sexta-feira, 22 de novembro
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Não se preocupe em ser um pastor de personalidade cativante e vencedora!

Todos os homens são criados iguais. Nunca dois homens são igualmente criados. Por um lado, todas as pessoas são criadas à imagem de Deus e cada crente desfruta de pleno status como filho adotivo de Deus em união com Cristo. Por outro lado, nosso soberano Criador nunca emprega um modelo de individualidade de uso único ao criar cada um de nós.

Não vivemos muito tempo nesta terra antes de sermos incomodados pela pura “injustiça” de tal diferenciação divinamente ordenada. Desde cedo invejamos a força, a altura, a velocidade ou a aparência superiores de outra pessoa. Leva mais tempo, mas logo se percebe que não somos mentalmente astutos, gregários, espirituosos ou carismáticos como alguns de nossos colegas.

Com o tempo, essas percepções informam nossa autoavaliação de capacidade pastoral. Primeiro, percebo que Deus não me dotou com a personalidade mais vitoriosa. Então, eu percebo que minha personalidade limita a eficácia do meu ministério como sub-pastor do rebanho de Deus. Eu não quero, mas acontece, e continuará a fazê-lo.  Para nós, tipos mais tediosos, esse entendimento é um incômodo contínuo.

Você naturalmente alcança tal concepção comparando-se com pastores mais talentosos. Essa realidade também lhe dá um tapa na cara quando os membros de seu rebanho o informam de várias maneiras que sua personalidade não se compara favoravelmente com outros pastores que eles conheceram, ou conhecem, ou imaginam que conhecem. Eles lhe dizem de maneira aberta e encoberta que, se você tivesse uma personalidade mais cativante, a igreja prosperaria ou prosperaria mais. Embora difícil de receber, você sabe que tal crítica não é totalmente desprovida de verdade. Ei, às vezes até você se acha chato!

A boa notícia para o pastor nada espetacular é esta: “personalidade vencedora” não é encontrada na lista de qualificações pastorais em 1 Timóteo 3 ou Tito 1. O que está escrito nessas passagens é o caráter, não o carisma, a fidelidade, não o magnetismo, o amor pelo povo de Deus, não uma personalidade atraente. Sim, você deve ganhar a confiança do rebanho. Eles devem saber que você é por eles e amá-los firmemente. Não é essencial, no entanto, que eles o considerem charmoso, hilário, arrojado ou excepcionalmente cativante. É menos importante que eles queiram sair com você. É de extrema importância que eles saibam que você ama a Deus e que, com zelo caloroso e convite acolhedor, você anseie que eles sigam Jesus com você até a glória (Cl 1.28-29).

Dito isso, como devemos responder aos efeitos debilitantes de nossas constituições prosaicas?

Primeiro, alegre-se!

Seja feliz, cara chato! Deus o fez com propósito soberano e o equipou com todos os dons necessários para cumprir qualquer ministério que ele designar a você. Não poderia um homem mais carismático fazer um trabalho melhor pastoreando o rebanho que você supervisiona? Somente se o Chefe dos Pastores delegar essa tarefa a ele. Se Cristo o comissionou para pastorear um rebanho em particular, descanse em seus propósitos soberanos e lidere fielmente esse rebanho com todo o amor e habilidade que Deus lhe concede. Recuse-se a lançar olhos invejosos sobre o sucesso de um pastor mais cativante. Elimine o ciúme de sua alma. Permaneça focado em sua posição em Cristo. Cumpra a mordomia que ele confiou a você.

Segundo, reconheça que pastores com personalidades vencedoras enfrentam tentações que nós, tipos mais tediosos, raramente enfrentamos.

Enquanto pastores não espetaculares tendem a lutar com inveja ou autopiedade, aqueles com personalidades exageradas tendem a lutar com auto-dependência orgulhosa e um espírito desdenhoso em relação às almas medianas. Enquanto eles atraem seguidores mais encantados, eles também tendem a deixar mais ovelhas feridas em seu rastro. Tais observações são de pouco consolo para aqueles de nós que alegremente carregariam o fardo de uma mochila mais pesada de carisma, mas há graça para celebrar onde quer que sejamos poupados da tentação.

Terceiro, recuse-se a se acomodar.

Nós, tipos mais tediosos, não devemos nos contentar com personalidades triviais. Enquanto você observa seu coração, analise se algum aspecto de sua personalidade monótona está enraizado na preguiça, egoísmo, ingratidão, temor de homens, autopiedade, falta de amor pelos outros ou algo semelhante. Se você está ativamente erradicando o pecado e progredindo na semelhança de Cristo, sua personalidade certamente melhorará. Não se acomode. Continue crescendo. 

Quarto, aprenda a confiar no poder da Palavra e do Espírito para realizar o que uma personalidade vencedora nunca conseguiu. 

Existem alguns pastores incrivelmente talentosos por aí cujas personalidades servem como uma lâmpada para os insetos em uma noite de verão. Mas lembre-se de que, embora o carisma deles possa atrair mais atenção e abrir mais portas de oportunidade do que você jamais experimentará, seus dons são incapazes de efetuar a santificação na vida do rebanho de Cristo. A igreja é formada e purificada somente pela Palavra e pelo Espírito. Então pregue a Palavra com persistência e fidelidade. Dependa do Espírito para salvar e santificar almas, lembrando a máxima de McCheyne: “Não são grandes talentos que Deus abençoa tanto quanto a grande semelhança com Jesus. Um ministro santo é uma arma terrível nas mãos de Deus” (R. M. McCheyne para Dan Edwards, 2 de outubro de 1840).

Os pastores comuns têm o privilégio único de deleitar-se com a verdade de que “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes […] a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus” (1 Co 1.27-29). Nós, os mais tediosos, podemos nos deleitar de maneira única com a verdade de que guardamos o tesouro do evangelho “em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Co 4.7). Isso, pastor comum, é a sua glória: ver Deus operar seu poder supremo em e através de seu ministério, apesar de suas fraquezas semelhantes a potes de barro, ou mesmo por causa delas.

O Espírito usa meios ordinários da graça para realizar obras extraordinárias, e Cristo usa mordomos ordinários dessa graça para intermediar influência extraordinária para o seu reino. Tal conquista duradoura nunca é efetuada pelo poder da personalidade de alguém. Nunca. É efetuada somente pelo poder do Deus vivo para salvar e transformar almas. Diante de seu trono eterno, e em sua presença gloriosa, nos gloriaremos apenas nele. Para sempre.

 

Por: Dan Miller. © 9Marks. Website: 9makrs.org. Traduzido com permissão. Fonte: Good News, Ordinary Pastor! You Don´t Need a Winning Personality 
© Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Tradutor: Julia Maria S. Martins. Editor: Vinicius Lima. Revisor: Pedro Henrique Lima de Oliveira.


Autor: Dan Miller

Dan Miller é pastor efetivo da Eden Baptist Church em Burnsville, Minnesota.

Parceiro: 9Marks

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O ministério 9Marks tem como objetivo equipar a igreja e seus líderes com conteúdo bíblico que apoie seu ministério.

Ministério: Ministério Fiel

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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