Se Deus não foi destronado, se, de fato, ele governa “todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11), e se esse surto de coronavírus, com toda a sua devastação, estiver em suas santas, justas, boas e sábias mãos, então o que ele está fazendo? Quais são os seus propósitos?
Pare de confiar no homem
A primeira coisa a dizer, antes de tentar responder a essa pergunta, é que, comparada à sabedoria de Deus, minha opinião não conta para nada. A sua também não. O que pensamos, de nossas próprias cabeças, é de pouca importância. A Bíblia diz que “quem confia no próprio entendimento é tolo” (Pv 28.26, NVT). Em vez disso, somos orientados: “Confie no SENHOR de todo o seu coração e não se apoie no seu próprio entendimento” (Pv 3.5).
Nós, humanos, somos finitos, pecadores, culturalmente condicionados e moldados (e deformados) por nossos genes e por nossa história pessoal. De nosso coração, mente e boca surgem todos os tipos de racionalizações cheias de justificativa própria em prol das nossas próprias preferências. Portanto, seria sensato prestar atenção ao profeta Isaías quando diz: “Parem de confiar no homem, cuja vida não passa de um sopro em suas narinas. Que valor ele tem?” (Is 2.22).
Não seria, portanto, presunção minha, ainda mais com uma seção intitulada “O que Deus está fazendo através do coronavírus?”, escrever um livro chamado “Coronavírus e Cristo”?
Não. Não é presunçoso. Não se Deus falou nas Escrituras cristãs. Não se Deus se inclinou a falar em palavras humanas, para que possamos verdadeiramente (embora, parcialmente) conhecê-lo e conhecer seus caminhos. Não se as palavras de Paulo forem verdadeiras: “Deus derramou [sua graça] abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e entendimento. Ele nos revelou o mistério da sua vontade” (Ef 1.8-9). Não se, como Paulo diz: “Ao lerem o que escrevi, poderão entender a minha compreensão do mistério de Cristo” (Ef 3.4, ênfase adicionada).
Deus não está em silêncio sobre o que está fazendo neste mundo. Ele nos deu as Escrituras. Portanto, meu objetivo não é inventar ideias sobre o que Deus pode estar fazendo. Meu objetivo é ouvir a palavra dele nas Escrituras e transmitir a você o que eu ouço.
Quão inescrutáveis são os seus caminhos
Outra coisa que devo dizer, antes de tentar responder à pergunta “o que Deus está fazendo?”, é que ele está sempre fazendo um bilhão de coisas que não sabemos:
São muitas, Senhor, Deus meu,
as maravilhas que tens operado e também os teus desígnios para conosco;
não há ninguém que possa se igualar a ti.
Eu quisera anunciá-los e deles falar,
mas são mais do que se pode contar (Sl 40.5).
Seus desígnios com o coronavírus não são apenas incontáveis; eles são, de muitas maneiras, inescrutáveis. “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!” (Rm 11.33, ARA). Mas quando Paulo escreveu isso, ele não estava dizendo: “Então feche sua Bíblia e crie sua própria realidade”.
Pelo contrário, essas palavras sobre os caminhos inescrutáveis de Deus foram escritas como um clímax para onze capítulos das melhores notícias do mundo, todas escritas para serem entendidas. Por exemplo, quando Paulo aborda a inevitabilidade do sofrimento, ele diz:
E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança, a perseverança produz experiência e a experiência produz esperança. Ora, a esperança não nos deixa decepcionados, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi dado. (Rm 5.3-5, ênfase acrescida)
“Sabendo”! As Escrituras foram registradas para que possamos saber as coisas que Deus revelou. Especialmente sobre o sofrimento — incluindo este surto de coronavírus. Então, “inescrutável” significa que Deus está sempre fazendo mais do que podemos ver — e mesmo o que podemos ver, não teríamos visto se ele não o tivesse revelado.
Apontando para a realidade
Então, meu trabalho aqui não é imaginar, como na famosa canção de John Lennon.[1] Ele nos diz para imaginar que não há paraíso, nem inferno, mas apenas o céu azul. E então ele diz que essa imaginação é fácil. Basta tentar. Certo. De fato, é fácil. Fácil demais. O coronavírus exige realidades difíceis, não imaginações fáceis. Deus e sua palavra são a realidade de que precisamos — a Rocha sob nossos pés. Então, meu objetivo aqui é apontar para a realidade, não criar a realidade. Meu objetivo é ouvir e declarar o que Deus disse ao invés de imaginar.
Digo isso porque é o que Jesus falou sobre “discernir esta época”. Ele ficou indignado que as pessoas pudessem usar seu raciocínio para entender os padrões climáticos, mas não a divina atividade de Deus na história:
Hipócritas! Vocês sabem interpretar a aparência da terra e do céu, mas não sabem discernir esta época? E por que não julgam também por vocês mesmos o que é justo? (Lc 12.56-57).
Portanto, minha esperança é que você peça a ajuda de Deus, olhe para a palavra de Deus e julgue por si mesmo o que está correto. Espero que você prove pelas Escrituras o que digo (1Jo 4.1), e retenha o que é bom (1Ts 5.21).
Seis caminhos a seguir
O que Deus está fazendo através do coronavírus? Muitas páginas poderiam ser escritas sobre cada uma das seis respostas que darei a essa pergunta. Mas com a urgência da presente hora, não tenho tempo para isso. Apenas apontarei os caminhos da verdade bíblica, os quais espero que você siga depois de terminar este livro. Eu gostaria que pudéssemos caminhar juntos por esses caminhos. Mas preciso deixar isso com você. Que Deus guie seus passos.
O que Deus está fazendo através do coronavírus? Baixe gratuitamente o livro “Coronavírus e Cristo” e entenda mais sobre seis atividades de Deus através desta pandemia:
- Ilustrando o horror moral
- Enviando julgamentos divinos específicos
- Despertando-nos para a segunda vinda
- Realinhando-nos ao valor infinito de Cristo
- Criando boas obras em meio ao perigo
- Desprendendo as raízes para alcançar as nações
[1] John Lennon, “Imagine,” produzido por John Lennon, Yoko Ono e Phil Spector, Abbey Road, London, 1971.
Artigo adaptado do livro Coronavírus e Cristo, de John Piper.