segunda-feira, 25 de novembro
Home / Artigos / A providência sobre a vida e a morte
morte

A providência sobre a vida e a morte

Um banho da verdade e o alvo final da morte e sua derrota

O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro Providência, de John Piper, Editora Fiel.

Estamos envoltos numa névoa obscura de ideias equivocadas sobre vida e morte. Essa névoa nociva é invisível e inescapável. Penetra nossa mente e nosso coração. É formada parcialmente por Satanás (“É certo que não morrereis” — Gn 3.4), parcialmente pelo pecado (“Comamos e bebamos, que amanhã morreremos” — 1Co 15.32) e parcialmente pela cultura (“Sustentamos que estas verdades são autoevidentes: que todos os homens […] são dotados por seu Criador com certos Direitos inalienáveis, entre os quais estão Vida […]” — Declaração de Independência). As pressuposições de que a vida consiste basicamente no presente fôlego de oitenta anos e, ao morrermos, tudo acaba, e de que a vida nos pertence para fazermos dela o que bem quisermos tornam difícil para o homem ver a vida da maneira como a Bíblia a vê. Os capítulos 23 a 25 se apresentam como um choque profundo para aqueles que não se libertaram das ilusões do mundo para o ar revigorante da palavra de Deus.

Entrando num banho da verdade bíblica

Admitindo que todos estamos envoltos em névoas enganadoras pelas quais caminhamos neste mundo, talvez seja bom começarmos este capítulo simplesmente mergulhando num reservatório purificador de verdade bíblica e nos molharmos ali por alguns instantes. Talvez alguns dos esplendores genuínos da vida possam penetrar através da camada de insensatez que se formou com o passar dos anos.

Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo (1Co 15.55-57).

Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida (Hb 2.14-15).

Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória. Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre (Sl 73.24-25).

Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo (Jo 17.24).

Ó Deus […] a tua graça é melhor do que a vida (Sl 63.1, 3).

Para mim […] o morrer é lucro […] tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.21, 23).

Sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor […] preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor (2Co 5.6, 8).

Não temas os que matam o corpo e não podem matar a alma (Mt 10.28).

Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita (Rm 8.11).

O qual [Jesus] transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder ele tem de até subordinar a si todas as coisas (Fp 3.21).

A própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus (Rm 8.21).

Na tua presença [ó Senhor] há plenitude de alegria; na tua destra, delícias perpetuamente (Sl 16.11).

Quando saímos dessa imersão de verdade bíblica, se o Espírito de Deus a fez penetrar em nosso coração, a doçura que permanece terá, pelo menos, sete aspectos. Embora a morte seja real, (1) Cristo a venceu por meio de sua morte e ressurreição; para que (2) aqueles que o valorizam não precisem temer os que matam o corpo, (3) porque, naquele momento, estaremos com Cristo, contemplando sua glória, desfrutando seu amor, sentindo-nos em casa, até o dia de sua aparição, quando, então, (4) ele ressuscitará nossos corpos dentre os mortos, (5) nos dará um corpo semelhante ao seu corpo glorioso, (6) renovará toda a criação como a nossa habitação eterna e (7) nos introduzirá na plenitude de alegria e prazeres para sempre, no brilho de sua presença gloriosa. Isso é realidade revigorante.

O alvo final da morte e sua derrota

Por toda a eternidade, os redimidos cantarão os louvores da glória da graça de um soberano que experimentou e venceu a morte. Em uma de suas visões, o apóstolo João sentiu-se como morto diante do soberano, que lhe disse:

Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno (Ap 1.17-18).

Isso será uma grande parte da glória de Cristo para sempre — que ele morreu, que ele vive e que, portanto, as chaves da vida eterna e da morte estão em suas mãos. Para sempre, cantaremos a respeito de sua morte e de seu triunfo sobre a morte. “Digno és de tomar o livro […] porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9). Para sempre, Jesus será “coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem” (Hb 2.9). O Pai ama o Filho com um deleite especial porque ele suportou e venceu a morte: “Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir” (Jo 10.17). Por causa desse sofrimento e morte em favor de pecadores, o Pai “o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome” (Fp 2.9).

A glória do Filho de Deus não é que a morte tenha aparecido e o agarrado repentinamente, mas que ele venceu o intruso. A morte não o agarrou repentinamente. Não se intrometeu em seus planos. Ele agarrou a morte. A morte serviu aos planos do Filho de Deus. Ele destruiu a morte — não por escapar da intrusão da morte em sua vida, mas por se introduzir na morte e matá-la a partir do interior e sair vitorioso.

Eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai (Jo 10.17-18).

Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei (Jo 2.19).

Cristo entrou na morte voluntariamente. E dela saiu voluntariamente. Ele escolheu o momento de morrer (Lc 13.32) e escolheu o momento de ressuscitar (Mc 10.34). A morte nunca teve a supremacia. Ela tinha essa aparência somente para o mundo (1Co 2.8). A escolha de morrer, como mostramos mais completamente no Capítulo 12, não foi feita depois que o pecado e a morte entraram no mundo por meio da queda de Adão (Rm 5.12). Foi feita “antes da fundação do mundo”. Sabemos disso, entre outras razões, porque havia um livro na eternidade passada cujo nome era “Livro da Vida do Cordeiro que foi morto” (Ap 13.8). O plano de que o Cordeiro de Deus fosse morto por pecadores e, assim, vencesse a morte não foi um plano B, como se o pecado e a morte tivessem anulado o plano A. O louvor da glória de Cristo, manifesta supremamente em morrer e destruir a morte por seu povo, era o plano eterno e o propósito de tudo que tem chegado a acontecer na providência pervasiva de Deus.

 

Veja mais artigos sobre este livro de John Piper CLICANDO AQUI.

Conheça os muitos livros de John Piper pela Editora Fiel – CLIQUE AQUI.


Autor: John Piper

John Piper é um dos ministros e autores cristãos mais proeminentes e atuantes dos dias atuais, atingindo com suas publicações e mensagens milhões de pessoas em todo o mundo. Ele exerce seu ministério pastoral na Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, MN, nos EUA desde 1980.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

Veja Também

Intimidade, não religiosidade

Cristianismo não é esforço religioso. Cristianismo é relacionamento pessoal com o Deus vivo.