Relacionamentos pessoais de discipulado
Um dos usos mais bíblicos e valiosos de seu tempo, como pastor, será o cultivo de relacionamentos pessoais de discipulado, nos quais você se encontrará regularmente com pessoas, uma a uma, para fazer-lhes o bem espiritual. Uma das ideias é convidá-las para almoçar com você, depois do culto matinal de domingo. Aqueles que expressarem interesse em atender ao convite e ao almoço, estão abertos a se reunirem outras vezes. À medida que você os conhece, pode sugerir-lhes um livro para que leiam juntos, você e cada um deles, e o discutirem ao fim de uma semana, uma quinzena ou conforme lhes for possível. Frequentemente, isso faz que outras áreas da vida da pessoa se tornem acessíveis à conversa, encorajamento, correção, responsabilidade e oração. Contar ou não às pessoas que você as está discipulando é irrelevante. O objetivo é conhecê-las e amá-las de uma maneira distintivamente cristã, por fazer-lhes o bem espiritual. Comece a exercer o interesse e o cuidado pessoal por outros.
Esta prática do discipulado pessoal é proveitosa em vários sentidos. Evidentemente, isso é algo bom para a pessoa discipulada, porque ela está recebendo encorajamento e conselhos bíblicos de alguém que talvez esteja um pouco mais à frente, tanto no que se refere às etapas da vida como à caminhada com Deus. Portanto, deste modo, o discipulado pode funcionar como outro canal por meio do qual a Palavra pode fluir no coração dos membros da igreja e ser vivenciada no contexto de uma amizade pessoal. Também é bom para aquele que discipula, quer seja ele um pastor remunerado, quer seja um membro comum da igreja, porque o encoraja a pensar no discipulado não como algo que somente os supercrentes fazem, mas também como algo que faz parte de seu próprio discipulado em Cristo. Essa é, em grande parte, a razão por que você, como pastor, se mostrará sábio ao ponto de encorajar publicamente os membros a se reunirem para uma refeição, durante a semana, com um membro mais velho ou mais novos, e travarem conversas espirituais acerca de livros que abordam a teologia e o viver cristão. Os membros precisam saber que a maturidade espiritual não consiste apenas de horas silenciosas, e sim do amor deles para com o outro crente e das expressões concretas desse amor.
Um resultado saudável de membros comuns discipulando outros membros é que isso promove o cultivo crescente de uma comunidade distintivamente cristã, na qual as pessoas amam uma às outras não somente como o mundo as ama, mas também como seguidores de Cristo que buscam entender e viver, juntos, as implicações da Palavra de Deus para suas vidas. Esse tipo de relacionamento conduz tanto ao crescimento espiritual como ao numérico.
Um resultado saudável de sua atitude pessoal de discipular outros membros é que isso o ajuda a romper resistências defensivas à sua liderança pastoral. A mudança sempre enfrentará resistência. Mas, à medida que você abre a sua vida para outros, e eles começam a perceber que você está realmente interessado neles (2Ts 2.1-12), provavelmente o verão como um amigo interessado, um mentor espiritual e um líder piedoso. E dificilmente interpretarão suas iniciativas graduais que visam mudança bíblica como conquista de poder, engrandecimento pessoal e negativismo exageradamente crítico. Desenvolver esse tipo de relacionamento faz com que eles tenham conhecimento pessoal de você; e esse conhecimento é proveitoso para nutrir a confiança pessoal em seu caráter e motivos, bem como para desenvolver um nível apropriado de confiança em sua liderança entre a congregação. Isso destrói gradualmente a barreira do “eu versus você” que, infelizmente, se mantém com frequência entre uma igreja ferida e o novo pastor. Também é útil para preparar o caminho da mudança e do crescimento bíblico.
O trecho acima foi retirado com permissão do Livro: Como edificar uma igreja saudável – Um guia prático para liderança intencional, de Mark Dever e Paul Alexander, Editora Fiel.
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[i] D. A. Carson, Um Chamado à Reforma Espiritual (São Paulo: Cultura Cristã, 2007).