evangelismo. Eles não evangelizam porque não têm tempo para criar um novo evento. Ou, em igrejas como a nossa, eles não conseguem encontrar os programas que funcionarão para eles.
Mas o corpo da igreja é o programa de Deus para o evangelismo. Jesus disse que as pessoas saberiam quem eram os seus discípulos pela maneira como amamos uns aos outros (Jo 13.34-35).
Então nós dizemos aos nossos membros para alcançar os amigos incrédulos vivendo como fiéis membros de igreja que amam uns aos outros em Cristo, e depois convidando esses amigos para serem parte de suas vidas. O Espírito usa isso para tornar o evangelho audível.
Um amigo que serviu como missionário na Ásia Central entre muçulmanos me disse que a sua equipe havia descoberto “a bala de prata” para converter muçulmanos: prolongada exposição à Bíblia e prolongada exposição a cristãos. Esse princípio funciona em todo lugar, porque Deus opera através da sua Palavra e do seu povo.
Por sua graça, nós vimos um rapaz que foi criado como ateu começar a se abrir para o cristianismo devido aos casamentos que ele via na igreja, e mais tarde, se achegou à fé. Vimos também um rapaz criado em um lar cristão perceber que ele não era um cristão, pois ele viu os membros da nossa igreja se comprometendo a viverem vidas santas juntos, de uma maneira que ele não se comprometia. Como Francis Schaeffer disse certa vez: o cristianismo é uma questão individual, mas não individualista.[1] Ao convidar pessoas para testemunhar a vida coletiva da igreja, não-cristãos obtêm uma visão mais ampla do próprio evangelho.
O poder do testemunho coletivo da igreja não substitui completamente o aspecto pessoal do evangelismo. Mas serve para vencer o obstáculo específico de não saber como começar uma conversa. Conversas evangelísticas frequentemente nascem da apologética atrativa que é a vida cristã. Quando as nossas vidas personificam a sã doutrina, elas ajudam a dar sentido ao que é bom e correto no mundo, da mesma maneira que a doutrina do pecado dá sentido a tudo o que é errado no mundo.
Não são apenas os novos cristãos que querem compartilhar a sua fé. São cristãos que crescem juntos no conhecimento e no amor pelo evangelho, que querem ser mais do que meros espectadores — e assim eles falam.
Notas:
[1] Francis Schaeffer, The God Who Is There (InterVarsity Press, 1998), 176.
Tradução: Alan Cristie