sexta-feira, 22 de novembro
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Encontrando um novo pastor

Uma das partes mais importantes do ministério de um pastor é ajudar a garantir que um homem sadio o suceda no ministério de sua congregação. Robert Murray M’Cheyne disse uma vez em um sermão à sua congregação: “As mudanças estão chegando. Todos os olhos diante de mim logo se tornarão obscurecidos pela morte. Outro pastor deverá alimentar este rebanho, outro cantor vai liderar o Salmo, outro rebanho preencherá este aprisco”. Eu penso no ditado “Deus enterra o trabalhador, mas o trabalho continua”. Irmão pastor, você fala com a sua congregação assim?  Você os torna conscientes da rápida passagem do tempo e das obrigações que isso nos impõe? Como você está buscando a bênção e o benefício de sua congregação além de seu próprio ministério lá?

No espírito da “luz da natureza e da prudência cristã”, ofereço estes onze passos para ajudar a igreja a pensar em como encontrar um novo pastor. Esta é minha tentativa de destilar alguma sabedoria cristã no que se refere a essa parte prática da liderança cristã sobre a qual me perguntaram tantas vezes nos últimos vinte ou trinta anos. Meu objetivo é usar essa sabedoria ao aplicar as regras gerais da Palavra, que devem sempre ser observadas.

1. Preparar

A menos que estejamos pastoreando nossa igreja quando o Senhor voltar, nosso papel é sempre preparar a congregação para o próximo pastor. Fazemos isso de várias maneiras. Uma das principais formas de fazer isso é garantir que estejamos preparados financeiramente para não ter mais esse emprego. Eu não posso dizer quantas vezes eu ouvi um pastor sobre manter seu emprego ainda que ele se sentisse cansado, porque ele não sabia como ele iria “ganhar a vida”. Isso não deveria ser assim.

2. Concordar

Você precisa concordar que é hora de mudar. O pastor pregador e os presbíteros devem concordar juntos sobre a data em que o pastor atual deixará de ser responsável pelo ministério de pregação da igreja ou pela data em que eles gostariam de começar uma busca pelo próximo pregador. Você pode fazer isso de várias formas. O ponto principal do acordo deveria ser a mais suave transição possível para a congregação. Você também deve deixar claro como o pastor ou outros presbíteros percebem que é hora de seguir em frente. Não tenho certeza se temos alguma fórmula pronta sobre isso. Simplesmente ore e trabalhe pelo bem da igreja local.

Agora, claro, as situações variam. Talvez, o atual ministro se mude para outra igreja ou talvez ele ou os outros presbíteros possam sentir que ele está se desgastando. Ele precisa começar a pensar em mudar sua função. Uma conversa honesta, sensível e aberta sobre isso entre os presbíteros é útil. Uma vez substituído, o ex-pastor pode precisar ir embora ou pode permanecer e contribuir mesmo depois que o novo pastor estiver pregando. Eu ouvi e vi muitos exemplos em ambas as direções. Alguns pastores vivem de acordo com a regra cardeal de que, se você teve um bom ministério, deve poder permanecer em sua igreja sob a liderança do próximo pastor. Outros acreditam que uma vez que você terminar, você precisa sair de lá. Eu não acho que uma ou outra regra se aplique em todas as situações.

3. Liderar

Os presbíteros devem ser o corpo que vai liderar e aconselhar a congregação durante todo o processo de transição para um novo pregador, não um comitê especialmente chamado com o propósito de chamar um novo pastor. Os presbíteros mantêm um ofício ordenado e descrito no Novo Testamento em Atos 20, 1Timóteo 3 e Tito 1.

O pastor que é chamado não se juntará a um comitê de busca, mas ao presbiterato. Os presbíteros devem confiar na congregação que ensinaram. A congregação deve confiar nos presbíteros que lhes ensinaram. Mesmo que os presbíteros normalmente sejam os que levantam outros presbíteros, eles são os mais qualificados para avaliar a pregação, o ensino e o caráter de um pastor em potencial. Os presbíteros são o corpo que lidera a congregação; portanto, eles devem liderar e aconselhar a congregação sobre esse assunto. Dos meus onze passos, essa confiança da congregação nos presbíteros, para escolher o pastor, seja, talvez, a mais controversa, mas é a que eu defendo com a maior convicção.

4. Buscar

Às vezes os presbíteros já têm em mente o homem que deveria se tornar o próximo pastor. Em outras ocasiões, o acordo não acontece tão rapidamente, os presbíteros podem buscar um nome ou alguns nomes, internos ou externos e deliberar sobre eles. De qualquer forma, ao longo do processo, é bom sempre lembrar que nós identificamos os presbíteros, nós não fazemos presbíteros. Efésios 4 nos diz que os presbíteros são dons de Cristo para a sua igreja. Atos 20.28 nos informa que o Espírito Santo nos faz bispos ou presbíteros para cuidar da igreja de Deus. Não estamos tentando criar um pastor, mas definir quem Deus está nos dando e quem ele já nos deu.

5. Propor

Os presbíteros devem decidir entre si, sem oferecer uma proposta pública à congregação, quem, entre os irmãos disponíveis, seria mais adequado para servir a igreja nessa função nesse momento. Então, eles devem avançar provisoriamente com esse único nome, estando dispostos a deixá-lo de lado em qualquer ponto do processo, quando ficar claro que não é melhor que esse irmão sirva como pastor da congregação. Nesse ponto, eles devem apenas propor outro nome, repetindo o processo até que surja um candidato definitivo.

6. Pregar, orar e conversar

Se o candidato vem de fora, os presbíteros devem ouvir os sermões dele pessoalmente ou online. Se possível, os presbíteros podem ouvir juntos um sermão online e discuti-lo sem o pregador presente.

Depois disso, os presbíteros poderiam providenciar para que o irmão em questão viesse e pregasse para a congregação, encontrasse a congregação em locais maiores e menores e respondesse a perguntas da congregação. Claro, deve haver algum tempo mais prolongado com os presbíteros. Se o homem estiver servindo como pastor, os presbíteros devem perguntar por que esse pastor de outra igreja está considerando deixar sua igreja atual e se sua igreja sabe que ele está considerando essa possibilidade. Especialmente com os presbíteros, o futuro pastor deve discutir sua teologia e sua filosofia de ministério.

7. Recomendar

É aqui que o candidato a pastor é tornado público. Os presbíteros devem trazer à congregação o nome da pessoa que eles concluíram que seria bom para servir a igreja como seu próximo pastor de pregação.

8. Considerar

A congregação deve ter algum tempo para considerar o homem trazido diante deles para servir como seu principal pastor de pregação. Não há tempo definido aqui. Pode ser duas semanas, dois meses ou outro período de tempo razoável. Mesmo que a congregação o tenha ouvido pregar durante os meses que antecederam o anúncio, seria irresponsável não dar tempo à nossa congregação para pensar, orar e refletir sobre a escolha desse homem como seu próximo pastor.

9. Votar

A congregação deve votar para confirmar a escolha desse homem como seu pastor. Eu tomo isso como uma implicação da responsabilidade que a congregação claramente tem, no Novo Testamento, por maus pregadores. Por exemplo, em Gálatas 1:8–9, Paulo efetivamente diz: “Não me escutem se eu vier e pregar para vocês outro evangelho”. A congregação deve ser capaz de afirmar a escolha dos presbíteros.

10. Boas-vindas

Você deseja ter com um pastor alegremente estabelecido e bem cuidado. Muitas vezes ouvi líderes da igreja dizerem sobre um pastor: “Vamos mantê-lo pobre e Deus o manterá humilde”. Essa é uma visão míope do evangelho e uma ótima maneira de levar os filhos do pastor a se virarem contra o cristianismo. Essa seria uma atitude terrível em relação ao seu novo pastor. Enquanto o contexto imediato em 1Timóteo 5 é sobre o cuidado das viúvas, Paulo declara uma verdade mais ampla no versículo 8, quando diz: “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente”. Amigos, se vocês estão assumindo um pastor, vocês precisam ter certeza de que ele pode sustentar sua família.

Receba-o com um bom nível de apoio financeiro, mas também com paciência. Lembre-se também que o novo pastor é como as bananas que você compra na loja – ele precisa de tempo para amadurecer e se revelar. Quando você o pega pela primeira vez, ele é um pouco verde. Você entende isso, então apenas dê a ele um pouco de tempo. Ao longo das semanas e meses e anos, sua pregação vai melhorar. Isso resultará de uma combinação onde ele está ficando melhor e você se acostumando com ele. Ele terá a oportunidade de servir, de se interessar por batismos, casamentos e funerais. As pessoas se juntarão à igreja sob seu ministério.

11. Encorajamento

O novo pastor eventualmente começará a procurar seu próprio sucessor, é claro (2Timóteo 2.2). Mas uma coisa que o ajudará a fazer isso com alegria é o encorajamento que você lhe dá, compartilhando algumas das formas pelas quais você se beneficiou de seu ministério. Esse seria o tipo de encorajamento de Gálatas 6. 6 ou 1Timóteo 5.17, onde você ora por ele e paga por ele. Seja generoso com ele para que ele possa estabelecer um modelo de generosidade para os outros. Se você não confia em suas características o suficiente para ser generoso com ele, você não deveria tê-lo contratado. Incentive-o e receba-o como um presente de Cristo para sua igreja.

Edward Griffin foi um fiel pastor de uma igreja presbiteriana por muitos anos em Nova Jersey. Durante sua última mensagem à congregação quando eles estavam dando posse ao seu sucessor, Griffin disse: “Para o seu próprio bem e o interesse de seus filhos, cuide e reverencie aquele que você escolheu para ser seu pastor. Ele já te ama e ele logo te amará como osso de seus ossos e carne de sua carne”.

Você entende como a boa autoridade é frutífera? As últimas palavras são sempre significativas, particularmente nas Escrituras. Considere as últimas palavras de Davi, o grande rei do antigo Israel, registradas em 2Samuel 23.

“São estas as últimas palavras de Davi: Palavra de Davi, filho de Jessé, palavra do homem que foi exaltado, do ungido do Deus de Jacó, do mavioso salmista de Israel. O Espírito do SENHOR fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua. Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Aquele que domina com justiça sobre os homens, que domina no temor de Deus, é como a luz da manhã, quando sai o sol, como manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da chuva, faz brotar da terra a erva”. (vv. 1–4).

Irmãos e irmãs, vocês percebem quão bom é uma boa autoridade? Em um mundo caído, tendemos a pensar que a autoridade é por natureza ruim. Pensamos em autoritarismo e abusos de autoridade. Certamente, abusos de autoridade estão entre as piores, se não for a pior, blasfêmia contra Deus. Mas todos sabemos como toda criança quer estar na equipe do melhor treinador. Todos convidam as crianças com os melhores pais. Todo mundo quer estar na empresa onde você tem o melhor chefe. Boa autoridade, diz Davi, abençoa os que estão abaixo dela. Isso faz com que sejam frutíferos e cresçam. Boa autoridade não é fundamentalmente para aqueles que exercem a autoridade. É para a bênção daqueles sob essa autoridade. É privilégio e mordomia para quem tem autoridade.

Tradução: Paulo Reiss Junior.
Revisão: Filipe Castelo Branco.
Fonte: Finding a Pastor.


Autor: Mark Dever

Mark Dever é diretor do Ministério 9 Marcas, nos Estados Unidos, e pastor da Igreja Batista de Capitol Hill, em Washington D.C. Graduado na Universidade de Duke, obteve mestrado em Divindade no Gordon Conwell Theological Seminary e Ph.D. em História Eclesiástica na Universidade de Cambridge.

Parceiro: Ministério Ligonier

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