sexta-feira, 22 de novembro
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Aniquilação ou punição eterna?

O aniquilacionismo é a visão de que os perdidos no inferno serão exterminados após terem pago a pena por seus pecados. Seu proponentes oferecem seis argumentos principais.

O primeiro argumento se baseia no simbolismo usado pela Bíblia para descrever o inferno. Dizem que o fogo consome o que é lançado nele, e assim será com o lago de fogo (Ap 19.20; 20.10, 14, 15; 21.8) — ele queimará completamente os perversos de maneira que eles não mais existirão.

O segundo argumento se baseia em textos que falam do perdido perecendo ou sendo destruído. Exemplos incluem incrédulos perecendo (Jo 3.16) e sofrendo “penalidade de eterna destruição” (2Ts 1.9).

O terceiro argumento se baseia no significado da palavra eterno. Nas passagens do inferno, diz-se, eterno significa apenas “na era vindoura” e não “perpétuo”.

O quarto argumento se baseia em uma distinção entre tempo e eternidade. Os aniquilacionistas perguntam: como é justo que Deus puna pecadores pela eternidade quando seus crimes foram cometidos no tempo?

O quinto argumento é um argumento emocional de que o próprio Deus e seus santos jamais desfrutariam do céu se soubessem que alguns seres humanos (somente os entes queridos e amigos) estariam perpetuamente no inferno.

O sexto argumento diz que um inferno eterno mancharia a vitória de Deus sobre o mal. A Escritura declara que Deus será vitorioso no final; ele será “tudo em todos” (1Co 15.28). Dizem que essa ideia parece difícil de reconciliar com seres humanos sofrendo interminavelmente no inferno.

Eu vou responder cada um desses argumentos. Primeiro, o argumento do fogo do inferno. Muitas passagens usam essa linguagem sem interpretá-la. É possível, portanto, ler várias visões nessas passagens, incluindo o aniquilacionismo. Todavia, nós não queremos impor nossas ideias à Bíblia, mas receber nossas ideias da Bíblia. E quando o fazemos, descobrimos que algumas passagens impossibilitam um entendimento aniquilacionista do fogo do inferno. Entre elas está a descrição de Jesus do inferno na parábola do homem rico e de Lázaro como um “lugar de tormento” (Lc 16.28) envolvendo estar “atormentado nesta chama” (v. 24).

Quando o último livro da Bíblia descreve as chamas do inferno, ele não fala de ser consumido, mas diz que o perdido “será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite” (Ap 14.10-11).

Segundo, o argumento das passagens que falam de destruição ou perecer. Novamente, quando a Escritura meramente usa essas palavras sem interpretá-las, muitas visões podem ser impostas a elas. Mas, mais uma vez, nós queremos ler o seu significado a partir da Escritura. E algumas passagens são impossíveis de reconciliar com o aniquilacionismo. Paulo descreve o destino dos perdidos como sofrer “penalidade de eterna destruição” (2Ts 1.8). Notável também é o destino da Besta no Apocalipse. “Destruição” é profetizada para ele em 17.8, 11. A Besta (junto com o Falso Profeta) é lançada no “lago de fogo que arde com enxofre” (19.20). A Escritura é inequívoca quando descreve o destino do diabo, da Besta e do Falso Profeta no lago de fogo: “Serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos” (20.10). Então, a “destruição” da Besta é tormento infindável no lago de fogo.

Terceiro, o argumento da palavra eterno. Nas passagens do inferno, diz-se, eterno se refere apenas à “era vindoura” e não “infindável”. É verdade que no Novo Testamento, eterno significa “perene”, e o contexto determina quanto dura esse tempo. Mas a era vindoura dura tanto quanto a vida do próprio Deus eterno. Por ser ele eterno — ele “vive pelo século dos séculos” (Ap 4.9, 10; 10.6; 15.7) — assim também é com a era vindoura. Jesus estabelece isso claramente em sua mensagem sobre as ovelhas e os cabritos: “E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna” (Mt 25.46; ênfase adicionada). A penalidade dos perdidos no inferno é coextensiva com o êxtase dos justos no céu — ambos são infindáveis.

Quarto, o argumento de que é injusto que Deus puna pecadores eternamente por pecados temporais. Impressiona-me a presunção de seres humanos em dizer a Deus o que é justo e injusto. Faríamos melhor em determinar o que ele considera justo e injusto a partir de sua Santa Palavra.

Jesus não deixa dúvidas. Ele dirá aos salvos: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). Ele dirá aos perdidos: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (v. 41). Nós já vimos João definir esse fogo como punição eterna e consciente no lago de fogo para o diabo (Ap 20.10). Alguns versículos mais tarde, lemos que seres humanos não-salvos partilham do mesmo destino (vv. 14-15). Evidentemente, Deus acha justo punir seres humanos que se rebelam contra ele e contra sua santidade com um inferno infindável. Será que cabe mesmo a nós chamar isso de injusto?

Tratarei o quinto e o sexto argumentos juntos. O quinto é o argumento emocional de que Deus e seus santos nunca desfrutariam do céu se soubessem que seus entes queridos e amigos estivessem no inferno para sempre. O sexto é o argumento de que um inferno eterno mancharia a vitória de Deus sobre o mal. É digno de atenção o fato de que os universalistas usam esses dois argumentos para insistir que Deus, no fim das contas, salvará todos os seres humanos. Deus e seu povo nunca desfrutariam do êxtase do céu se sequer uma alma permanecesse no inferno, argumentam. No final, todos serão salvos. Deus sofreria derrota se quaisquer de suas criaturas criadas à sua imagem viessem a perecer para sempre.

Eu considero esses argumentos para o aniquilacionismo e o universalismo — da emoção e da vitória de Deus — como reescrever a história bíblica, algo que não temos o direito de fazer. Digo isso porque os três capítulos finais da Bíblia apresentam o estado eterno das coisas. Os santos ressurretos serão abençoados com a eterna presença de Deus na nova terra (Ap 21.1-4) e, o que é interessante para a nossa atual discussão, cada um dos três capítulos finais da Escritura apresenta o destino dos não-salvos:

O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos. (20.10)

Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo. (vv. 14-15)

Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte. (21.8)

Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira. (22.14-15)

A história da Bíblia não termina dizendo: “E os injustos foram destruídos e não existem mais”. Também não diz: “E no fim, todas as pessoas serão reunidas pelo amor de Deus e serão salvas”. Mas, quando Deus encerra sua história, seu povo desfruta de infinito êxtase com ele na nova terra. Mas o perverso sofrerá tormento sem fim no lago de fogo e será deixado de fora da Cidade Santa, a Nova Jerusalém, que é a jubilosa morada de Deus e seu povo para sempre.

Nós não temos direito de reescrever a história bíblica. Pelo contrário, devemos deixar que Deus defina o que é justo e injusto e o que é proporcionado com seu ser “tudo em todos”. Ele não nos deixa em dúvida quanto ao inferno porque ele ama pecadores e quer que eles creiam no evangelho nesta vida.

Quão amável e misericordioso da parte dele incluir esse convite no fim de sua história: “O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida” (Ap 22.17). Todos os que confiam em Jesus em sua morte e ressurreição para resgatá-los do inferno, terão parte na Árvore da Vida e na Cidade Santa de Deus. Todos os que o fazem com todos os santos podem dizer agora e dirão para sempre:

Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus, porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos. (19.1-2)


Autor: Robert Peterson

Dr. Robert A. Peterson é professor de teologia sistemática no Seminário Teológico Covenant em St. Louis.

Parceiro: Ministério Ligonier

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Ministério do pastor R.C. Sproul que procura apresentar a verdade das Escrituras, através diversos recursos multimídia.

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