domingo, 17 de novembro
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A queda da humanidade: cura (5/5)

É quando compreendemos a história da Queda (e só então), é que entendemos o porquê a mensagem do cristianismo é uma boa notícia. No evangelho, Deus consolidou a cura para a Queda, o resgate dessa terrível e contínua queda para o inferno.

Jesus é a cura da Queda. Em Mateus 4, nós vemos algo absolutamente extraordinário. O Filho de Deus se tornou homem. Assim como Adão antes da Queda, Jesus não foi gerado em pecado, mas foi concebido diretamente pelo Espírito Santo. Assim como Adão antes da Queda, Jesus é chamado a obedecer Deus diante de um terrível ataque satânico. Porém, é aí que as similaridades com Adão terminam. Enquanto Adão permanecia de estômago cheio no Paraíso, Jesus permaneceu no deserto de nosso exílio de Deus com a barriga vazia durante quarenta dias de jejum. Enquanto Adão teve o auxílio de uma esposa, Jesus estava só. Enquanto Adão tinha apenas um mandamento a obedecer, Jesus tinha a lei como um todo para obedecer e cumprir.

Começando pelo deserto e seguindo até o Calvário, Jesus fez aquilo que Adão falhou em cumprir. Ele resistiu a tentação de Satanás de exaltar-se à sua própria maneira, seja transformando pedras em pães ou descendo da cruz. Jesus decidiu obedecer a Deus livremente, ainda que isso o levasse à morte (João 10.18). “Não se faça a minha vontade, e sim a tua”, disse ele em Lucas 22.42. Diferente de Adão, ele não buscou a própria glória, mas a deixou de lado para que o Pai fosse glorificado. A ironia é rica e profunda. Diferente de Adão, Jesus era, em sua própria natureza, Deus. Ele tinha todo o direito de buscar a sua glória! Mas como Paulo diz em Filipenses 2.6, Jesus “não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (NVI). E então, enquanto servo, Jesus sofreu o julgamento de Deus. Ele não mereceu esse julgamento. Pelo contrário, ele o sofreu no lugar daqueles que mereciam.

Jesus encarou a espada flamejante de Deus, aquela que guardava o caminho de volta ao Jardim e à presença de Deus, e ele o atravessou à custa de sua própria vida. Ele o fez para que qualquer pessoa que se arrependesse de sua idolatria e se voltasse a Cristo pela fé encontrasse perdão dos seus pecados e reconciliação com Deus. Ele fez isso para que pudéssemos ser bem-vindos ao lar novamente. Paulo diz em Romanos 5: “porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos”. Tal dádiva é o oposto da maldição: perdão ao invés de condenação, vida ao invés de morte, reconciliação ao invés de exílio.

No final da visão de João, no livro de Apocalipse, nós vemos um incrível retrato da misericórdia encontrada mesmo em meio ao julgamento de Deus. Em Apocalipse 22:12 Jesus diz: “E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras”. Considerando a história da Queda, tal afirmação não soa como boas novas. Porém, ele continua. “ Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas.” (Ap 22.13-14). No dia em que Adão e Eva se rebelaram, o Filho de Deus, o Alfa e o Ômega, estava lá. De acordo com a direção da Trindade, tal determinação foi consolidada. “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente.” (Gn 3.22). E assim Adão e Eva foram banidos e a espada em chamas foi posicionada no seu lugar.

Há muito nesse verso que não entendemos, no entanto isto é claro: a decisão de Deus de restringir Adão e Eva de comer da árvore da Vida não foi somente um ato de juízo, mas também de misericórdia. Viver eternamente como um pecador não-redimido é certamente a definição do inferno. Com tal ato de expulsão, Deus preveniu o inferno para as criaturas que criou. Por todo o resto da história, Deus continuou a agir em juízo com a misericórdia em vista, pois os seus julgamentos temporais restringem que seu povo o provoque além da medida, trazendo, assim, a história à uma conclusão prematura. Definitivamente, Apocalipse nos ensina que o Filho do Homem posicionou a espada na entrada do Jardim do Éden não somente para manter Adão do lado de fora, mas para que no tempo certo ele mesmo, Jesus, pudesse passar por esse caminho no lugar de pecadores como você e eu. Tendo satisfeito e encarado a espada do juízo de Deus na cruz por nós, Jesus agora nos convida a caminhar de volta, a entrar pelo portão e comer da Árvore da Vida.

Cristão, este não é o seu lar. Portanto, pare de viver como se fosse. Viva como alguém que é um cidadão da cidade celestial, o verdadeiro Jardim de Deus. Viva como quem um dia entrará pelos próprios portões do céu. Enquanto isso, diga às pessoas que elas podem voltar para casa, mas somente se encontrarem a sua morada em Cristo.

 

Tradução: Paulo R. de A. Santos
Revisão: Vinicius Musselman


Autor: Michael Lawrence

Michael Lawrence é o pastor principal da Hinson Baptist Church em Portland, Oregon, EUA, e o autor de Biblical Theology in the Life of the Church (publicado em inglês pela editora Crossway, sem tradução em português).

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