quinta-feira, 19 de dezembro
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O plano de Deus para um marido cristão

O ensino do Novo Testamento sobre o casamento revela que os atos de cultivar e guardar (Gn 2.15) seguem o próprio padrão do chamado de Deus para um marido cristão.

Cultivar: o ministério do marido de nutrir

O ensino de Paulo sobre o casamento enfatiza o alinhamento do ministério de um marido com o de Cristo para com a igreja. As esposas devem submeter-se aos maridos porque o marido recebe um papel limitado, porém genuinamente representativo de Cristo no casamento. Ou seja, assim como Cristo edifica seu povo, também o marido cristão deve edificar e encorajar sua esposa. Esse é o componente de “cultivar” do papel de um marido — seu chamado para manter um ministério de nutrição de amor em relação à sua esposa.

Vemos esse chamado na declaração de Paulo de que Cristo trabalhou para “santificar” a igreja, “tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5.26). Paulo, então, explica que Cristo queria apresentar a igreja para si mesmo “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.27). Isso nos mostra que a primeira preocupação de um marido com sua esposa deve ser seu bem-estar espiritual: seu relacionamento com o Senhor e a força e o poder de sua fé. Paulo não está dizendo que os maridos devem violentamente pressionar suas mulheres a conformarem-se com alguma ideia de como uma esposa cristã deveria agir. Antes, os maridos devem considerar suas esposas cristãs santas aos olhos de Deus, e devem tratá-las, nas palavras de Pedro, como herdeiras também “da mesma graça de vida” (1Pe 3.7).

Em suma, um marido é chamado para edificar a fé e a esperança de sua esposa em Cristo, por meio do ministério da Palavra de Deus na vida dela. Paulo diz que Jesus “purificou” a igreja — seu povo — “por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5.26). Isso pode parecer confuso, já que Jesus nos purificou com seu sangue expiatório. Mas, aqui, Paulo está se referindo ao modo pelo qual Jesus determinou que a mensagem de seu evangelho fosse pregada, para que, através da fé nele, as pessoas pudessem ser purificadas e perdoadas. Da mesma forma, Paulo diz que um marido cristão deve ministrar as promessas bíblicas do evangelho para o encorajamento de sua esposa.

Para nossos casamentos recuperarem o amor e a união que Deus planejou que tivessem, não é apenas uma questão de as esposas se submeterem a seus maridos no Senhor. Os maridos, de fato, têm a primeira e maior responsabilidade. E, à medida que vamos aprendendo mais sobre nossas esposas através de nossas vidas compartilhadas e de nosso interesse atento e valorizador de seus corações, devemos alimentá-las com a Palavra de Deus e com nossas próprias palavras encorajadoras e edificantes moldadas pela Escritura.

Guardar: morrer para que ela viva

Juntamente com o ministério de nutrição do marido para com sua esposa, vem sua proteção para garantir que ela esteja segura. Esse é o mandato de “guardar”, por meio do qual o marido protege e defende sua esposa. Dificilmente, Paulo poderia expressar isso em uma linguagem mais vívida do que quando compara o amor abnegado de um marido ao amor de Jesus Cristo na cruz: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25). Como já observei, a obra sacrificial de Cristo na cruz é o ato definitivo de “guardar”, assegurando as bênçãos de Deus e vencendo os inimigos do pecado e da morte.

Quando Paulo diz que o marido deve admitir o próprio sacrifício pelo bem-estar de sua esposa, isso obviamente inclui sua segurança física. Mas a principal ameaça contra a qual um homem deve proteger sua esposa é o seu próprio pecado. Certa vez, um amigo expressou seu despertamento para essa verdade com as seguintes palavras: “Eu costumava pensar que, se um homem entrasse em minha casa para atacar minha esposa, eu certamente resistiria a ele. Mas, então, percebi que o homem que entra em minha casa e ataca minha esposa todos os dias sou eu, com minha raiva, minhas palavras duras, minhas reclamações e minha indiferença. Como cristão, percebi que o homem que eu precisava matar para proteger minha esposa era eu mesmo como pecador”. Isso está perfeitamente certo.

Pedro aborda esse papel de protetor do coração ao dizer: “tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade” (1Pe 3.7). Tratar com dignidade significa “estimar” a mulher. Quando um homem estima uma mulher, ele não apenas a nutri, como também a protege, para que ela se sinta segura contra abuso verbal, zombaria e desprezo — especialmente dele mesmo —, pois esses são dardos que perfuram seu tenro coração.

Pedro também lembra aos maridos que eles não são nem a autoridade suprema sobre suas esposas, nem os únicos comprometidos com sua proteção. Uma esposa cristã é filha do Senhor. Portanto, Pedro adverte os maridos: “tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações.” (1Pe 3.7). Muitos homens me perguntam: “Esse versículo realmente diz que, se eu não amar minha esposa como Deus quer, isso afetará negativamente o relacionamento de Deus comigo?”. A resposta é óbvia: “Pode apostar que sim”. Esse é o significado claro das palavras, não é? Deus está dizendo aos maridos, que recebem os privilégios da liderança do pacto, mas também suas obrigações: “Não pense que seu relacionamento comigo não é afetado por seu relacionamento com aquela bela mulher, minha filha, que eu lhe dei em casamento. Se você negligenciar suas obrigações pactuais com ela, não entre em minha presença reivindicando minhas obrigações pactuais com você”.

Não estou, de modo algum, sugerindo que a salvação de um homem é alcançada amando sua esposa ou que um homem que negligencia sua esposa será necessariamente abandonado por Deus. Mas esse versículo indica claramente que nosso relacionamento diário com o Senhor e, portanto, nosso próprio bem-estar espiritual estão diretamente relacionados à nossa fidelidade pactual em nutrir e proteger de nossas esposas — que, afinal de contas, são as filhas queridas do Pai celestial.

Deus nos colocou no jardim do casamento “para o cultivar e o guardar”. O Senhor é generoso para conosco e é rico em misericórdia e graça para com seus filhos. Mas ele exige que cumpramos nossas obrigações ministeriais em relação às nossas esposas.

Artigo adaptado do livro Homens de Verdade, de Richard D. Phillips.


Autor: Richard D. Phillips

Richard D. Phillips servir por trinta anos no exército até que o Senhor o chamou para o ministério pastoral. Doutor em Divindade pela Greenville Presbyterian Theological Seminary, Phillips serve como ministro sênior da Second Presbyterian Church, em Greenville, Carolina do Sul, EUA, e é membro do conselho do The Gospel Coalition.

Parceiro: Ministério Ligonier

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Ministério: Editora Fiel

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A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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