O novo missionário que tem certeza de seu chamado dificilmente pode deixar de esperar ver milagres quando chega ao lugar de serviço. Amy Carmichael tivera um vislumbre, por meio de seu trabalho com as Xalis[i], de como a “outra metade” vivia, havia experimentado o que é ser uma pessoa diferente que apresentava uma mensagem pouco crível, e sabia que de maneira alguma todos que a ouviam achavam-na interessante, tampouco convincente. Entretanto, Amy vira algum fruto. Deus honrara a sua fé e seu trabalho de amor; e houve muitos “troféus” da graça para mostrar. Certamente, no Japão, onde a necessidade era muito mais acentuada, ela poderia esperar milagres e troféus ainda maiores; e orava por eles. Trabalhava por eles tão arduamente quanto podia. Ela acreditava nas promessas de Deus. Porém, repetidas vezes, suas cartas expressam sua conscientização da fraqueza de sua própria fé e do tremendo poder dos obstáculos a serem removidos. O paganismo era uma presença sentida, não mais irresistível do que um carnaval do Ocidente ou um matsuri. Amy desejou poder descrever essa cena com uma caneta-tinteiro de fogo — ou mesmo com uma caneta-tinteiro do sangue de seu próprio coração, se isso fosse o necessário para despertar da letargia as pessoas em sua terra.
Estamos viajando juntas em uma kuruma[ii], uma moça japonesa e eu, girando ao longo de ruas desertas, escuras e quietas. Ouvimos o soar da bateria, o tinido de címbalo, o murmúrio de milhares de vozes. De repente, o murmúrio irrompe num berro, e nós estamos no meio de tudo isso, presas no turbilhão, arrastadas pelas ruas que brilhavam, todas, com luzes carmesins, por sobre pontes refletidas em águas iluminadas de cor carmesim e sob arcos que gotejavam fogo carmesim. Foi como se as estrelas tivessem caído sobre a terra, mudando de cor à medida que caíam. Um prorromper da “orquestra de Nabucodonosor”, com intensidade plena, abafa as nossas vozes; deveríamos tentar falar? […] Para adiante se apressa a poderosa turba — homens e mulheres em vestimentas trocadas e cores bregas rodopiam e, misturando-se com formas de monstros assombrosos, dançam a descontrolada dança do matsuri, com abandono inconcebível; cada passo, uma paródia; cada gesto, uma caricatura. Há dragões, grifos, répteis, peixes e pássaros, todos dançando, fãs acenando, gritando, uivando, cantando, fazendo barulho de uma forma ou de outra, em coro perfeitamente desconcertante. Velhas mostrando as rugas através da pintura, bebês envolvidos em tons do arco-íris, fitando com olhos admirados, crianças alegres como borboletas e como por encanto, homens de boa posição em máscaras grotescas, mulheres de ordem nobre esquecendo todo requinte no estranho glamour do momento — continuamente e sempre adiante, eles seguem em multidão. […] Um carro enorme está vindo, puxado por muitos festejadores, enfeitado com flores e ouropel, envolvido com correntes de luz. Em pé dentro dele, e andando antes e depois, estão moças vestidas de seda e crepe, em tons pálidos de azul e rosa, brilhando com bordados de ouro e prata. Faces pálidas, sem expressão, elas têm, mortas, vazias, sem alegria; seus olhos pesados e meio fechados quase não vislumbram a festança ao seu redor. Os pés fatigados avançam lentos. Vamos embora desoladas, porque isso é realmente o paganismo. O homem de nosso kuruma fala: já vimos o bastante? Sim, e muito mais. Ele nos leva para casa, e deixamos ao longe o caos de som, cor e júbilo — tudo vazio e pecado, tudo trevas; e, no silêncio de uma dor que não podemos vencer, nos achamos de espírito abatido, sem qualquer linguagem, exceto choro.
A paixão dos apelos de Amy por oração e entendimento, a vivacidade com que ela procurava retratar aquilo contra o que ela se opunha foram inspiradas por uma convicção genuína de que a obra para a qual fora chamada era de Deus, sem dúvida alguma, e não poderia ser feita sem a ajuda do povo de Deus — “guerreiros de oração” que compartilhariam a amargura da batalha com ela. Havia outra amargura que provavelmente aumentava a urgência. Chegaram-lhe, da Inglaterra, rumores de críticas contínuas sobre ela ter ido para o Japão. Isso corromperia as orações de que ela precisava tão urgentemente. Por isso, Amy lembrou a seus amigos seu chamado em 1892: “Vai”, e em 1893: “Vai para o Japão.” Ela confessou que cometera alguns erros durante o ano entre esses chamados, erros cometidos em parte devido ao temor de que, se não soubesse imediatamente para onde deveria ir, a força para obedecer malograria, e a luz do sorriso do Senhor desapareceria. “Por isso, tentei e tentei — e falhei. O Senhor teve de nos ensinar a aquietar-nos e saber. Depois, quando o seu tempo chegou, a sua vontade se tornou clara.” Ela pediu a seus patrocinadores que acreditassem ser a mão constrangedora de Deus que a havia convocado para longe, que era a voz de Deus que não a deixaria ficar. “Por favor, por favor, aquilo que vocês não podem aprovar, não o perdoarão? Não deixem que se perca a ajuda da oração, que Deus tenciona nos deem, pois necessitamos tanto dela.”
Uma experiência, em específico, mostrou quão grandemente ela necessitava de oração. Bem cedo em determinada manhã, disseram-lhe que um homem da vizinhança estava possuído por um “espírito de raposa”. Esse espírito era adorado no Japão, santuários eram dedicados a ele, e raposas de pedras eram frequentemente colocadas ao lado de Budas. O que esse demônio fazia ao pobre homem se parecia muito com as histórias do Novo Testamento — “e este, onde quer que o apanhe, lança-o por terra, e ele espuma, rilha os dentes”.[iii] Amy foi diretamente para o seu quarto e perguntou ao Senhor por que não podia expulsar o espírito maligno. “Por causa de sua incredulidade”, foi a resposta. Ela passou horas de joelhos antes de perguntar a Misaki San se ela acreditava que o Senhor Jesus estava disposto a expelir o demônio do homem. Misaki San ficou assustada, mas, depois de pensar um pouco e orar, declarou que acreditava. O impulso de Amy foi o de ir imediatamente, mas lembrou que os discípulos foram instruídos de que expelir um demônio como aquele exigia jejum e oração. Por isso, ela e sua amiga fizeram ambos, enviando, enquanto isso, uma mensagem perguntando se lhes seria permitido ver o homem. Sim, foi a resposta, mas ele estava frenético. Tinha seis raposas e estava amarrado.
Depois de algumas horas, sobre as quais Amy disse apenas que foram solenes, as duas foram até à casa. Estirado no chão, amarrado transversalmente em duas traves, atado e preso com correias nas mãos e nos pés, seu corpo coberto de queimaduras e feridas, ali estava o homem. Pequenos cones de medicamento em pó haviam sido colocados em sua pele e acesos. Queimavam lentamente com um brilho vermelho. Nada havia até então atemorizado os espíritos de raposa, mas Amy recordou que o poder de Deus vencera um demônio cujo nome era Legião. Ela disse à multidão na sala que o seu poderoso Senhor, Jesus Cristo, poderia expulsar os seis espíritos. Ante o nome de Cristo, um terrível paroxismo se apoderou do homem, poder infernal foi liberado, e blasfêmias que até ela pôde reconhecer como blasfêmias jorraram da boca do homem. Ele lutou, foi controlado forçosamente, as mulheres se ajoelharam e oraram, a luta aumentou. Satanás parecia estar zombando delas. “Você pode pensar como eu me senti na ocasião?”, escreveu Amy. “O nome do Senhor desonrado entre os pagãos, e eu fiz isso! Teria sido muito, muito melhor nunca ter ido!” Mas ela ouviu a resposta do Pastor: As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: em meu nome, expelirão demônios. Não temas, porque eu sou contigo.[iv]
Amy assegurou à esposa que Deus responderia; e as duas foram para casa. Uma hora depois, uma mensagem chegou — as raposas tinham ido embora, os laços foram removidos, o homem era ele mesmo novamente. Na manhã seguinte, ele pediu para ver Amy e Misaki San. Irreconhecível, exceto pelas queimaduras, ele lhes ofereceu um ramo de flor de romã escarlate e água gelada adocicada. Ele e sua esposa se ajoelharam alegremente com as mulheres, quando elas oraram, unindo-se com “Hai! Hai!” (sim, sim).
As cartas de Amy para a revista de Keswick, A vida de fé, são cheias de histórias de oração respondida. Uma carta fala sobre um homem e um rapaz que discutiam frequentemente a afirmação dos cristãos de que Deus responde à oração. Não, não podia ser. Mas um dia o rapaz estava encarregado de entregar os bolos para um casamento. Ele os levava com muito cuidado, mas, ao descer de uma sampana, um temor penetrou sua mente — algo aconteceria aos delicados bolinhos. Alguns minutos depois, ele tropeçou e os derribou. Não havia tempo para retornar e buscar mais, nem mesmo tempo para abrir as frágeis caixas. O que ele deveria fazer? Pensou no Deus dos cristãos e, lá, na estrada, fez sua primeira oração: “Por favor, não deixe que nenhum destes bolos se quebrem.” Foi somente quando a cerimônia de casamento acabou que os convidados receberam caixas de bolos rosa e brancos em forma de leque. Nenhum deles estava quebrado.
Depois o rapaz voltou para seu amigo. “Agora, eu sei que Deus ouve a oração, porque ele me ouviu.”
Certo dia, Amy deu um Novo Testamento a um estudante que o pegou e disse: “Será uma semente.” Sementes precisam ser regadas. A oração é a água, e Amy orou. No outro lado do mundo, outro estudante, lendo uma carta de Amy que pedia oração em favor do estudante japonês, “colocou-se em oração por cinco minutos consistentes”. Era Paget Wilkes, um universitário em Oxford na época, que foi para o Japão, trabalhou em Matsue e levou a Cristo o estudante em favor do qual havia orado.
Uma percepção do entendimento de Amy quanto à oração é dada em sua história do que aconteceu em Hirosi. Esse era um grande vilarejo budista onde oito ou nove cristãos brilhavam “como estrelas à noite”. Amy planejou visitar o vilarejo, mas queria se preparar orando de acordo com o que Deus tencionava fazer lá. Se pudesse ter certeza disso, poderia orar com fé. Anos mais tarde, ela descobriu que Juliana de Norwich tivera um ponto de vista semelhante quanto à oração: “Eu sou o fundamento do teu suplicar; primeiramente, é a minha vontade que precisas ter; e, depois, eu te faço querê-la; e, depois, eu te faço suplicá-la, e tu a suplicas! Como, então, pode acontecer que não tenhas o teu suplicar?”
Enquanto orava, Amy se sentiu “pressionada em espírito” a pedir uma alma, uma única alma. No dia seguinte, ela foi para Hirosi com Misaki San, e um jovem tecelão de seda “cruzou a linha” — tornou-se um cristão — naquela noite. Um mês depois, elas foram de novo. Dessa vez foram duas almas pelas quais elas oraram. O tecelão de seda levou um amigo que “achou paz”, e uma senhora idosa se voltou para o Senhor. Duas semanas se passaram. Elas foram de novo. E de novo perguntaram a Deus o que ele queria fazer. E a resposta foi que quatro almas deveriam cruzar a linha. Por esse tempo, os outros missionários em Matsue tinham se unido em oração. Um dos homens sentiu que era um pouco demais pedir quatro almas, mas concordou em pedir duas. A situação não parecia encorajadora quando as mulheres chegaram lá. Ninguém na cidade parecia interessado no mínimo.
O diabo atirara seus habituais dardos de dúvida: “Você não pode esperar conversões toda vez. Isso é muito presunçoso. Considere voltar para Matsue de mãos vazias etc.”
A situação foi enormemente complicada por Amy ter apresentado o que ela pensou ser uma sugestão incontestável: que os novos convertidos deveriam queimar seus ídolos. Queimar seus ídolos? Impossível tornar conhecido que os cristãos têm de fazer isso — isso repeliria todos os interessados. Amy foi inflexível, encarando o que ela designou “o lado Calvário da obra, uma coisa a ser vivida sozinha com o Cristo do Calvário”. Eles “fizeram uma reunião de oração em favor dela”, pedindo que o Senhor abrisse seus olhos e lhe mostrasse a tolice de transgredir um costume japonês. Então, lhe imploraram que não mencionasse os ídolos novamente. Mas a verdade era mais estimada do que o sucesso.
Eu não podia aceitar uma alma ao custo de sacrificar a verdade. O fato de que muitos poderiam recuar e provavelmente recuariam não podia ser uma prova de que esse procedimento fosse errado, porque em João 6.66 lemos: “À vista disso [o proferir do discurso ‘duro’], muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.” O servo não é maior do que seu Senhor.
Na reunião daquela noite, as pessoas observaram, sorriram e não sentiram nada. Parecia uma prisão de espíritos escarnecedores. Amy estava prestes a acabar, quando uma mulher disse: “Eu quero crer.” Depois, seu filho se aproximou e se ajoelhou. No caminho de volta da reunião, Amy parou na casa de cristãos que tinham um amigo esperando para perguntar a Amy sobre o caminho da salvação. Aquele amigo era o número três. Onde estava o número quatro? “Ora”, disse um homem, “tem de ser a minha esposa. Ela quer ser uma pessoa de Jesus, mas está fora, em seu próprio vilarejo.” Ela retornou cedo na manhã seguinte e confessou, diante de seus parentes, seu desejo de ser cristã.
Por semanas seguidas, Amy sentiu uma irresistível pressão divina de pedir e receber de acordo com 1 João 5.14-15: “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito.” Qual seria a petição desta vez? Oito almas de Hirosi. De novo, houve resistência da parte dos cristãos lá. Pedir algo que eles não recebiam seria “um acontecimento muito ruim”. Amy não tinha dúvida de que Deus queria dar as oito almas, e se ofereceu a permanecer um pouco mais para dar tempo ao Senhor. Não, eles não poderiam talvez arranjar mais reuniões. Por isso, Amy, não disposta a render-se, leu promessas de oração. O querido e velho subpastor, um homem de “ambiguidade e circunlocução perfeitamente gladstoniana”, argumentara com Amy sobre toda questão que surgira, e toda a sua alma protestara contra os imperativos categóricos dela. Desta vez, ele viu que os protestos seriam fúteis. Ele se levantou devagar e falou devagar: “Você é alguém que anda com Jesus; se a voz dele lhe falou, embora não nos tenha falado, nós creremos.” A confiança deles em Deus, maior talvez do que em Amy, foi recompensada. Pela misericórdia de Deus (ele sabe a medida de fé que deu a cada um), mais oito “estrelas” brilham agora em Hirosi. Posteriormente, na Índia, carregando responsabilidades muito grandes que exigiam tomada de decisão, Amy se lembrou das palavras do subpastor e foi fortalecida em sua resolução quando seus colegas de trabalho questionaram seu julgamento.
E na visita seguinte, quantos seriam? Dezesseis? Não. Nenhum número foi “fixado no” coração de Amy. Foram para Hirosi, tiveram as reuniões habituais, oraram juntos com todos os cristãos de lá, algumas pessoas chegaram a Jesus, mas Amy não sabia quantas. “Partimos em um tipo de silêncio cantante.”
Quando escreveu sobre a história de Hirosi para seus “filhos”, Amy reconheceu, de maneira velada, que sofrera dores por causa daqueles cristãos. Ela não explicou. “Não acho que seja um assunto sobre o qual devo falar.”
Quatorze anos depois, o sobrinho de Barclay Buxton se juntou a ele em Matsue. Ele visitava Hirosi com frequência e descobriu que os convertidos do tempo de Amy ainda estavam arraigados firmemente na fé.
Santidade completa, pura e cristalina, era o desejo de Amy Carmichael. Ela não entendia como qualquer cristão verdadeiro pode ter um desejo menor. “Se não somos puros enquanto carregamos os vasos do Senhor”, ela escreveu em maio de 1894, “podemos profanar seu nome santo nas coisas que consagramos. Nosso próprio serviço se torna algo profanador! […] A necessidade do Japão: profetas nativos que possam ousar e ousarão, à semelhança de Elias, permanecer sozinhos por Deus, anunciando sua Palavra fielmente, para que essa Palavra seja como um fogo, como um martelo, distinguindo, para a solidão vitalícia, o homem que é ‘a Voz’.”
Ela mesma deu o exemplo e pagou o preço, às vezes em conflito com seus colegas crentes, tanto europeus quanto japoneses. A questão de usar retratos de Cristo, uma prática comum entre missionários, era impensável para Amy. Ninguém, ela pensava, tinha o direito de presumir imaginar Deus Filho. Quem poderia separar a humanidade da Divindade? Ela evitava, em temor, esse solo sagrado e lembrava aos que discordavam que os apóstolos tinham evitado tudo que apelava aos sensos, crendo apenas no poder da Palavra. A igreja, ela disse, recorria a retratos apenas quando o seu poder tinha desaparecido.
Amy ficava horrorizada ante a mera sugestão de alguém escolher a obra missionária porque era nobre e magnífica ou um campo missionário porque era agradável. Como pessoas em sua terra podiam escrever sobre uma reunião missionária “prazerosa”? Não tinham absorvido nada das necessidades não satisfeitas, dos clamores não ouvidos, das tristezas não consoladas? Não participavam de nada, senão do chá e bolo, da conversa e da oportunidade de examinar raridades exóticas e, depois, dizerem, eles mesmos, que faziam tudo que se podia esperar deles?
A obra missionária é um grão de areia, a obra ainda não atingida é uma pirâmide. […] Encare isso. Olhe e ouça, sozinho com Deus. Então, vá, deixe ir, ajude a ir. Mas nunca, nunca, nunca pense que algo aquém disso é ser “interessado em missões”. Nunca, até que este ponto seja alcançado e ultrapassado, se iluda, de maneira alguma, crendo que você se importa.
A própria experiência de Amy em Keswick foi tudo, menos “prazerosa”. A tenda, lotada e tranquila. Onda após onda de oração silenciosa, erguendo-se solenemente a Deus. “Palavras de soldados” breves e fervorosas, proferidas por almas de soldados. Batalhas silenciosas sendo travadas no interior da alma. Uma longa quietude. Um clamor como de dor, inevitável, exigindo uma resposta. Amy tinha dado sua resposta e, em inúmeras ocasiões, no campo, precisou reconsiderar seus motivos. Um jovem missionário lhe disse certa vez: “Eu iria para casa amanhã se eu pudesse. Tudo é um desapontamento miserável, e eu pensava que tudo seria tão excelente.” Ela rogou a seus amigos, a suas amigas e a seus sobrinhos na terra natal que considerassem o clamor e o chamado, aceitassem todos os testes de qualquer tipo, antes de cruzarem os oceanos, e aprendessem a morrer para o ego em qualquer aparência ou forma. A experiência lhe havia ensinado que poderia não sobreviver às tempestades sem a âncora do amor constrangedor de Cristo e o que ela chamava “Consciência Inabalável” da promessa que lhe fora dada: “Ele vai adiante de ti.”
O artigo acima é um trecho adaptado e retirado com permissão do livro Amy Carmichael: um legado de renúncia e entrega, de Elisabeth Elliot, Editora Fiel (em breve).
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[i] “Xalis”, moças operárias que, sendo tão pobres para comprar chapéus, cobriam a cabeça com “Xales”.
[ii] Riquixá japonês. O riquixá é um meio de transporte de tração humana em que uma pessoa puxa uma carroça de duas rodas onde acomodam-se mais uma ou duas pessoas.
[iii] Marcos 9.18
[iv] 2 João 10.27; Mateus 28.18; Marcos 16.17; Isaías 41.10.