Jen Wilkin disse, em uma de suas aulas, que Deus está muito mais interessado no coração de quem toma a decisão do que na decisão em si[1].
A princípio, essa frase pode causar estranhamento. Como assim Deus não está interessado em minha decisão sobre com quem vou me casar, a faculdade que farei, o emprego que escolho ou o tipo de parto que terei?
Entenda bem. Deus se importa, sim, com essas questões, porque ele se preocupa com cada detalhe da nossa vida. Mas o que essa frase quer dizer é que essas não são as questões mais essenciais para Deus. Para ele, as questões mais importantes são pureza, firmeza doutrinária, compaixão, alegria, hospitalidade, fidelidade, testemunho, fé, ou seja, como está o coração de quem toma as decisões. Isso é o mais importante para Deus. E o problema é que tendemos a concentrar a nossa atenção em todas as outras coisas, e não nessas! Nas palavras de DeYoung, “ficamos obcecadas com coisas que Deus talvez nunca mencione, enquanto gastamos pouco tempo nos preocupando com todas as coisas que Deus já nos revelou na Bíblia”.[2] Na verdade, gastamos nossas energias tentando resolver questões que, por não serem em si um dilema entre pecar ou não pecar, nem mesmo importam tanto![3]
Mas como assim? Como assim tanto faz se eu trabalho numa casa de jogos da sorte ou em um hospital? Não, aí você entendeu errado, porque esse tipo de instrução a Bíblia dá a você, em sua vontade preceptiva. Mas, dentro do que nos é ensinado como preceito, as opções que continuam existindo são as de natureza fora da ética, aquelas chamadas “áreas cinzentas”. Não é uma opção entre “peco ou não peco”. Então, entenda: escolher entre uma carreira em Veterinária ou Economia é uma decisão que não envolve ética e, nesse sentido, tanto faz — a não ser que seus motivos não estejam corretos (o coração de quem decide).
Se você estiver motivada pela coisa certa e fizer a coisa certa, então muitas das escolhas sobre o seu trabalho não serão decisões morais. Desse modo, portanto, você tem liberdade! Um coração que busca em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, que ama a Deus acima de todas as coisas e busca servir a ele em tudo que fizer, estendendo esse amor e esse serviço ao próximo, buscará tomar decisões com sabedoria. E, para isso, você tem a Bíblia, que está repleta de princípios.
Este artigo é um trecho adaptado do livro Toda mulher trabalha, de Naná Castilho e Claudia Lotti, Editora Fiel (em breve).
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[1] Jen Wilkin, Redeeming the Time Discerning and Doing God’s Will in the Last Days. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VHjE6FsEoKE.
[2] Kevin DeYoung. Faça alguma coisa: uma abordagem libertadora para descobrir a vontade de Deus (São Paulo: Cultura Cristã, 2018).
[3] Heber Campos Júnior, em seu livro Tomando decisões segundo a vontade de Deus, apresenta o termo adiáfora como o mais utilizado no meio teológico para se referir a assuntos que são moralmente neutros para o cristão: nem obrigatório, nem proibido. Reconhecemos que existem orientações na Bíblia acerca do papel da mulher, e somos ambas, Naná e Claudia, de visão complementarista. Entendemos e reconhecemos a primazia e a prioridade da família e do lar a toda mulher cristã, mas também vemos a escolha sobre exercer ou não uma atividade remunerada, dentro ou fora do lar, como um assunto adiáfora, um assunto a ser pautado por princípios de sabedoria bíblica e de acordo com as prioridades por ela pautadas, mas cuja resposta não pode ser universa- lizada nem ampliada, igualmente, a todas as mulheres.