O lado certo da história” ou “o lado errado da história”. Ouvimos essas frases sendo disseminadas em relação a todos os tipos de questões e posições políticas e sociais. O que as pessoas querem dizer quando falam sobre estar do lado errado da história? Acho que elas querem dizer que a opinião dominante entre as pessoas em uma época futura julgará que uma determinada ação ou atitude está errada. Contudo, há uma suposição nisso, não há? Pressupõe-se que a história é uma força moral em si mesma e que este mundo sempre progride em direção ao que é bom, belo e verdadeiro. Pressupõe-se que a opinião da maioria em um determinado momento é o que determina essas coisas. E acho que sabemos que não é bem assim, não é mesmo?
Porém, existe um certo valor em considerar o que significará estar do lado certo da história, não meramente no próximo ano, na próxima década ou no próximo século, mas no fim da história da humanidade como a conhecemos. Essa é uma consideração válida, pois estar do lado errado quanto ao destino para o qual a história se encaminha apresenta consequências significativas. Consequências eternas.
Na realidade, não é difícil saber o que significará estar do lado certo ou do lado errado da história quando a história humana como a conhecemos chegar ao fim. Qualquer um que tenha lido o terceiro capítulo de Gênesis sabe exatamente de onde vieram os problemas que temos neste mundo e exatamente como nossos problemas serão resolvidos. Gênesis 3.15 é como uma placa de néon que declara com exatidão como estar do lado certo da história a qualquer um que atenda à sua sabedoria. Gênesis 3.15 diz que o descendente da mulher, um dia, esmagará a cabeça do descendente da serpente. Ele colocará um fim ao mal. Até esse dia, haverá conflito entre a descendência da serpente e a descendência da mulher. Não há dúvida, porém, sobre quem será o vitorioso supremo.
Estar do lado certo da história é estar do lado do vitorioso, o descendente da mulher, o Cordeiro, o Rei, aquele que, de acordo com a passagem diante de nós, é chamado de “Fiel e Verdadeiro”, “Verbo de Deus”, o “Rei dos reis” e o “Senhor dos senhores”. E estar do lado errado da história é estar coligado com o descendente da serpente, o dragão, a besta e o falso profeta, o acusador, o enganador, o diabo.
A passagem que vai de Apocalipse 19.11 até 20.15 retrata, em detalhes vívidos, como o conflito que começou no jardim e tem sido travado ao longo da história da humanidade chegará à conclusão e ao seu clímax final. De fato, temos testemunhado o esmagar da descendência da serpente nos capítulos que culminaram nesses que agora consideramos. No capítulo 17, vimos a grande meretriz destruída. No capítulo 18, testemunhamos a queda da Babilônia. Nos capítulos 19 e 20, testemunharemos a destruição final da trindade profana que conhecemos nos capítulos 12 e 13 — o dragão, a besta, o falso profeta — e de todos que deram sua lealdade a ela. É possível que sejamos tentados a pensar que essas coisas ocorreram de forma sequencial por terem se sucedido no registro de João. Porém, é mais provável que João simplesmente mova a câmera para filmar a mesma cena a partir de diversos ângulos, a fim de sermos capazes de ver a derrota final do mal a partir de várias perspectivas. Quando isso acontecer, todos aqueles que, em decorrência de sua união com Cristo, venceram o mundo, a carne e o diabo provarão indiscutivelmente terem estado do lado certo da história, ao mesmo tempo que começamos uma eternidade desfrutando do Rei, vivendo para sempre no reino dele.
Compartilhando da ressurreição
Estar do lado certo da história significará compartilhar da ressurreição de Jesus em vez de sucumbir à segunda morte:
Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não rece- beram a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aven- turado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacer- dotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos. (Ap 20.4-6).
João vê tronos. E precisamos nos perguntar: onde estão localizados esses tronos? Ao longo de Apocalipse, os tronos estão no céu. Logo, sabemos de imediato que essa cena é celestial, e não algo que ocorre na terra. Ele vê almas, não pessoas que são corpo e alma. Essas são as almas das pessoas que mantiveram seu testemunho de Jesus até o último suspiro. Para elas, esse último suspiro era simplesmente uma passagem para reinar com Cristo no céu.
Imagine o conforto que deve ter sido para os crentes das sete igrejas, os quais assistiram à morte de pessoas que eles amavam por causa da fidelidade delas a Jesus, contemplar com os olhos e o coração a imagem desses santos reinando com Cristo no céu. Isso os teria encorajado em seu próprio testemunho, na medida em que devem ter reconhecido que o sofrimento por Jesus na terra resulta em reinar com Cristo no céu.
João descreve como “a primeira ressurreição” a elevação das almas dos crentes à presença de Cristo para reinar com ele, indicando que uma segunda ou última ressurreição está por vir. Quando Jesus voltar a esta terra, as almas daqueles que estão reunidos com ele no céu virão juntamente com ele. Ele chamará o pó de nosso corpo para fora dos túmulos e, a partir desse pó, moldará para nós um corpo glorioso, à semelhança do seu próprio corpo glorioso. Neste momento, há apenas um ser humano que tem um corpo glorificado. No entanto, ele é apenas o primeiro. Está chegando o dia em que seremos novamente corpo e alma, mas, dessa vez, com um corpo que nunca morre.
Aqueles que não estão em Cristo nunca experimentam essa primeira ressurreição da alma na presença de Cristo. Eles serão ressuscitados apenas uma vez, na vinda de Jesus, para ficar diante dele no julgamento. Naquele dia, ficará muito claro o que significa estar do lado certo da história.
Este artigo é um trecho adaptado do livro As bençãos do Apocalipse, de Nancy Guthrie, Editora Fiel.
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